Judiciário

Mercadante e o “silêncio”: tráfico de influência e obstrução à Justiça

Por interino

Ex-ministro virou alvo de investigação por causa de áudio em que oferece ajuda a Delcídio, por meio de um assessor do ex-petista. Segundo o ex-senador cassado, objetivo era comprar seu silêncio. Outro inquérito apura crime eleitoral delatado por empreiteiro

Foto: Wilson Dias/ABr

Ex-líder do governo Lula no Senado, Aloizio Mercadante (PT) era ministro da Educação de Dilma até ser chamado para comandar a Casa Civil. Mas sua passagem pela pasta não deixou saudade nos petistas. Durante o período em que esteve na chefia, o ministro foi alvo de diversas reclamações, de parlamentares da base e da oposição, e até do ex-presidente Lula, que reclamava de sua falta de habilidade para o exercício do cargo. Ainda na Casa Civil, Mercadante virou alvo de inquérito no Supremo, baseado em delação do empreiteiro Ricardo Pessoa, delator da Lava Jato. Segundo Pessoa, o petista participou de reunião em que foi acertada uma contribuição em caixa dois para sua campanha ao governo paulista, em 2010. Pelo acordo, conforme o delator, R$ 250 mil foram entregues oficialmente e outros R$ 250 mil sem declaração oficial. O ex-ministro nega ter praticado caixa dois.

Para tentar amenizar os atritos com o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um dos desafetos de Mercadante, Dilma realocou o ministro para a Educação, demitindo o professor de Ética da USP Renato Janine Ribeiro. No novo cargo, o petista foi delatado por Delcídio do Amaral. Ele é investigado por tentar obstruir as apurações da Lava Jato e por tráfico de influência. As acusações contra o ex-ministro foram reforçadas em relatório enviado pela Polícia Federal ao Supremo. No documento, a PF sugere que Mercadante, Lula e Dilma sejam denunciados criminalmente por obstrução à Justiça.

O crime de tráfico de influência é imputado ao ex-ministro devido a uma gravação feita por um assessor de Delcídio. Na conversa, Mercadante oferece ajuda ao senador, segundo o assessor, para que o ex-líder do governo não fizesse acordo de delação premiada. Entre outras coisas, o então ministro sugeria que a defesa do ex-petista buscasse alternativas, dentro do próprio Senado, para relaxar a prisão. Mercadante nega as acusações. “Os diálogos não retratam qualquer tentativa de obstrução da Justiça, mas um gesto de apoio pessoal. Nas conversas, Mercadante diz expressamente que não interferiria na estratégia jurídica de Delcídio e nem na decisão por eventual delação.”

Congresso em Foco, UOL

 

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