Saúde

Vacina contra a Covid-19 aquece o mercado de clínicas particulares no Brasil

Foto: Amit Dave/Reuters/Arquivo

A possível chegada de vacinas contra a Covid-19 à rede particular aqueceu o mercado de clínicas privadas no Brasil. É que o dizem especialistas e consultores da área ouvidos pelo G1.

Ainda que a campanha de vacinação esteja restrita à rede pública, eles relatam que:

a rede privada passou a negociar a compra de vacinas;

clínicas já estabelecidas buscam agregar serviço de imunização, e há quem esteja começando o negócio do zero;

para os novatos, compra de vacinas é um desafio (quase 100% dos imunizantes disponíveis na rede privada são importados);

e a venda de refrigeradores subiu (com registro de até 30% entre 2019 e 2020).

Trata-se de um mercado que demanda alto investimento inicial, importação de vacinas e conhecimento de normas e regulamentações. Por exemplo: toda dose de vacina aplicada na rede particular deve ser reportada ao Ministério da Saúde, assim como eventuais efeitos adversos.

O presidente da Associação Brasileira de Clínica de Vacinas (ABCVac), Geraldo Barbosa, disse que a possibilidade real da chegada da vacina contra a Covid- 19 desencadeou nos últimos meses um aumento “significativo e expressivo” da procura de profissionais de saúde por informações sobre como abrir a própria clínica.

Fenômeno semelhante ocorreu em 2016, depois de um surto da gripe H1N1, quando filas enormes se formaram em clínicas particulares de vacinação.

Segundo Barbosa, de 2016 para 2017, o número de clínicas cresceu 60% no país. Mas, entre os estabelecimentos que abriram no período, apenas metade conseguiu manter as operações. “Houve uma expectativa de que era um serviço fácil de executar – e não é”, afirma ele.

No início de janeiro de 2021, a ABCVac informou que estava negociando a compra de 5 milhões de doses da vacina Covaxin, do laboratório indiano Bharat Biotech. A iniciativa despertou o interesse de clínicas particulares brasileiras.

No dia 12 de janeiro, a Bharat disse que assinou um acordo de fornecimento para a companhia brasileira Precisa Medicamentos. Nesta segunda-feira (1º), a Precisa anunciou que vai pedir autorização à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para começar os testes clínicos da fase 3 da Covaxin no Brasil. Caberá a um hospital coordenar os estudos com os voluntários.

A possibilidade da chegada da vacina na rede privada – enquanto a vacinação na rede pública ainda é incipiente – gerou críticas de especialistas.

“As vacinas são bens públicos nesse momento”, disse no início de janeiro à GloboNews Mariângela Simão, diretora-adjunta para acesso a medicamentos da Organização Mundial de Saúde (OMS). “Não deveria ter discriminação no acesso à vacina para quem paga e não paga.”

Toda a produção do Instituto Butantan e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é destinada à rede pública.

Há duas iniciativas da rede privada para a tentativa de compras de vacina:

a da ABCVac com a indiana Bharat Biotech;

e outra frente formada por empresas brasileiras que buscam doses do imunizante de Oxford/AstraZeneca.

Novo negócio

Dono de uma empresa de tricô em Imbituva, no interior do Paraná, Leandro de Andrade, de 42 anos, viu a renda minguar em 2020. Com a chegada da Covid-19, ele e a esposa, que é dentista, resolveram abrir uma clínica particular de vacinação.

“É duro a gente falar isso, mas infelizmente foi por causa da pandemia”, disse Leandro.

Os dois começaram a concretizar o plano em setembro de 2020, e a previsão é inaugurar em março de 2021. Eles buscam ocupar um espaço ainda pouco explorado no pequeno município em que moram. “Será a primeira clínica na cidade. É nisso que a gente está apostando também”, afirma ele.

