Saúde

VACINA COVID: Mundo enfrenta desafio logístico que afeta desde insumos para imunizantes até entregas do e-commerce

Foto: Unplash

Aproximadamente 50 países já iniciaram a vacinação em suas populações, incluindo Estados Unidos, Inglaterra, Israel, Canadá, Costa Rica, Rússia, Grécia, França, entre outros, além do Brasil, que iniciou a vacinação nesta segunda-feira (18).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou no domingo (17) o uso emergencial das vacinas CoronaVac e Oxford/AstraZeneca. A primeira vacina do país (fora dos estudos clínicos) foi aplicada logo após a liberação da Anvisa, neste domingo, e a imunização no país teve início nesta segunda-feira (18).

Depois que o obstáculo mais complexo, a descoberta de uma vacina, foi superado e em tempo recorde (nunca na história uma vacina foi desenvolvida em prazo tão curto) um outro desafio, deixado de lado por muitos países, se impõe: a logística, processo que organiza desde o transporte da matéria-prima que sai da fábrica para se transformar na vacina, passando pela entrega aos pontos de vacinação e finalmente a aplicação nos cidadãos. O caminho por trás desse processo é complexo e pode afetar outras cadeias de produtos no Brasil e no mundo.

Filinto Jorge Eisenbach Neto, professor de administração da PUC-PR e especialista em logística, acredita que com as vacinas o mundo hoje enfrenta uma dificuldade logística duas vezes maior do que na Segunda Guerra Mundial. “A demanda é muito maior, a urgência é gigante, e precisamos entregar as vacinas em todos os lugares do mundo. O processo de logística é um fluxo contínuo e não pode ter interrupções. Se um trecho do processo sofre atraso ou paralisação todo o resto da cadeia é afetado.”

Esse é o risco ao qual o mundo todo está submetido agora, que afeta as vacinas e também outros tipos de produtos. E é por isso que alguns especialistas chegam a dizer que o mundo pode passar por uma espécie de “apagão logístico”, com várias cadeias de produtos sendo afetadas em uma reação em cascata até chegar ao consumidor final, em função do esforço global na distribuição das vacinas.

Risco de apagão logístico?

Vinícius Picanço, professor de gestão de operações e cadeia de suprimentos do Insper, explica que o transporte de vacinas é feito majoritariamente por dois modais: aéreo e rodoviário. “O aéreo faz o transporte de ‘hub a hub’ [centro a centro], que leva dos polos de fabricação às cidades de regiões centrais de outros países, e é mais rápido; e o rodoviário faz a ‘perna’ doméstica, o trecho dentro de determinado país entre um aeroporto, por exemplo, ou um armazém – onde as vacinas ficam estocadas – até o posto de vacinação”, explica.

Ana Paula Barros, diretora da Mac Logistics, empresa brasileira de operação e gestão de logística internacional, que atua em mais de 20 países, acredita que um apagão logístico pode acontecer justamente devido à falta de oferta de transporte aéreo. “Vai acontecer um colapso logístico, que vai causar falta de produtos, porque a vacina depende do modal aéreo. É a opção mais rápida e toda a disponibilidade de transporte aéreo vai para a vacina, que terá total prioridade sobre outras cargas, interrompendo ou atrasando o fluxo logístico e impactando todos os produtos transportados por via aérea no mundo”, diz.

Ela explica que há uma quantidade limitada de aviões, que não vai aumentar, e não é viável produzir mais aeronaves devido à pressa e aos custos. “Teremos que usar a infraestrutura que o mundo já tem e redirecioná-la para as vacinas no transporte entre países”, afirma.

Eisenbach Neto concorda que um apagão logístico “pode acontecer sem dúvida nenhuma”, mas principalmente pela falta de alinhamento dos processos logísticos da vacina e não pela restrição na oferta de aviões. “Países que já começaram a vacinar enfrentam dificuldades de planejamento, de suprimento e de produção para fazer a distribuição na velocidade que precisamos, com um volume tão alto de imunizante, mantendo as outras cadeias de produtos funcionando ao mesmo tempo”, diz.

