Saúde

MAIS ESSA: Estudo identifica nova linhagem do vírus zika em circulação no Brasil

(Foto: Agência Brasil)

Pesquisadores do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs) da Fiocruz Bahia descobriram uma nova linhagem do vírus da zika circulando no Brasil. O achado foi publicado em junho no periódico International Journal of Infectious Diseases.

A introdução da nova cepa, do tipo africano, foi identificada graças a uma ferramenta de monitoramento genético desenvolvida por pesquisadores vinculados ao Cidacs. O método consiste em analisar sequências genéticas de microrganismos disponíveis em bancos de dados públicos, permitindo aos cientistas compararem os genes do vírus avaliado com os que já foram descobertos anteriormente.

“Pegamos esses dados e analisamos, selecionamos as sequências do Brasil e mostramos a frequência desses tipos virais ano a ano”, explicou Artur Queiroz, coautor do estudo, em declaração à imprensa. “O principal achado é que vemos uma variação de subtipos e linhagens durante os anos, sendo que em 2019 há o aparecimento, mesmo que pequeno, de uma linhagem que até então não era descrita circulando no país.”

De acordo com os cientistas, há duas linhagens do vírus zika: a asiática e a africana (sendo que essa é subdividida em oriental e ocidental). No novo estudo, os pesquisadores analisaram 248 microrganismos que foram encontrados no Brasil e notaram que, até 2018, o vírus da zika era majoritariamente (mais de 90%) cambojano. Essa proporção, entretanto, mudou em 2019, quando o subtipo da zika oriundo da micronésia passou a compreender 89,2% das sequências submetidas ao banco genético.

Ainda assim, o que surpreendeu os pesquisadores foi a identificação do tipo africano do vírus zika por aqui. “A linhagem da África foi isolada em duas regiões diferentes do Brasil: no Sul, vindo do Rio Grande do Sul, e no Sudeste, no Rio de Janeiro”, escreveram os autores do estudo.

Para os pesquisadores, a descoberta serve como alerta para a vigilância da doença. Segundo Larissa Catharina Costa, uma das autora da pesquisa, estudos genéticos devem continuar sendo realizados a fim de evitar um novo surto da doença com o novo genótipo circulante.

Galileu

 

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Saúde

Ômega-3 reduz morte de neurônios pelo vírus Zika, diz pesquisa

Foto: Robson Moura/TV Brasil

Testes clínicos realizados no Laboratório de Imunologia e Inflamação (Limi) da Universidade de Brasília (UnB) indicam que o ômega-3 – um ácido graxo normalmente encontrado em peixes que reduz o colesterol ruim no organismo – combate a inflamação dos neurônios causada pelo vírus Zika. A substância também auxilia na redução da carga viral nas células do sistema nervoso humano.

O vírus Zika acarreta em complicações neurológicas, como encefalites, Síndrome de Guillain Barré e microcefalia. Com a infecção do vírus Zika, as mitocôndrias das células nervosas, que capturam energia e funcionam como uma espécie de “pulmão celular”, são atacadas e sofrem estresse oxidante. O desfecho é a morte dos neurônios.

“Quando o Zika infecta um neurônio, ele faz com que esse neurônio produza série de moléculas inflamatórias, citotóxicas e radicais livres que vão causar dano ao DNA”, descreve a coordenadora do Limi/UnB e professora do Depastamento de Biologia Celular Kelly Magalhães.

“O pré-tratamento do ômega-3 faz com que a célula produza outras moléculas que têm atividade antagônica ao que o Zika faz”, detalha professora que orientou a pesquisadora Heloísa Braz-de-Melo, estudante de mestrado, responsável pelo estudo recentemente publicado em revista científica internacional. Com o ômega 3, os neurônios produzem moléculas neuro protetoras e anti-inflamatórias.

A investigação sobre os efeitos do ômega-3 sobre na prevenção e tratamento aos efeitos do vírus Zika foi feita a partir de amostra do vírus isolado de um paciente infectado em Pernambuco no ano de 2015, quando houve surto da doença em alguns estados brasileiros. Pesquisadores da Universidade de Brasília também realizaram testes com camundongos, os resultados deverão ser divulgados ainda neste semestre. O Limi/UnB participa de rede internacional com laboratórios do Canadá, Escócia e Estados Unidos para pesquisar o vírus Zika.