Hoje, no Brasil, em teoria, qualquer pessoa pode abrir uma clínica de vacinação, desde que o espaço tenha um responsável técnico (médico, enfermeiro, farmacêutico ou biomédico, filiado ao conselho da sua categoria).

No caso do estabelecimento de Leandro, uma enfermeira foi contratada para desempenhar a função.

Aumento de demanda

O consultor Marcos Tendler, que atua há 20 anos na área de abertura de clínicas de vacinação, viu aumentar a demanda por seus serviços nos últimos meses, principalmente na virada do ano.

Ao longo de dezembro de 2020, 28 pessoas solicitaram à empresa dele informações sobre o tema. Considerados só os primeiros 15 dias de janeiro, foram 74 interessados.

O consultor disse que uma clínica padrão, de 30 m², é um “pequeno bom negócio” para um profissional de saúde: “Em vez de fazer dois ou três plantões para complementar a renda, ele tem uma clínica”.

Segundo os especialistas, a maioria das pessoas que abrem uma clínica de vacinação é formada por profissionais de saúde que já têm alguma estrutura – um consultório, por exemplo – e querem passar a prestar o serviço de imunização.

É o caso da imunologista Nathalia Simis, de 36 anos, que pretende abrir uma clínica de vacinação em Sorocaba, no interior de São Paulo, em fevereiro. O sogro dela tem laboratórios e consultórios, e a família irá aproveitar a infraestrutura, já pronta, para também aplicar vacinas. Simis e o marido, também médico, irão continuar atendendo seus pacientes, e o empreendimento trará uma renda complementar.

Para quem quiser sair do zero, o investimento é alto. “Vai precisar de uns R$ 200 mil para começar, até ter um faturamento positivo, o que deve acontecer na virada do primeiro para o segundo ano [após a abertura do negócio]”, disse Tendler.

A enfermeira e consultora Meire Branco, do Mato Grosso, também recebe ligações de todo o país em busca de orientações para a abertura de clínicas particulares. Ela diz já ter rejeitado clientes ao perceber eles tinham uma visão oportunista.

“Eu já dispensei muitos treinamentos, muitas aberturas de clínica, porque a pessoa liga para mim e fala: ‘Ai, eu quero um treinamento, porque quero abrir uma clínica e bombar com essa vacina da Covid’.”

Para a médica Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), é importante ressaltar que “vacinar não é aplicar uma injeção”.

O profissional de saúde que irá trabalhar com imunização tem de atender a uma série de exigências e padrões técnicos da Anvisa, além de reportar cada dose aplicada e possíveis eventos adversos ao Ministério da Saúde.

Aumento de venda de refrigeradores

As empresas que vendem refrigeradores específicos para o armazenamento de vacinas já sentem o aquecimento do mercado. A Indrel Scientific, uma das líderes do segmento, informou que em 2020 as vendas foram 30% maiores que em 2019.

“Sentimos um aumento grande na procura do meio de 2020 até o momento. As clínicas estão se preparando para uma possível abertura da vacina do Covid na rede particular”, disse ao G1 o CEO da empresa, João Rapcham.

Ele afirma que também já recebeu demanda de países da América Latina, como Paraguai, Bolívia, Peru e República Dominicana.

A Biotecno, também líder de mercado, disse que em 2020 o aumento de faturamento foi de 35%.

Comparando a primeira quinzena de janeiro de 2020 ao mesmo período neste ano, o aumento chega a 800%. “Isso é algo nunca experimentado antes por nós, algo novo, e [é] uma demanda que estamos preocupados em atender”, disse Lídia Linck Lagemann, sócia-diretora da Biotecno.

As duas empresas vendem tanto para a rede privada como para governos e não revelam os números absolutos das vendas.

Vacinas da rede particular são importadas

Para além das normas obrigatórias do setor, o profissional que abrir uma clínica terá de entrar na disputa pela compra de vacinas.