Vacinas viajam de avião, produtos via transporte marítimo

Ana Paula, da Mac Logistics, mora em Miami há cincos anos e diz que nos EUA o impacto das vacinas na logística já pode ser sentido. “As entregas de e-commerce estão demorando mais e o FedEx já enviou avisos informando sobre os potenciais atrasos. Por aqui, houve um crash com a sequência de datas: Black Friday, Natal, e logo em seguida a vacina”, afirma.

Priscila Miguel, coordenadora adjunta do FGV Celog (Centro de Excelência em Logística e Supply Chain), concorda que cadeias de produtos serão afetadas, mas diz que um “apagão logístico” generalizado está fora de cogitação. “Não veremos um apagão completo, a ponto de as pessoas ficarem sem produtos de primeira necessidade, porque a distribuição das vacinas não vai acontecer em um único momento, então não usaríamos toda a capacidade aérea logística do mundo ao mesmo tempo”, diz.

Priscila lembra que os polos de produção das primeiras vacinas aprovadas pelas agências regulatórias no mundo estão espalhados nos EUA, na Rússia, na China, na Inglaterra, na Índia, entre outros. “A própria produção acontece de forma escalonada”, complementa.

Picanço, do Insper, concorda que é exagero falar em apagão logístico global, mas diz que o assunto é uma “preocupação genuína”, sobretudo em relação a dois segmentos específicos: as cadeias frias e ultrafrias. “As cadeias ultrafrias são as que exigem transporte, armazenamento e manuseio em temperaturas abaixo de 0°C, como as vacinas da Pfizer e da Moderna, e as cadeias frias exigem temperaturas entre 0°C e 10°C, como as vacinas do Butantan e da AstraZeneca. O impacto será maior nas cadeias dessas categorias justamente pela prioridade de embarque que as vacinas têm. Mas o Brasil tem algumas peculiaridades (leia mais abaixo)“, explica.

Sobre a disponibilidade dos aviões, Picanço afirma que mesmo as aeronaves comerciais poderão participar de “forças-tarefas” para transportar as vacinas. “As adaptações para cadeias frias em aviões são conhecidas e aplicáveis porque as temperaturas atingidas durante os voos já são mais baixas, facilitando a acomodação de doses. No caso das ultrafrias, vamos usar mais das frotas já existentes de aviões especializados nesse tipo de transporte, mas imagino que empresas logísticas também farão adaptações quando necessário”, diz.

Outro ponto que deve impedir um colapso logístico, segundo Priscila, é que a maior parte do transporte logístico internacional é feito por vias marítimas, que têm custos inferiores à via aérea. “O transporte aéreo é mais caro e focado em produtos leves e de alto valor agregado, não serve para qualquer carga. O marítimo é o principal modal logístico internacional e como as vacinas não devem ser transportadas por ele, boa parte da distribuição e importação de produtos no mundo não sofrerá impactos. E no Brasil a participação do transporte aéreo na logística é bem pequena”, avalia.

Os dados mais recentes da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que em 2019 a importação, em toneladas, feita por via marítima no Brasil representou 92% das cargas que entraram no país, contra apenas 0,15% pela via aérea. Se considerarmos a participação em valores (US$), a importação pelo modal marítimo representou 71%, enquanto o aéreo chegou a 18%.

Falta de insumos e desafios extras no Brasil

O desafio logístico é global, mas no Brasil os especialistas entendem que a coordenação dos processos logísticos por parte do governo federal pode gerar desafios extras. Atualmente, estão disponíveis 6 milhões de doses da CoronaVac, e há expectativa de que as 2 milhões de doses da AstraZeneca/Oxford, importadas da Índia, cheguem ainda esta semana.

O governo federal ainda não detalhou como fará a logística da vacinação, explicou apenas que essas 6 milhões de doses serão entregues aos estados com a ajuda da Força Aérea Brasileira (FAB) que levará as doses a “pontos focais” definidos por cada unidade federativa.

“O nosso país é internacionalmente conhecido pela logística de vacinas. Nosso programa de vacinação é um dos melhores do mundo, porém ninguém nunca lidou com um volume do tamanho da Covid-19”, afirma Ana Paula. O InfoMoney já mostrou em detalhes como acontece a distribuição das vacinas pelo país e por que o Plano Nacional de Imunização é considerado referência internacional (veja mais aqui).