Infertilidade masculina

Além de identificar novos benefícios do ômega-3 contra o Zika, o laboratório também identificou que o vírus pode acarretar infertilidade masculina. “A gente está demonstrando que a infecção do zika vírus também causa a infertilidade masculina. Quando o camundongo é infectado, o vírus se aloja no testículo, causa morte de espermatozoides ou anormalidades morfológicas de movimento”, assinala Kelly Magalhães.

O Zika Vírus é transmitido por picada do mosquito Aedes Aegypti, relação sexual, e da mãe para o feto durante a gravidez. Os sintomas mais comuns são vermelhidão no corpo e coceira depois de alguns dias. Pode ocorrer febre baixa, nem sempre percebida, conjuntivite sem secreção, dor de cabeça, dor muscular e até dor nas juntas.

As medidas de controle são semelhantes às da dengue e chikungunya. Conforme o Ministério da Saúde, “a melhor forma de prevenção, e a mais eficaz, é evitar a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, eliminando água armazenada que pode se tornar um possível criadouro, como em vasos de plantas, lagões de água, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e manutenção, e até mesmo em recipientes pequenos, como tampas de garrafas e pratos de plantas”.

O ômega-3 é encontrado no óleo de peixes de águas frias e profundas (salmão, atum, bacalhau, cação) e óleos vegetais e linhaça. O nutriente é vendido em cápsulas por farmácias e lojas de suplementos alimentares. A compra não exige prescrição médica, a orientação especializada, no entanto, é recomendada pelos pesquisadores. O preço do produto varia conforme a concentração da substância.

Agência Brasil

 

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Diversos

NATAL ENTRE CIDADES ESTUDADAS: FioCruz confirma novos casos do vírus Zika; entenda doença

arteTransmitido pelos mesmos mosquitos da dengue e da chicungunha, um novo vírus, conhecido como zika, começou a circular pelo Brasil. Os primeiros casos foram confirmados este mês na Bahia, e agora cientistas comprovaram a presença do vírus também no Rio Grande do Norte. Há ainda relatos, não confirmados, de pacientes nos estados nordestinos de Maranhão, Pernambuco, Sergipe e Paraíba, além suspeitas no Rio de Janeiro. Os sintomas das três doenças são parecidos, mas a preocupação de pesquisadores é, especialmente, com uma eventual ocorrência de surtos simultâneos, o que poderia provocar complicações mais sérias.

As amostras de 21 pacientes de Natal foram analisadas por cientistas da Fiocruz, em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande Norte. Eles aplicaram testes moleculares desenvolvidos por países com maior incidência da doença e comprovaram que o material genético de oito delas era do novo vírus. Nos demais, garantem não se tratar de dengue nem chicungunha.

— Possivelmente são também zika vírus, mas não conseguimos comprovação porque o vírus circula no sangue do indivíduo por dois ou três dias, e os testes não tão são sensíveis para detectá-lo depois desse período — explica a virologista Cláudia Nunes Duarte dos Santos, coordenadora da pesquisa e chefe do Laboratório de Virologia Molecular do Instituto Carlos Chagas/Fiocruz Paraná. — Esses dados mostram que, de fato, a doença está se dispersando no país.

Além dos sintomas parecidos com os da dengue e da chicungunha — dores nas articulações, no corpo e de cabeça, febre, náuseas, diarreia e mal-estar — o zika vírus ainda pode causar fotofobia, conjuntivite e erupções cutâneas por todo o corpo, incluindo as palmas das mãos e as plantas dos pés, acompanhadas de muita coceira. Após a picada do mosquito, os sinais aparecem entre três a 12 dias e duram de quatro dias a uma semana. Especialistas afirmam, entretanto, que são sinais mais brandos que os das outras duas doenças e que não há mortes registradas. A preocupação, na verdade, é a da co-infecção.

— Ela parece menos grave, mas é possível adquirir os três vírus ao mesmo tempo, e não sabemos o curso clínico dessa co-infecção com o zika vírus, para o qual não temos imunidade — pondera Cláudia. — Há necessidade de uma investigação profunda para esclarecer isso e adequar os tratamentos.