Hoje, na rede particular do Brasil, quase todas as vacinas são importadas, a maior parte vinda dos Estados Unidos e da Europa, segundo a ABCVac. A única produzida no Brasil que vai para a rede privada é a BCG, fabricada na Fundação Ataulpho de Paiva.

Ou seja: o país disputa a compra de vacinas com outros mercados do mundo. “Quem tem vacina é quem tem contrato de longo prazo com o fornecedor, os novos estão sofrendo muito”, disse Geraldo Barbosa, presidente da Associação Brasileira de Clínica de Vacinas (ABCVAC).

Segundo Barbosa, hoje várias vacinas estão em falta na rede particular, como febre amarela, BCG e algumas de meningite.

“O cara vai cair de paraquedas no mercado, não vai conseguir comprar vacina de Covid e vai se frustrar”, alerta o consultor Marcos Tendler.

Pela dificuldade em se conseguir vacinas, o presidente da ABCVac afirma que há anos o mercado atua em 70% da sua capacidade de operação. A quantidade de imunizantes que chega ao Brasil já vem dentro do consumo médio estabelecido.

Por isso, quando há algum tipo de crise, muitas vezes não é possível atender a demanda e se formam as longas filas, como quando foi disseminada a informação de que o neto do ex-presidente Lula, de 7 anos, teria morrido de meningite.

“Você não tem noção do que viraram as clínicas de vacinação. Em um mês consumiram 90% do estoque das vacinas de meningite”, contou Marcos Tendler.

“Então, não basta você abrir uma clínica, você tem que ter certeza que terá acesso ao imunizante”, afirma Barbosa.

Compra de vacinas pelo setor privado

A vacina indiana Covaxin recebeu autorização emergencial da agência reguladora de medicamentos da Índia no início de janeiro. No entanto, ainda não foram divulgados os resultados da fase 3 de testes, o que deve ser feito até o final deste mês.

A expectativa é que a Bharat faça a solicitação de registro na Anvisa em fevereiro. “A gente não está com essa pressa de fazer com que a Anvisa corra. A gente quer que o processo seja feito dentro dos trâmites normais para garantir a vacina”, disse o presidente da ABCVac.

Já a iniciativa de grandes empresas brasileiras que tentam adquirir 33 milhões de doses da vacina de Oxford ainda não tem data prevista. O presidente Jair Bolsonaro falou que aprova a compra pela rede privada.

No entanto, em nota, a AstraZeneca informou que, por ora, não tem condições de vender doses para o setor privado.

“No momento, todas as doses da vacina estão disponíveis por meio de acordos firmados com governos e organizações multilaterais ao redor do mundo, incluindo o Covax Facility [consórcio coordenado pela Organização Mundial da Saúde (OMS)], não sendo possível disponibilizar vacinas para o mercado privado”, disse a farmacêutica.

G1

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Saúde

Defesa de Bolsonaro pede mudança de horário da fisioterapia na prisão

Foto: Reprodução

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, para alterar os horários das sessões de fisioterapia que ele realiza durante os banhos de sol na superintendência da Polícia Federal, em Brasília.

Em decisão de quinta-feira (18), Moraes havia autorizado que as fisioterapias ocorressem junto ao banho de sol. A defesa agora solicita que as sessões sejam feitas após as 18h, para se adequar à agenda do fisioterapeuta Kleber Antônio Caiado de Freitas, que atua em clínica própria e precisa se deslocar até a PF.

Segundo a defesa, o pedido é “meramente organizacional”, feito de boa-fé, e visa conciliar a decisão judicial com a rotina profissional do fisioterapeuta, garantindo que o tratamento de Bolsonaro continue sem comprometer seus atendimentos na clínica.

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Política

Funcarte inicia pagamento de cachês e emendas de 2024 com prioridade para artistas locais

Foto: Secom/PMN

A Fundação Capitania das Artes (Funcarte) começa, na próxima semana, um plano de pagamento para quitar cachês artísticos e emendas referentes a 2024. A medida segue orientação da Prefeitura do Natal, que determinou levantamento detalhado das pendências para organizar um cronograma responsável e transparente.

