Judiciário

AGRESSÕES, IDOSA, PMs, REPERCUSSÃO: MP oferece denúncia e pede laudo de sanidade mental da travesti Verônica em SP

4z2yw4a39y_2xgiguxpjg_fileO Ministério Público ofereceu denúncia à Justiça do caso envolvendo a travesti Verônica Bolina, presa após agredir uma idosa e outras duas pessoas em um flat no dia 10 abril, no bairro Bela Vista, região central de São Paulo. O órgão quer que sejam feitos dois laudos de avaliação de “sanidade mental e dependência química”. A denúncia foi apresentada na 1ª Vara do Tribunal do Júri e recebida pelo juiz Fernando Oliveira Camargo. Verônica terá dez dias para indicar um advogado, caso contrário será representada em juízo pela defensoria pública.

A denúncia mantém o pedido de prisão preventiva de Verônica porque ela “demonstra periculosidade concreta”, mas pede que o processo fique suspenso até que os laudos médicos sejam emitidos. Ela foi indiciada pela polícia por tentativa de homicídio contra a idosa, dano qualificado, desacato, resistência e lesão corporal, além de tentativa de homicídio pela agressão contra um carcereiro. O MP, no entanto, pediu o arquivamento do desacato e resistência e determinou ainda que seja apurada qualquer agressão por parte de policiais contra a travesti, por meio de um inquérito separado.

Em seu depoimento à polícia, Verônica contou que sentiu um cheiro ruim no apartamento em que morava e disse acreditar que a vizinha Laura, uma idosa de 73 anos, havia feito “macumba ou obra de magia negra” contra ela.

No registro do depoimento consta a seguinte afirmação: “Não sabendo justificá-lo, dirigiu-se até a casa de dona Laura e abruptamente adentrou ao recinto iniciando uma agressão sem controle, sendo que afirma que, mesmo estando descontrolada, sem nenhuma dúvida que não pretendia matá-la e sim agredi-la”. Verônica admitiu que usou a bengala da idosa para bater e que também quebrou os móveis da casa, mas que parecia estar “possuída”.

Após alguns minutos de agressão, Verônica saiu da casa de Laura e passou a brigar com outra travesti, Beatriz, que mora no mesmo andar. Depois agrediu também outra moradora de nome Lívia.

Após ser presa por policiais militares, foi levada ao 78° DP. Segundo o primeiro boletim de ocorrência, “os policiais encontraram o indiciado [Verônica] no corredor de entrada dos apartamentos, nu e bastante exaltado. Diante do cenário, o indiciado foi capturado e, quando era apresentado nesta unidade, novamente se exaltou, proferindo xingamentos contra os policiais militares e contra eles investindo violentamente, sendo necessário o emprego de força física para ser contido e imobilizado”. O documento foi assinado pelo delegado Rafael Francisco Marcondes de Moraes.

Verônica foi transferida para o 2° DP pelo GOE (Grupo de Operações Especiais), onde aguardaria o fim de semana até ser levada para um presídio. Segundo o inquérito, Verônica se masturbava na frente dos demais presos na carceragem e usou a frase “vou carimbar”, que na gíria significa passar Aids. Ela foi levada para outra cela, conhecida como seguro, e voltou a expor o pênis, o que teria irritado os presos que quiseram agredi-la. De acordo a polícia, o carcereiro entrou no local para retirar Verônica e fazer a reorganização dos detidos.

Nesse momento, Verônica mordeu e arrancou a orelha do policial. O inquérito diz que a travesti foi agredida por presos e pelo policial. Outro carcereiro atirou três vezes para o alto para dispersar a briga e entrou na cela para retirar o colega e também acabou ferido.

A jovem de 25 anos está detida no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros e está em uma ala destinada aos travestis. O caso ganhou grande repercussão depois que entidades que defendem os direitos humanos e LGBT procuraram a delegacia para saber a situação de Verônica depois que fotos dela com o rosto deformado vazaram para a imprensa.