No Rio de Janeiro, sintomas de alguns pacientes vêm confundido pesquisadores da Fiocruz, que, após testar uma série de doenças, decidiram enviar amostras desses indivíduos para avaliação no Paraná. A unidade já vinha trabalhando com outros vírus, e foi a responsável pelo isolamento do chicungunha em Feira de Santana, na Bahia, município que vive surto da doença.

— No Brasil, desde o ano passado, um número crescente de pacientes vem apresentando os sintomas da doença. Temos relatos até na Região Norte — acrescenta Cláudia.

Existem dois tipos de cepas do zika vírus: uma asiática e outra africana. A pequisa realizou o sequenciamento genético do material encontrado em Natal, e os dados “indicam fortemente” que se trata da cepa asiática, diz Cláudia. O próximo passo da pesquisa será identificar como e quando ela foi introduzida no Brasil. A hipótese mais provável é que o vírus tenha chegado no país por meio de visitantes estrangeiros durante a Copa do Mundo.

MINISTÉRIO FAZ NOVOS TESTES

No caso da Bahia, 12 amostras do zika vírus foram confirmadas no dia 29 de abril em pacientes do município de Camaçari. Segundo a Universidade Federal da Bahia (UFBA), responsável pela descoberta, a doença também tem acometido indivíduos de Salvador, Feira de Santana e outros municípios baianos.

Tanto os resultados da Bahia quanto os do Rio Grande do Norte foram encaminhados para o Ministério da Saúde, que afirma que as amostras serão analisadas ainda pelo Instituto Evandro Chagas de Belém e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC). Segundo o ministério, a confirmação ocorrerá somente após o laudo do laboratório de referência.

Os mosquitos transmissores da doença são os já conhecidos Aedes aegypti e Aedes albopictus, presentes em países do continente americano que sofrem surtos de dengue e chicungunha. Por isso, embora ainda não existam casos recentes confirmados no continente — apenas um foi registrado, em fevereiro de 2014, na Ilha de Páscoa, no Chile —, há a possibilidade de a doença estar se disseminando silenciosamente, segundo Cláudia:

— É bem provável que o zika vírus esteja passando desapercebido.

Por conta disto, a Organização de Saúde Pan-Americana (Opas), ligada à Organização Mundial de Saúde (OMS), alertou sobre o risco de ocorrência de surtos. “A ampla distribuição do vetor nas Américas, combinada à alta mobilidade de pessoas na região e no mundo, representa um risco de disseminação do zika vírus no continente americano”, diz o comunicado publicado dia 7 de maio.

O órgão recomenda que a vigilância do patógeno deve ser organizada com base no mesmo sistema já existente para a dengue e o chicungunha, tendo em conta as diferenças clínicas. “O controle do mosquito é a única medida que pode interromper a transmissão de vírus por vetores”, acrescenta.

Nova no continente americano, a doença foi descrita pela primeira vez em 1947, num macaco rhesus, durante um estudo de transmissão da febre amarela, na Floresta de Zika, em Uganda. Cerca de 20 anos depois, foi comprovado em humanos na Nigéria. E, a partir daí, espalhou-se por regiões da África — em países como Tanzânia, Egito, Serra Leoa e Gabão — e Ásia — Índia, Malásia, Filipinas, Tailândia, Vietnã e Indonésia —, alcançando em seguida a Oceania. Em 2007, ocorreu um surto na Ilha Yap, na Micronésia, onde 185 casos foram registrados.

MEDICAMENTOS A SEREM EVITADOS

Em 2013, um surto atingiu a Polinésia Francesa. Na ocasião, não houve mortes. Porém, dos dez mil casos registrados, 70 foram considerados graves, apresentando complicações neurológicas — síndrome de Guillain Barré e meningoencefalite — e — púrpura trombocitopênica e leucopenia. Estudos estão sendo realizados para investigar se ocorreram devido à co-infecção com outros vírus, já que havia uma epidemia simultânea de dengue.

Não existe vacina para nenhuma dessas doenças. O tratamento, portanto, é apenas sintomático. Recomenda-se o uso de paracetamol para aliviar a febre, além de anti-histamínicos contra a coceira. Assim como na dengue, o uso de aspirina (ácido acetilsalicílico) e drogas anti-inflamatórias é desaconselhado, devido ao risco de sangramentos. Os pacientes também devem beber bastante líquido.

O Globo

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