O plano prioriza artistas locais, além de pequenos e médios fornecedores, reconhecendo a importância desses profissionais para a economia criativa da cidade. O estudo técnico considerou o volume de demandas e a necessidade de manter equilíbrio financeiro sem comprometer as atividades culturais em andamento.

A secretária municipal de Cultura e presidente da Funcarte, Iracy Azevedo, afirmou que a iniciativa é resultado de trabalho criterioso e diálogo com o setor. “Organizamos um cronograma que começa já na próxima semana, com o objetivo de fortalecer a cultura local”, disse.

Com a medida, a Prefeitura avança na organização financeira da política cultural, garantindo previsibilidade, respeito aos profissionais e a continuidade das ações que valorizam a produção artística da cidade.

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Política

Paulinho Freire assina criação da comissão do concurso da Guarda Municipal de Natal

Foto: Rennê Carvalho/Secom

O prefeito de Natal, Paulinho Freire, assinou nesta sexta-feira (19) o termo de criação da Comissão Especial Organizadora do Concurso Público da Guarda Municipal. A assinatura ocorreu no Palácio Felipe Camarão e marca um passo importante para a realização do certame, aguardado há cerca de 20 anos pelos natalenses.

A comissão, coordenada pelas secretarias de Administração (Semad) e de Segurança Pública e Defesa Social (Semdes), será responsável por adotar todas as providências para a realização do concurso, incluindo a condução dos procedimentos para divulgação do edital e definição da banca examinadora contratada.

Paulinho destacou a prioridade da gestão em fortalecer a segurança e valorizar a Guarda Municipal. “Estamos dando um passo decisivo para a realização do concurso. Vamos trabalhar para que aconteça o mais rápido possível e traga benefícios concretos para a cidade”, afirmou o prefeito.

A secretária da Semdes, Samara Trigueiro, e o comandante da Guarda Municipal, Francisco Carlos Fonseca, ressaltaram o caráter histórico da medida e o impacto da renovação do efetivo na segurança pública de Natal. A comissão será composta por nove servidores e a portaria entra em vigor após publicação no Diário Oficial do Município.

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Economia

Nordeste pode virar motor do Brasil com população jovem e energia limpa, aponta Banco Mundial

Foto: Reprodução/TV Globo

Com 80% dos seus 54 milhões de habitantes em idade ativa, o Nordeste tem potencial para impulsionar o progresso do país, aponta o relatório do Banco Mundial Rotas para o Nordeste: Produtividade, Empregos e Inclusão, divulgado no início do mês.

Segundo o estudo, a região pode gerar mais empregos de qualidade e reduzir desigualdades se investir em setores em crescimento, como manufatura e serviços, além de apostar em infraestrutura via parcerias público-privadas.

O relatório destaca avanços na educação: a parcela de trabalhadores com diploma universitário subiu de 9,1% em 2012 para 17% em 2023. Mesmo assim, o Nordeste enfrenta desafios para transformar escolaridade em renda e oportunidades. Entre 2012 e 2022, a taxa de desemprego ficou em 12% e a informalidade em 52%, índices acima da média nacional.

Outro ponto forte da região é a energia limpa: o Nordeste produz 91% da energia eólica e 42% da energia solar do país, o que, segundo o Banco Mundial, pode acelerar um crescimento industrial sustentável e abrir espaço para setores emergentes, como o hidrogênio verde.

O estudo recomenda também políticas para incluir mulheres e grupos marginalizados, já que apenas 41% das mulheres participam da força de trabalho nordestina.

Para transformar o potencial em resultados concretos, o Banco Mundial sugere melhorar a intermediação de mão de obra, estimular o empreendedorismo, atrair investimentos, simplificar burocracia e modernizar infraestrutura de rodovias, ferrovias, redes digitais, água e saneamento.