“Para que o cidadão tome a vacina no posto de saúde, todas as empresas, pessoas, transportes, precisam funcionar em sincronia. E essa é a maior dificuldade no Brasil. Nem sempre, o fornecedor que entrega o frasco cumpre o prazo como o que envia o insumo, ou a seringa, por exemplo. Fora a entrega de cada parte, os insumos para a produção vêm de diferentes partes do mundo e organizar todo esse fluxo é complicado – ainda mais em um país com dimensão continental, com cidades pequenas e distantes dos centros urbanos”, complementa Eisenbach Neto.

Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (18), Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, disse, por exemplo, que há uma preocupação sobre a chegada de insumos da China para dar sequência à produção da Coronavac no Brasil. Vale lembrar que a vacina da AstraZeneca/Oxford produzida pela Fiocruz também depende dos insumos vindos da China. “O pedido emergencial da Fiocruz foi referente às 2 milhões de doses produzidas na Índia e eles também dependem de matéria-prima da China para começar a produção. Ainda não começou”, disse Covas também na coletiva.

O professor da PUC-PR diz ainda que o Brasil não tem capacidade plena de transporte refrigerado para atender o volume de distribuição de vacinas. “Não temos caminhões e armazéns refrigerados suficientes para dar conta de tudo. O governo precisa apresentar alternativas. Serão necessárias adaptações em veículos, armazéns e até empresas. Os Correios, por exemplo, poderiam entrar como alternativa. As movimentações entre os grandes centros comerciais não são um problema, porque temos boa infraestrutura, mas saindo dos grandes centros a estrutura vai ficando pior e as dificuldades aumentam – e os Correios estão em todas as cidades”, diz.

Picanço lembra que essas adaptações são possíveis, mas exigem expertise e investimentos das empresas. “Tem como equipar caminhões que não são refrigerados para entregar vacinas, mas os funcionários sabem manusear? Tem equipamentos para transportar sem danificar? Exige mais do que apenas ‘colocar geladeiras’ nos caminhões. E sai caro. Nem toda empresa tem dinheiro para mudar parte de sua frota para uma cadeia refrigerada. Grandes logísticos que atuam por aqui, como FedEx, DHL, UPS, TNT, estão se movimentando nesse sentido para tentar aumentar a capacidade de atendimento de cadeias frias. Mas precisamos esperar para ver o resultado disso”, diz.

Reportagem da revista britânica The Economist ressalta a importância da agilidade na vacinação para conter os níveis de internações e mortes no mundo e afirma que a credibilidade dos governos vem diminuindo com a demora no processo e a má gestão de muitos governos. “A incompetência também desempenhou um papel importante. Embora os países tenham tido meses para se preparar, perderam tempo e cometeram erros. O governo dos EUA não financiou adequadamente os estados para se prepararem para a vacinação antes do ano novo, por exemplo”, critica o texto.

Picanço diz que no caso do Brasil também tivemos tempo de preparação. “O país teve tempo para se preparar logisticamente, então, em tese, era para tudo funcionar nesse primeiro momento e não termos grandes problemas. Mas sempre tivemos tempo para aprender, em todas as fases da pandemia, com a Ásia e Europa, onde tudo aconteceu com meses de antecedência – logística é a mesma coisa – mas olha a nossa situação, o caos em Manaus. De um lado temos a expertise, mas precisamos esperar para ver se conseguiremos colocá-la em prática”, afirma.

Levando em conta o contexto nacional e global, o impacto que a logística da vacina vai causar no Brasil vai ser limitado a atrasos em entregas de mercadorias, matérias-primas, peças e produtos, segundo os especialistas. Entre os setores que devem ser afetados estão o de alimentos, e-commerce, eletroeletrônicos, farmacêutico e setor automobilístico

Segundo Picanço, o Brasil vai sentir os impactos da logística mundial devido ao recebimento de insumos para a vacina do exterior, principalmente da China, da Índia e eventualmente de alguns países europeus. “Esses insumos serão necessários para a produção local e virão, majoritariamente, via aérea. No longo prazo, o Brasil vai ficando mais independente com a produção local, mas ainda dependerá de insumos vindos de fora para a produção completa da vacina. Por isso, os segmentos importados que possuem a cadeia fria ou ultrafria em sua logística vão ser impactados, mas nada generalizado”, diz.

