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EUA: Califórnia rejeita medida exigindo uso de camisinha em filmes pornô

Um após o outro, profissionais da indústria pornô defenderam a mesma causa diante dos oficiais responsáveis pela regulamentação de práticas de segurança no trabalho da Califórnia: a exigência de camisinhas, óculos de segurança ou qualquer outro dispositivo para prevenir a contaminação por doeças sexualmente transmissíveis fará com que as pessoas parem de assistir a filmes pornô e, no futuro, esses profissionais ficarão desempregados.

— Todos nós estamos aqui pelo mesmo motivo. Queremos manter os trabalhadores da Califórnia seguros — declarou a atriz pornô SiouxsieQ a autoridades do estado em uma audiência pública na quinta-feira.

Entretanto, ela e dezenas de profissionais argumentaram que regras exigindo de forma específica o uso de camisinha e de outras medidas de segurança das quais o público não goste fará com que os filmes deixem de ser vistos, destruindo uma indústria bilionária que emprega milhares de pessoas.

A AIDS Healthcare Foundation (AHF) vem pressionando há anos a Divisão de Segurança Ocupacional e Práticas de Saúde (OSHA) para que a indústria pornô adote práticas de segurança específicas, assim como outros setores já o fazem.

Inicialmente, o comitê formado por sete integrantes estava inclinado a aprovar a medida, mas ela acabou sendo rejeitada. Seriam precisos quatro votos para que as regras fossem sancionadas, mas houve apenas três votos a favor, de um total de cinco: uma vaga no comitê não está preenchida, e houve uma ausência.

Integrantes do comitê aparentemente foram influenciados pelo alto número de representantes da indústria pornô, desde atores a diretores e roteiristas, que se opuseram à medida de forma contundente, porém cordial. Segundo eles, se as regras propostas não destruíssem a indústria, provavelmente resultariam em um mercado negro. Isso seria ainda pior para os atores, que não estariam protegidos pelas atuais medidas de segurança como, por exemplo, a exigência de exames para detectar doenças sexualmente transmissíveis a cada 14 dias.

— Eu peço que vocês não aprovem esta política, que vai colocar a mim e a meus colegas em perigo — reivindicou a atriz pornô Maxine Holloway.

Depois da votação, Mike Stabile, um porta-voz do grupo Free Speech Coalition (Coalizão para o Livre Discurso), disse que a indústria espera poder trabalhar em conjunto com as autoridades para criar novas regras de segurança, mas não especificou que regras seriam essas.

A AHF argumenta que a o uso obrigatório de camisinha já deveria ter sido implementada há anos e que, embora o método não seja capaz de prevenir a transmissão de todas as DSTs, seria muito mais eficiente do que a atual exigência de testagem a cada duas semanas.

Uma das pessoas a favor da medida rejeitada é o ex-ator Derrick Burts, que afirma ter se tornado soropositivo enquanto ainda fazia filmes pornô, apesar do exames obrigatórios.

O texto de 21 páginas votado na quinta-feira propunha o uso obrigatório de métodos de controle “como a camisinha” durante atividades sexuais para diminuir o risco de transmissão do vírus HIV e outras doenças. Produtores também se tornariam responsáveis pelo pagamento de consultas médicas, tratamentos e outros custos relacionados à saúde dos atores contratados.

O Globo

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