O relatório alerta que planejamento e fiscalização cuidadosos são essenciais, e reforça o papel do setor privado em parcerias estratégicas para garantir impacto positivo no desenvolvimento da região.

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Geral

Omoda 5: Super Híbrido chega a Natal por R$ 159.990 – Mais potente, mais econômico e mais completo que todos os seus concorrentes

Foto: Divulgação

A Redenção Omoda Jaecoo apresentou oficialmente em Natal o Omoda 5 HEV, o novo SUV híbrido com mais de 1.000 km de autonomia que promete redefinir o segmento de SUVs médios no Brasil. Com preço de lançamento a partir de R$ 159.990, o modelo chega reunindo potência, eficiência e tecnologia premium — características que o tornam mais potente, mais econômico e mais completo que todos os seus concorrentes.

Com design arrojado e linhas futuristas, o Omoda 5 HEV mantém o estilo marcante já visto no E5, mas traz uma dianteira redesenhada para abrigar o novo conjunto híbrido.

O modelo é equipado com um motor 1.5 turbo a gasolina com um sistema elétrico, resultando em uma potência combinada de 224 cv e 30,1 kgfm de torque, com aceleração de 0 a 100 km/h em 7,9 segundos, proporcionando desempenho superior com baixo consumo de combustível. O sistema inteligente alterna automaticamente entre os modos elétrico e a combustão, assegurando uma condução suave, silenciosa e eficiente.

No interior, o Omoda 5 impressiona pelo alto nível de tecnologia e conforto. O painel traz duas telas de 12,3 polegadas integradas, compatíveis com Apple CarPlay e Android Auto sem fio, além de carregador por indução de 50 W, sistema de som com seis alto-falantes e comandos de voz inteligentes. O acabamento premium e a chave presencial reforçam a sensação de sofisticação e praticidade.

A chegada do Omoda 5 HEV marca um novo capítulo da Omoda Jaecoo em Natal e fortalece a estratégia global de expansão da marca, que já ultrapassou 540 mil unidades vendidas desde 2023. Um sucesso mundial que agora conquista também o público potiguar.

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Política

Lulinha, vice-líder do PT no Senado e alvos da PF têm convocação protocolada pela CPMI do INSS

Foto: Reprodução

O relator da CPMI do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), protocolou nesta sexta-feira (19) pedidos de convocação de Fábio Luis Lula da Silva, o Lulinha; do senador Weverton Rocha (PDT-MA), vice-líder do Governo no Senado e de outros investigados pela operação Sem Desconto da Polícia Federal, deflagrada na quinta-feira (18). A intenção é trazer novamente os alvos da PF para prestar esclarecimentos à comissão.

O nome de Lulinha voltou à mira da CPMI após nova fase da operação atingir Roberta Luchsinger, amiga do filho do presidente Lula. Segundo a PF, foi paga uma mesada de R$ 300 mil a uma empresa de Luchsinger, referência a “o filho do rapaz” em mensagens, sem detalhar quem seria.

Gaspar também pediu a convocação de Danielle Fontenelles, radicada em Portugal, que atuou em campanhas do PT e teve a agência Pepper investigada por repasse de caixa dois.

Entre os convocados está também Adroaldo da Cunha Portal, ex-secretário-executivo do Ministério da Previdência, exonerado após ser preso na operação, e Gustavo Marques Gaspar, ex-assessor de Rocha, apontado como responsável por assinar procuração dando poderes a Rubens Oliveira Costa, o “homem da mala” do chamado “careca do INSS”.

“Todos esses personagens, em algum momento do meu trabalho na relatoria, apareceram. A maioria já tinha pedido de convocação e até de prisão, mas foram blindados por parte do governo”, afirmou Gaspar à CNN Brasil, criticando a proteção da base governista durante os trabalhos da comissão.

