Enterro de vítima da Covid-19 no cemitério São João Baptista, no Caju, Zona Portuária do Rio, na última quinta-feira (3) Foto: Hermes de Paula / Agencia O Glob / Agência O Globo
A taxa média de transmissão (Rt) da Covid-19 no Brasil foi de 1,14 na última semana, segundo cálculo do Imperial College de Londres. O levantamento da universidade britânica foi divulgado nesta terça-feira (8) e inclui números compilados até ontem. O índice brasileiro cresceu 0,12 em relação à semana passada, quando havia oscilado para baixo, e projeta um aumento expressivo de mortes nos próximos sete dias.
Embora ainda esteja mais baixo do que os números observados há duas semanas, o Rt acima de 1,0 indica que a doença avança sem controle no país. O atual índice, também chamado de R0, indica que cada 100 pessoas contaminadas contagiam outras 112. A taxa de contágio é uma das principais referências para acompanhar a evolução epidêmica do Sars-CoV-2 no Brasil. Quando fica abaixo de 1, o índice indica tendência de estabilização.
O Imperial College projeta que o Brasil registrará 4.620 mortes pelo novo coronavírus nesta semana, um aumento de 630 óbitos em relação à última semana. Na margem do Rt estimada, as perdas para a Covid-19 podem chegar a 4.970 no pior cenário.
O número supera por larga margem países europeus que enfrentam uma segunda onda, como a França (2.360), o Reino Unido (3.130 vítimas fatais na próxima semana) e fica atrás da Itália (5.380). A taxa de transmissão brasileira também é maior do que a a italiana (1,03), britânica (0,98) e francesa (0,79).
Especialistas costumam ponderar que é preciso acompanhar o Rt por um período prolongado de tempo para avaliar cenários, levando em conta o atraso nas notificações e o período de incubação do coronavírus, que chega a 14 dias. Além disso, por ser uma média nacional, a taxa de contágio não significa que a doença está avançando ou retrocedendo em todas as cidades e estados do país.
De toda maneira, o Brasil vê os casos de Covid-19 e as mortes pela doença crescerem há aproximadamente um mês. Na última segunda-feira, após 58 dias, a média móvel de óbitos pelo novo coronavírus no país voltou a ficar acima de 600, segundo o consórcio de veículos de imprensa formado por O GLOBO, Extra, G1, Estado de S. Paulo, UOL e Folha de S. Paulo.
Dentro da margem da universidade britânica, o Rt brasileiro pode variar de 1,09 até 1,24. O Brasil aparece à frente de outros países sul-americanos que também enfrentam momentos delicados com a Covid-19, como a Argentina (0,89) e Colômbia (1,01).
Os maiores índices levantados pelo Imperial College são da Eslovênia (1,39), Letônia (1,38), Coreia do Sul (1,38), Japão (1,37) e Finlândia (1,35). Estes países, no entanto, registram índices muito baixos de mortes, indicando que a capacidade de resposta ao crescimento dos casos tem sido positiva.
O Globo
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