Como consequência, ele cita o setor de alimentos, itens farmacêuticos, que incluem outras vacinas, insumos hospitalares, equipamentos, além de insumos químicos e eletroeletrônicos. “São itens que geralmente são transportados por modal aéreo ao redor e precisam de temperaturas mais baixas. Frutas de maior valor agregado como cerejas e morangos, por exemplo, podem demorar mais para chegar às prateleiras dos mercados, bem como hardwares para a produção de notebooks e computadores, além de alguns sprays para asma ou insumos para terapias de câncer, por exemplo“, diz.

“Ainda, devido à falta de transporte de cadeias frias no Brasil para atender toda demanda, poderemos ver atrasos também em alimentos refrigerados e congelados que passam por proteínas animais, hortaliças e refeições prontas, por exemplo”, complementa Picanço.

No e-commerce os consumidores também poderão ver atrasos de encomendas. “Se hoje a compra chega em três dias passará para sete, por exemplo. Isso pode ficar mais recorrente em todos os segmentos de mercado, de capinhas de celular, a vestuário, a eletrônicos. Como as cadeias coexistem e ‘disputam’ espaço e prioridade, provavelmente os operadores logísticos no Brasil terão maior demanda para as vacinas e isso deve deixar outros produtos (mesmo que não dependam de cadeia fria) com prioridade menor. Isso fatalmente pega (quase) tudo que é comprado online, sem urgência”, explica o professor do Insper.

Eisenbach Neto destaca a indústria no geral, “que utiliza muitos produtos importados, bem como o setor automobilístico, que usa peças vindas de fora”. No setor automobilístico, os efeitos já podem ser sentidos por aqui: os estoques de automóveis nas fábricas e concessionárias estão em seu menor nível da história e um dos motivos é a falta de peças, boa parte delas importadas. Apesar de a maioria das peças vir pelo modal marítimo, parte vem de avião, principalmente se é uma peça que precisa chegar com certa urgência para não parar a produção, segundo Priscila, da FGV.

Ana Paula, da MacLogistics, estima que em menos de dois meses a partir do início da vacinação, esses atrasos já poderão ser sentidos no Brasil.

Não há perigo de desabastecimento

Para Picanço, esses efeitos nos setores citados não serão definitivos e não teremos desabastecimento em massa da população.

“Não há motivo para desespero. As empresas de logística estão aprendendo muito nesse período. O brasileiro tem na memória os problemas do início da pandemia, quando faltou papel higiênico, álcool em gel. Isso foi fruto da demanda alta, mas também do desespero, que causa o chamado ‘efeito chicote’ – são oscilações no número de pedidos, que amplificam os erros de planejamento logístico e posicionamento de estoque. Isso gera custos e atrasos porque é uma demanda surpresa. Isso não se repetirá com a vacinação”, explica.

Infomoney

Opinião dos leitores

    1. O melhor presidente do mundo é Kim Jong Un.
      Lá não tem covid.
      O esquerdista está convidado a se mudar…
      Esquerdismo é doença.
      Em tudo se apegam na tentativa de chegar ao poder.
      Já tem vacina chinesa para o esquerdista.
      Os demais aguardam vacina de Oxford que sai hoje para o Brasil.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

RN

Márcio Rêgo é eleito presidente da Unimed Natal

Foto: Reprodução

O ortopedista Márcio Rêgo foi eleito presidente da Unimed Natal nesta segunda-feira (31), com 685 votos, após uma disputa com o cardiologista Ricardo Queiroz, candidato pela Chapa 1, que ficou em segundo lugar, com 653 votos.

A nova diretoria será composta pelos médicos Carla Karini (vice-presidente), além dos médicos Jeyson Miranda (cardiologista e hemodinamicista), Dodora Rocha (patologista), Marcos Doti (oftalmologista), Robinson Dias (ginecologista e obstetra), Flávio Rocha (mastologista), Kallyandre … (urologista) e Marcus Passos (radiologista).

A posse da nova diretoria está prevista para o dia 10 de abril.

Blog do BG

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Política

Trump diz que “não considerou” concorrer a um terceiro mandato

Foto:US NETWORK POOL / Reuters

O presidente dos Estados Unidos Donald Trump disse nesta segunda-feira (31) que “não considerou” concorrer a um terceiro mandato. A fala acontece após ser questionado sobre buscar uma possível candidatura, de a 22ª Emenda da Constituição americana proibir.