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Economia

Governo Lula recorre a impostos e “receitas extras” para segurar Orçamento de 2026

Foto: Reprodução

O Orçamento de 2026, aprovado pelo Congresso nesta sexta-feira (19), precisou de “receitas extras” para tentar equilibrar as contas e garantir o superávit de R$ 34,3 bilhões. Entre as medidas do governo estão o projeto do devedor contumaz, cobrança de IOF sobre criptoativos, renegociações de dívidas da União e aumento do Imposto de Importação.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu que essas medidas são necessárias depois que o Congresso reduziu o pacote fiscal enviado pelo governo. Ele ainda aposta em decisões do STF favoráveis e na tributação de bets, fintechs e Juros sobre Capital Próprio (JCP) para recompor a arrecadação.

Segundo Haddad, o governo trabalha com um “mapa de possibilidades” para compensar a frustração de receitas. A arrecadação com o devedor contumaz e as demais medidas ainda não tem números consolidados, mas devem ser usadas para tentar segurar o Orçamento.

O ministro aproveitou para criticar o passado: disse que herdou déficit de cerca de R$ 180 bilhões, atacou o antigo teto de gastos e afirmou que o Banco Central, sob Gabriel Galípolo, indicado por Lula, recebeu problemas graves herdados das gestões anteriores.

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Política

“Assim que Moraes autorizar, vamos internar e operar Bolsonaro”, diz médico do ex-presidente

Foto: Reprodução

O cirurgião Cláudio Birolini, da equipe de Jair Bolsonaro, se pronunciou nesta sexta-feira (19) após a Polícia Federal confirmar que o ex-presidente precisa passar por cirurgia. Birolini afirmou que a internação para o preparo pré-operatório só ocorrerá quando o ministro do STF Alexandre de Moraes autorizar.

Segundo o laudo da PF, Bolsonaro tem hérnia inguinal bilateral que exige reparo cirúrgico eletivo. A perícia também confirmou que o bloqueio do nervo frênico, indicado para tratar os soluços persistentes do ex-presidente, é tecnicamente adequado.

O documento da PF alerta que a cirurgia deve ser realizada o quanto antes, devido à piora do sono e da alimentação de Bolsonaro, além do risco crescente de complicações pela pressão intra-abdominal causada pela hérnia.

Bolsonaro passou pela perícia médica na quarta-feira (17) no complexo da PF em Brasília, onde está preso desde 22 de novembro. O exame foi determinado por Alexandre de Moraes, que solicitou também a análise dos laudos apresentados pela defesa do ex-presidente.

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Política

Laudo da PF confirma hérnia bilateral em Bolsonaro e necessidade de cirurgia urgente

Foto: Reprodução

A Polícia Federal concluiu, em laudo pericial enviado nesta sexta-feira (19) ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é portador de hérnia inguinal bilateral e necessita de cirurgia em caráter eletivo. A perícia também confirmou a indicação técnica de procedimento para o bloqueio do nervo frênico, diante do quadro persistente de soluços.

Segundo a junta médica da PF, a cirurgia deve ser realizada “o mais breve possível” devido à falha dos tratamentos já tentados, à piora no sono e na alimentação e ao risco de complicações causadas pelo aumento da pressão abdominal. O laudo foi elaborado após análise de exames, documentos médicos e avaliação direta do ex-presidente.

A defesa de Bolsonaro afirmou que o laudo apenas confirmou diagnósticos médicos já apresentados anteriormente. O advogado Paulo Cunha Bueno pediu que Alexandre de Moraes autorize a internação para a realização da cirurgia, argumentando que o procedimento não pode ser feito em ambiente prisional.

Com a entrega do laudo, caberá exclusivamente ao ministro do STF decidir se Bolsonaro poderá deixar a custódia da Polícia Federal para ser internado em hospital particular, o DF Star, em Brasília. A perícia foi determinada pelo próprio Moraes após pedido da defesa para realização urgente da cirurgia, com previsão de internação entre cinco e sete dias.

