Polícia

"Acertei três tiros no peito, mas o desgraçado não morreu"

Tribuna do Norte:

Brincadeiras, sorrisos e sinais. Descontração, piadas e bom-humor. Se não fosse pelas algemas que prendiam Jonatan Cleiton de Carvalho à cadeira da delegacia, ninguém desconfiaria que ele acabara de atirar e ferir gravemente um homem durante um velório na Cidade da Esperança. O “brinquedo”: uma pistola calibre 380. O jovem viciado em crack detido no final da manhã de ontem é o retrato da banalização do crime na cidade.

Sem se preocupar com as consequências do atos, sem temer represálias, sem se importar com mais nada, Jonatan sorria em cada fala. Detalhava o crime que cometera há pouco e citava o nome dos comparsas e dos inimigos. O olhar nervoso não parava abastecido pelo “barato” da droga. “Vou contar né, já tô preso mesmo” (sic).

Acordou com os primeiros flashes em sua direção. Dormia nos bancos da delegacia de plantão da zona sul quando a reportagem chegou. O primeiro sinal em direção ao fotógrafo foi de “legal”. Ao contrário do que se podia esperar, respondia a tudo de forma calma, tranquila e clara. Repetia, se necessário.

De calça jeans clara, camisa polo branca e em dois tons de verde e chinelos vermelhos, ele contou a motivação para a prática da tentativa de homicídio. “Eu devia R$ 500 a um cara por causa de dívida de crack. Por causa disso, ele já tinha tentado me matar três vezes durante esta semana e não acertou nenhum tiro. Hoje de manhã, soube que ele tinha ido no velório e chamei um amigo pra ir lá matar ele. Fui a pé mesmo. Acertei três tiros no peito, mas o desgraçado não morreu”.

Medo? “Vamos ver o que acontece, só se algum deles forem presos também pra vir aqui dentro”. Ele continua com as brincadeiras. “O cara veio atrás de mim três vezes, mermão. Não conseguiu fazer, eu fui lá e fiz” (sic) se vangloriou.

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