“Há toda uma história sobre concorrer a um terceiro mandato. Não sei. Nunca investiguei. Dizem que há uma maneira de fazer isso, mas não sei sobre isso, mas não considerei”, pontuou Trump, respondendo a perguntas de repórteres no Salão Oval.

Quando questionado sobre o que ele pensava sobre concorrer contra o ex-presidente Barack Obama se ambos pudessem disputar um terceiro mandato na Casa Branca, Trump afirmou que “adoraria isso”.

“Seria uma boa. Eu gostaria disso”, destacou, acrescentando que o povo pediu que ele concorresse novamente.

Trump afirmou anteriormente que “há métodos” para concorrer a um terceiro mandato como presidente em uma entrevista por telefone com Kristen Welker, da NBC News, no domingo (30).

CNN

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

RN

Abalos próximos à costa do RN não trazem risco de tsunami, diz especialista

Foto: LabSis

Na semana passada, dois terremotos de magnitude superior a 6 na escala Richter foram registrados próximo ao litoral do Rio Grande do Norte. Os sismos – um deles de magnitude 6.1 e outro de magnitude 6.6 foram identificados pelo Laboratório Sismológico (LabSis) da UFRN na região conhecida como dorsal meso-oceânica, a menos de 1.000 quilômetros da área litorânea. Segundo Aderson Nascimento, coordenador do LabSis, não houve registros de que os tremores tenham sido sentidos pelos potiguares em terra. E a probabilidade de que isso aconteça, segundo ele, é muito baixa.

Nascimento explica que os tremores na região são comuns, embora que, muitas vezes, em intensidade menor. “Hoje mesmo (31) já foram registrados cerca de 10 desses eventos, mas todos menores”, disse ele à TRIBUNA DO NORTE. Os abalos da semana passada, no entanto, chamaram atenção: um deles, de magnitude 6.1 foi registrado às 21h34 da quinta-feira (27), a aproximadamente 42 km do arquipélago São Pedro e São Paulo e a 952 km de Natal; o outro, de magnitude 6,6 foi registrado por volta das 14h17 da sexta (28 de fevereiro) a menos de 3 km do epicentro do primeiro evento.

A intensidade dos eventos é suficiente, de acordo com o coordenador, para provocar efeitos (caso sejam sentidos fortemente em terra) como o colapso de construções. “Os impactos dependem muito da profundidade em que o tremor ocorrer, mas um efeito provável é a ruptura do solo e o colapso de prédios, a depender do tipo de construção”, explica. Apesar disso, Aderson Nascimento afirma que um abalo dessa magnitude dificilmente afetará os potiguares, visto que a região onde ele costuma ocorrer fica um pouco mais afastada da costa do Rio Grande do Norte.

Ainda por causa da localização, os tremores não representam um risco de tsunamis ou grandes ondas no litoral. “A sismicidade responsável por terremotos maiores se dá apenas nas proximidades da dorsal [meso-oceânica]. Se a gente analisa mais próximo à costa, praticamente não se detectam falhas com esse potencial. Então, o risco de que grandes abalos sejam sentidos em uma cidade como Natal é muito baixo”, pontua.

A região onde os fortes tremores foram identificados na semana passada é uma região de arquipélago, um local de abertura dos continentes africano e sul-americano. “Os abalos ali são naturais e ocorrem sempre que a energia acumulada é liberada”, falou Aderson Nascimento. Em outras ocasiões, ao contrário de agora, tremores registrados na costa potiguar foram sentidos em cidades do litoral.

Em 2022, dois episódios do fenômeno ocorreram na região de Touros. Em um deles, de acordo com o LabSis, o tremor foi de 3,7 graus na Escala Richter; em outro, a intensidade foi de 2,0 graus. Os abalos foram registrados em uma área a cerca de 40 km da costa. Moradores de Touros, de Maxaranguape e também da capital relataram ter sentido os tremores.

Tribuna do Norte

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Economia

Acordo com União Europeia oferece pouca vantagem ao Mercosul, diz Haddad

Foto: Reprodução

Em discurso no Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po) nesta segunda-feira (31), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez uma avaliação crítica sobre o acordo entre Mercosul e União Europeia, afirmando que o bloco sul-americano teria pouco a ganhar no aspecto econômico. Segundo o ministro, o verdadeiro valor do acordo seria no âmbito da política e estratégica.