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Política

Congresso aprova Orçamento de 2026 com R$ 61 bilhões em emendas

Foto: Kayo Magalhaes/Câmara dos deputados

O Congresso Nacional aprovou nesta sexta-feira (19) o Orçamento de 2026, com previsão de superávit de R$ 34,5 bilhões e reserva de cerca de R$ 61 bilhões para emendas parlamentares. A proposta foi aprovada de forma simbólica, com base no parecer do relator Isnaldo Bulhões (MDB-AL), e segue agora para sanção do presidente Lula (PT).

O texto promoveu cortes em programas do governo federal. O Auxílio Gás teve redução de cerca de R$ 300 milhões, enquanto o programa Pé-de-Meia perdeu R$ 436 milhões. Também houve diminuição de R$ 6,2 bilhões em benefícios previdenciários, além de cortes no seguro-desemprego (R$ 391 milhões), no abono salarial (R$ 207 milhões) e em bolsas de estudo no ensino superior.

Mesmo com ajustes sociais, o Orçamento prevê R$ 4,9 bilhões para o Fundo Eleitoral em 2026, ano de eleições gerais. O valor é bem superior ao R$ 1 bilhão proposto inicialmente pelo governo. A meta fiscal prevê superávit de 0,25% do PIB, estimado em R$ 13,8 trilhões, com margem que permite resultado entre zero e R$ 68,5 bilhões.

Do total de R$ 61 bilhões em emendas, R$ 49,9 bilhões ficam concentrados em emendas individuais, de bancada e de comissão, enquanto R$ 11,1 bilhões vão para despesas sob gestão direta do Executivo.

Congresso: Divisão do orçamento

O Ministério da Previdência terá o maior orçamento, com R$ 1,1 trilhão, enquanto Igualdade Racial e Pesca aparecem entre as menores pastas. O Orçamento total de 2026 soma R$ 6,5 trilhões, incluindo R$ 1,83 trilhão para refinanciamento da dívida pública. Veja:

  • Ministério da Previdência Social: R$ 1,146 trilhão;
  • Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome: R$ 302,8 bilhões;
  • Ministério da Saúde: R$ 271,286 bilhões;
  • Ministério da Educação: R$ 233,6 bilhões;
  • Ministério da Defesa: R$ 142 bilhões;
  • Ministério do Trabalho e Emprego: R$ 123,1 bilhões;
  • Ministério da Justiça e Segurança Pública: R$ 26,35 bilhões;
  • Ministério da Fazenda: R$ 23,2 bilhões;
  • Ministério dos Transportes: R$ 18,75 bilhões;
  • Ministério das Cidades: R$ 16,8 bilhões;
  • Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação: R$ 15,3 bilhões;
  • Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional: R$ 12,7 bilhões;
  • Ministério da Agricultura e Pecuária: R$ 12,04 bilhões;
  • Ministério de Minas e Energia: R$ 8,3 bilhões;
  • Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar: R$ 6,26 bilhões;
  • Ministério das Relações Exteriores: R$ 5,53 bilhões;
  • Ministério do Planejamento e Orçamento: R$ 4,88 bilhões;
  • Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima: R$ 4,67 bilhões;
  • Ministério de Portos e Aeroportos: R$ 3,96 bilhões;
  • Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos: R$ 3,95 bilhões;
  • Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços: R$ 3,8 bilhões;
  • Ministério da Cultura: R$ 3,73 bilhões;
  • Ministério do Turismo: R$ 3,2 bilhões;
  • Ministério do Esporte: R$ 2,46 bilhões;
  • Ministério das Comunicações: R$ 2,3 bilhões;
  • Ministério dos Povos Indígenas: R$ 1,31 bilhão;
  • Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania: R$ 575,26 milhões;
  • Ministério das Mulheres: R$ 377,37 milhões;
  • Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte: R$ 355,36 milhões;
  • Ministério da Pesca e Aquicultura: R$ 270 milhões;
  • Ministério da Igualdade Racial: R$ 203,4 milhões.

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