Dilma reforçou a preocupação do governo com o vírus da zika, além da dengue. “O desafio é chegar à vacina contra o vírus da zika. Um dos caminhos é esse, de transformar a vacina da dengue de tetravalente em pentavalente, que cobriria também o da zika, ou desenvolver uma exclusiva para esse fim”, observou.
A ideia da vacina pentavalente é colocar o vírus da zika em um a espécie de “invólucro” do vírus da dengue e acrescentar à vacina já existente da dengue, mas a pesquisa ainda está em estágio bastante inicial.
Segundo o secretário de saúde do estado de São Paulo, David Uip, não faltarão verbas para estudos que levem ao desenvolvimento da vacina pentavalente, bem como de outros trabalhos correlatos, como os anticorpos monoclonais como tratamento da zika.
Ao todo, o governo federal anunciou que pretende investir R$ 300 milhões durante os próximos cinco anos na fase final de desenvolvimento da vacina de dengue. Um terço da verba sairá do orçamento Ministério da Saúde — acordo que foi assinado nesta segunda.
Os outros dois terços, que ainda estão sendo negociados, podem sair do MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação) e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Investimento em soro contra zika
Outros R$ 8,5 milhões foram anunciados pela presidente para financiar o desenvolvimento do soro contra zika, destinado a grávidas já infectadas pelo vírus.
Segundo o médico imunologista Jorge Kalil, diretor do Instituto Butantan, o desenvolvimento do soro pode ser mais rápido que o da vacina. A diferença entre a vacina e o soro é que, enquanto a vacina estimula o organismo a desenvolver anticorpos contra o vírus, o soro tem a função de neutralizar o vírus já presente no organismo da pessoa infectada. Ou seja, ele já contém os anticorpos prontos para atacar o vírus.
Kalil observa que o modo de desenvolvimento do soro anti-zika deve ser parecido com o que se usa para produzir o soro contra raiva. “Primeiro é preciso cultivar o vírus em células e inativar esse vírus. Depois, ele é usado para imunizar um cavalo, como se estivesse fazendo uma vacina no animal, que passa a produzir anticorpos contra o vírus. Em seguida, pego o plasma do sangue do cavalo com os anticorpos, trago para a fábrica e purifico para selecionar só aqueles específicos contra o vírus.”
A pesquisa da vacina contra dengue é resultado de uma parceria entre o Instituto Butantan e os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH). A vacina é feita com os próprios vírus da dengue, que foram modificados para que a pessoa desenvolva anticorpos contra os quatro sorotipos da dengue sem desenvolver os sintomas relacionados a eles.
Os testes têm mostrado que bastará uma dose para que a vacina seja eficaz. Trata-se da vacina brasileira contra dengue em fase mais avançada de desenvolvimento.
Fases da pesquisa
Nesta etapa de testes, dois terços dos voluntários receberão a vacina e um terço receberá placebo. O objetivo é verificar, depois de um período, se o grupo que foi vacinado teve uma redução considerável de casos de dengue em comparação ao grupo de controle. Isso permitirá verificar a eficácia da vacina.
Segundo estimativa do Instituto Butantan, todos os 17 mil voluntários devem ser vacinados em até um ano. A instituição acredita ser possível que a vacina esteja disponível para registro até 2018.
Até agora, 900 pessoas já receberam a vacina nas fases anteriores de testes clínicos: 600 pessoas na fase 1 e 300 na fase 2. Esses testes permitiram concluir que a vacina é segura e é capaz de induzir no organismo a produção de anticorpos contra os quatro vírus da dengue.
Fonte: G1
Só falta agora desenvolver a vacina contra o lulismo e petismo, duas doenças ainda muito disseminadas e que afeta o poder de julgamento e discernimento das pessoas infectadas.