“Se você perguntar a qualquer diplomata brasileiro se ali há uma vantagem econômica explícita que representa um salto para a reindustrialização do Cone Sul, não vai encontrar nenhuma cláusula que garanta isso”, declarou.

Após mais de 25 anos, o Mercosul e a União Europeia formalizaram, no fim do ano passado, um acordo de livre-comércio entre os blocos. No entanto, para passar a valer, o tratado ainda precisa ser aprovado pelo Parlamento Europeu e enfrenta resistência por parte de setores econômicos especialmente franceses para avançar.

Durante o debate, Haddad ainda pontuou que o acordo poderia servir como contraponto à fragmentação global, protagonizada por Estados Unidos e China, evitando que os países sejam forçados a escolher lados nesse embate geopolítico.

“O grande objetivo é oferecer uma alternativa ao mundo bipolar, procurar não recair. Porque a própria bipolaridade reforça o discurso da intolerância”, explicou.

“Quanto mais apostarmos no multilateralismo, menos chance teremos de voltar aos tempos de guerra vamos ter. Não traria bem estar para o planeta”, continuou.

Haddad criticou a abordagem reducionista das negociações, que segundo ele se perdem em detalhes setoriais. “Europa discute ‘ganhar na carne, perder no açúcar’, mas o jogo é maior: é evitar migrações e guerras”, frisou.

O ministro ainda pontuou que países desenvolvidos utilizam “protecionismo disfarçado de ambientalismo” e chamou de “hipocrisia” penalizar os avanços ambientais brasileiros em detrimento da utilização de energia fóssil.

“Países ricos usam a ‘taxa carbono’ nas importações como arma comercial, não para proteger o meio ambiente. É hipocrisia: penalizam o aço verde do Brasil enquanto retomam produção com energia fóssil. A Europa quer chamar hidrelétricas brasileiras de ‘não limpas’ para taxar nosso aço. Enquanto nós temos 90% de energia limpa, eles retomam óleo e gás e nos criticam”, pontuou.

O chefe da equipe econômica destacou ainda que 90% da matriz energética brasileira é renovável, contrastando com a retomada de projetos de óleo e gás na Europa.

Sobre o financiamento climático, Haddad pontuou o descumprimento de promessas internacionais.

“Prometeram US$ 100 bilhões para florestas e não deram um centavo”, lembrou, explicando que isso motivou a criação do Tropical Forest Forever Facility (TFFF), mecanismo brasileiro que transforma doações em investimentos permanentes.

O ministro comparou a lentidão nas ações climáticas com a rapidez no financiamento de conflitos: “Dinheiro para guerra aparece em dias; para o clima, arrastam por décadas”.

Ao final, Haddad reforçou a necessidade de uma nova postura da comunidade internacional.

“A crise climática exige uma classe política corajosa – e não temos isso hoje”, concluiu, defendendo que o acordo Mercosul-UE, apesar de suas limitações econômicas, representa um passo importante na construção de um multilateralismo mais eficaz para enfrentar os desafios globais.

CNN

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Brasil

Apesar de pressão, Moraes vai manter controle de execução de penas do 8/1

Foto: Senado Federal/ Flickr

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, disse a interlocutores que irá manter, sob controle dele, a execução da pena dos condenados pelo 8 de Janeiro.

Hoje, há 135 condenados, com trânsito em julgado, cuja execução está em curso, sendo 85 por crimes graves que estão presos e outros 50 por crimes leves.

Uma possibilidade de que ele transferisse o controle passou a ser debatida nos últimos dias, em especial após o caso da cabeleireira Débora Rodrigues despertar a atenção e ser considerada, por setores do próprio STF e do meio jurídico, como um cenário de desproporção

Ela ficou presa por dois anos, depois de escrever, com batom, na estátua da Justiça em frente ao Supremo Tribunal Federal.

Condenada a 14 anos, acabou sendo transferida para prisão domiciliar na última sexta-feira por Moraes, após posicionamento neste sentido pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Diante disso, passou-se a aventar, fora do STF, que Moraes poderia vir a compartilhar a execução das penas com outros ministros da Corte ou mesmo transferir para a primeira instância, mas isso não deve ocorrer.

