Deu no Jornal de Hoje. Natal vive um momento de baixa ocupação nos hotéis, sinal de pouco divulgação e enfraquecimento do turismo local. Ambientes mal zelados e uma falta de política de investimento no turismo fazem a cidade perder espaço em comparação a outros destinos. A economia não escapa dessa maré baixa de turistas
Confira a reportagem na íntegra:
Os itens serviços, hospedagem e alimentação, que em 2010 foram responsáveis por 9% da geração de emprego no setor hoteleiro de Natal, respondem este ano por apenas 2%. Essa queda de 7% é um reflexo de outra baixa, a da ocupação média da hotelaria, que no ano passado registrou uma média de 70,33% e este ano, até o dia 1º de setembro, era de 63,58%. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira no RN, que iniciaram pesquisas a partir do segundo semestre de 2010, um ano considerado excelente para a hotelaria.
Em relação ao ano passado, a ocupação média da hotelaria de Natal, que está entre as melhores do País, já acumula uma queda de 11%. “Se compararmos a nossa posição atual em relação aos demais estados nordestinos, como Bahia, Pernambuco e Ceará, vamos constatar que enquanto os demais estados avançam, o RN recua, anda para trás, retrocede”, critica o vice-presidente da ABIH local, George Gosson. Segundo ele, se o Estado conseguisse reduzir em apenas 10% a ociosidade atual da hotelaria, que é de 40%, isso representaria uma injeção de R$ 130 milhões na economia potiguar.
George Gosson considera os números da realidade econômica do RN extremamente graves, mas não gostaria que as vissem como uma mera crítica ao governo num ano eleitoral. “Os números que amargamos hoje é a constatação da falta de foco com que historicamente tratamos nossas prioridades econômicas no Rio Grande do Norte e esta é uma miopia que não vem de hoje”, acrescenta.
Para ele, cada setor econômico tem a sua importância, mas a vocação que poderia tornar o Estado mais forte e pujante está no turismo. “É ele que impulsiona o varejo e os serviços, pois a hotelaria só fica com 15% do que a captação turística oferece, o resto irrigará toda uma cadeia produtiva que hoje encolhe ao invés de se expandir”, afirma.
O vice-presidente local da ABIH estranhou o recente alarde feito em torno de uma prospecção feita pelo Grupo MGM para instalação de hotéis na cidade, como se a maior prioridade fosse a instalação de novos hotéis, quando o que falta é uma política de fortalecimento dos equipamentos turísticos, aliado a uma promoção forte do destino. Ele citou o investimento que o Ceará fez sem seu Centro de Convenções e nos cenários locais.
“Dizem que o Ceará é um estado muito maior que o nosso e que não cabe esse tipo de comparação, mas do ponto de vista do turismo trata-se de um concorrente”, lembrou Gosson. “Para o turista, não existe destino maior ou menor, existe mais interessante e menos interessante”.
Ele ironizou a divulgação oficial de que se dá a instalações de eólicas no estado, que ele ressalva como importantes, mas que depois de concluídas deixarão como legado pouquíssimos empregos diretos. “Acho que todo o investimento é importante e todo o setor tem sua contribuição, mas o que não dá para entender é porque nossa grande vocação para o turismo continua sendo relegada”, acentuou.
Gosson citou ainda as últimas pesquisas que dão conta da diminuição dos postos de trabalho no RN, que registrou 32,27% abaixo do alcançado em agosto de 2010. Uma queda de 70%, sobre o mesmo período do ano anterior com o fechamento da fábrica da Coteminas.
“Vamos sediar uma Copa do Mundo, estamos construindo um grande estádio, temos a hotelaria mais forte do Nordeste e das mais vigorosas do país, mas parece que nada disso influenciou as nossas prioridades quando o assunto é desenvolvimento econômico”, desabafou Gosson.
É o reflexo da cidade suja, esburacada, mal cuidada, com serviços caros e deficientes e sem estrutura de lazer.