Reprodução: Globo – Via Fantástico
Investigações dos Ministérios Públicos do Rio Grande do Sul e Goiás revelaram um esquema de luxo, mordomias e privilégios que já virou rotina em duas grandes penitenciárias de cada Estado. Trechos de gravações telefônicas, autorizadas pela Justiça e feitas na Penitenciária de Aparecida, de Goiânia, e no Presídio Central, de Porto Alegre, deixam claro que o preso com dinheiro consegue quase qualquer coisa dentro das cadeias. A reportagem foi exibida pelo Fantástico, da TV Globo.
Segundo o MP-RS, no Presídio Central da capital gaúcha, os chefes de facções criminosas têm livre acesso a celulares e à internet dentro da cadeia, e não organizam apenas churrascos, mas também acompanham, em tempo real, a situação do tráfico de drogas e roubos realizados fora do presídio. Comandam ainda a extorsão de parentes de outros presidiários, geralmente pessoas presas pela primeira vez, para a arrecadação de dinheiro e manutenção da estrutura.
Na região metropolitana de Goiânia, na Penitenciária de Aparecida, a situação é parecida. A investigação do MP-GO chegou a registrar uma encomenda de mais de 1 mil espetinhos para a realização de uma festa no interior do presídio. Os líderes dos presos contam com privilégios e mordomia, e continuam comandando o crime fora da prisão.
Foram encontradas nas penitenciárias investigadas ventiladores, aparelhos de som, geladeiras duplex, TV de tela plana, liquidificador, cama de casal e vários outros itens de luxo que caracterizam a rotina de alguns presos.
A assessoria de imprensa da Administração Penitenciária e Justiça de Goiás informou que um novo presídio será construído para substituir a Penitenciária de Aparecida de Goiânia até 2016. Sobre o Presídio Central, no Rio Grande do Sul, o secretário de Segurança Pública, Aírton Michels, reconheceu as mordomias, e disse que, apesar de proibido, “a consequência de eliminar alguns privilégios, de algumas facções, pode ser uma tragédia”. Michels afirmou que o Estado deve desativar o presídio até o fim do ano, com a ampliação do número de vagas no entorno da capital gaúcha.
A fiscalização dos presídios brasileiros é também responsabilidade de um departamento do Conselho Nacional de Justiça. Segundo o presidente do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Penitenciário, Douglas Martins, a lei não proíbe objetos, como televisores e geladeiras nas celas, mas ele avalia que as regalias para chefes de facções fortalecem o crime.
Terra
Se está ruim assim, imagina se o MP não pudesse investigar…