R7

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Polêmica

CASO DE GRANDE REPERCUSSÃO: Travesti Verônica entrou em confronto com policiais em duas delegacias

14kb0twom0_3z5tgh5xic_fileA travesti Verônica Bolina apanhou de policiais civis e militares em duas delegacias, segundo o inquérito do caso ao qual o R7 teve acesso com exclusividade. A primeira ocorrência foi registrada no 78°Distrito Policial, dos Jardins, e a segunda no 2° DP, do Bom Retiro, em São Paulo.

Segundo o primeiro boletim de ocorrência, “os policiais encontraram o indiciado [Verônica] no corredor de entrada dos apartamentos, nu e bastante exaltado. Diante do cenário, o indiciado foi capturado e, quando era apresentado nesta unidade, novamente se exaltou, proferindo xingamentos contra os policiais militares e contra eles investindo violentamente, sendo necessário o emprego de força física para ser contido e imobilizado”. O documento foi assinado pelo delegado Rafael Francisco Marcondes de Moraes.

Verônica foi transferida para o 2° DP pelo GOE (Grupo de Operações Especiais), onde aguardaria o fim de semana até ser levada para um presídio. Segundo o inquérito, Verônica se masturbava na frente dos demais presos na carceragem e usou a frase “vou carimbar”, que na gíria significa passar Aids. Ela foi levada para outra cela, conhecida como seguro, e voltou a expor o pênis, o que teria irritado os presos que quiseram agredi-la. De acordo a polícia, o carcereiro entrou no local para retirar Verônica e fazer a reorganização dos detidos.

Nesse momento, Verônica mordeu e arrancou a orelha do policial. O inquérito diz que a travesti foi agredida por presos e pelo policial. Outro carcereiro atirou três vezes para o alto para dispersar a briga e entrou na cela para retirar o colega e também acabou ferido.

O delegado Luiz Roberto Hellmeister afirmou que o carcereiro precisa entrar na cela sem arma ou qualquer objeto e que ele entrou para proteger Verônica de ser agredida pelos presos.

— Em 38 anos que eu tenho de polícia, nunca vi uma coisa como essa. O carcereiro salvou duas vezes a Verônica de ser agredida e acabou sendo ele alvo. Ele estava na cela sozinho quando ela arrancou a orelha dele. Aí foi soco e chute para todo lado, uma briga de rua mesmo. O que queriam que ele fizesse? Que ficasse agachado esperando que ela arrancasse a outra? Eu não vou dizer que ele está errado. Apenas se defendeu. Tanto que eu mesmo liguei para a corregedoria logo em seguida. Ninguém torturou a Verônica aqui.

Hellmeister afirma ainda que não há uma cela exclusiva para transexuais nas delegacias, por isso não parte dele a decisão de separar Verônica dos demais presos.

— A minha delegacia é de trânsito. Os presos passam um, dois dias aqui até irem para o presídio. Ela precisou ficar na cela com os outros homens.

O inquérito diz ainda que Verônica se recusou a devolver a orelha do carcereiro e que ficou mais de uma hora com ela na boca. Ela só tirou no hospital. O carcereiro passou por uma cirurgia, mas a parte arrancada ficou contaminada e não foi possível colocá-la de novo.

Verônica foi presa depois de agredir três vizinhas no flat onde morava, na Bela Vista. Em seu depoimento, afirmou que tinha como alvo Laura, de 73 anos, e que acreditava que a idosa havia feito um ritual de magia negra contra ela por conta de um cheiro ruim que saía do apartamento.

A travesti foi indiciada por tentativa de homicídio contra Laura, dano qualificado, desacato, resistência e lesão corporal, além de tentativa de homicídio pela agressão contra o carcereiro. Verônica está no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros, na ala destinada aos travestis.

Diversas entidades que defendem os direitos humanos e LGBT procuraram a delegacia para saber a situação de Verônica. A travesti chegou a gravar um áudio em que negou ter sido torturada. A SSP (Secretaria de Segurança Pública) confirmou que a agressão contra Verônica é investigada pela corregedoria.

R7

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