A interpretação continuará sendo de que cabe, ao relator dos processos, no caso o próprio Moraes, a decisão sobre a evolução do cumprimento das penas, como a transferência do regime fechado para o semiaberto, após cumprimento de um sexto da pena, e do regime semiaberto para o aberto.

CNN 

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Brasil

542 condenados do 8 de janeiro cumprem medidas alternativas, diz STF

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Dados do Supremo Tribunal Federal (STF) indicam que 542 condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 tiveram suas penas convertidas em medidas alternativas à prisão. Essas medidas incluem multas, prestação de serviço comunitário e liberdade restrita.

A conversão foi possível graças aos acordos de não persecução penal firmados entre o Ministério Público e os condenados, O mecanismo é aplicável a casos em que há atos de violência ou grave ameaça e exige o cumprimento de condições específicas.

O acordo se aplica apenas a casos nos quais a pena prevista é inferior a quatro anos e não pode ser aplicado a crimes hediondos ou de maior gravidade, como homicídio ou estupro. Para aderir, o acusado deve se declarar culpado e precisa cumprir as sanções estabelecidas.

Além disso, de acordo com dados atualizados em março, o Supremo registrou que 84 pessoas foram presas de forma definitiva. Outras 55 detenções ocorreram de maneira preventiva e cinco são prisões domiciliares.

Desde o início da apuração dos atos em 2023, a Corte julgou 1586 ações penais, sendo mais de 480 por crimes graves e outras 1099 por crimes de menor gravidade.

Até agora, 481 envolvidos nos atos receberam condenação e oito foram absolvidos. Há também 61 pedidos de extradição em andamento.

CNN

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Educação

Professores do estado aceitam proposta do Governo e encerram greve

Foto: reprodução

Os professores da rede estadual acataram a última proposta feita pelo Governo do RN e encerram greve da categoria. A decisão foi publicada nas rede sociais do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Rio Grande do Norte (Sinte-RN) após assembleia que ocorreu na tarde desta segunda-feira (31).

Segundo a proposta do Governo do RN, o piso salarial de 2025 será implementado em duas parcelas, sendo 5,0% em abril e 1,27% no mês de junho. Os retroativos deste ano, assim como os passivos de 2023 e 2024, serão discutidos em novembro, mas levando em consideração a situação financeira do Estado.

Segundo o Poder Público Estadual, a categoria acumula, entre 2019 e 2025, um ganho salarial de 98,25%.

Sobre o PCCR dos funcionários da educação, o Governo prometeu em até 15 dias encaminhar ao Sinte-RN a minuta do projeto de lei que está elaborando. O texto será avaliado pelo segmento em reunião que o Sindicato vai convocar assim que estiver com o documento.

“Também está previsto o encaminhamento de uma nova minuta de Projeto de Lei que institui o Plano de Cargos e Salários dos Servidores Administrativos da Educação. Essa minuta será entregue ao SINTE até 15 dias após a conclusão das tratativas sobre o piso, para posterior acordo e envio à Assembleia”, avisou o Governo em comunicado no dia 21 de março.

Outra pauta da greve foi a situação dos trabalhadores temporários. A promessa do Governo, segundo o Sinte-RN, é pagar o restante do 13° de 2024 e o terço de férias até 10 de julho. Essa medida será possível graças a inclusão de aditivos em cada contrato.

Tribuna do Norte 

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Geral

Ganhador da Mega da Virada ainda não resgatou prêmio e prazo acaba nesta segunda (31)

Foto: divulgação/Caixa

Um dos ganhadores da Mega da Virada 2024 ainda não resgatou o prêmio e a Caixa Econômica Federal avisa que o prazo para resgate do dinheiro acaba nesta segunda-feira, 31 de março.

O sortudo ou sortuda que ainda não reclamou seu dinheiro ganhou em uma das cotas de um bolão com 56 pessoas na cidade de Osasco (SP) e tem R$ 1.418.495,90 milhão esperando.

O prazo para sacar qualquer prêmio de loteria é de 90 dias pela regra da Caixa. Como o sorteio da Mega da Virada se deu em 31 de dezembro, a pessoa tem até hoje, 31 de março, para comparecer a uma agência do banco para efetuar o saque.

Caso contrário, o valor será repassado ao Tesouro Nacional para destinação ao FIES (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior), conforme Lei 13.756/18.

Quantos ganhadores teve a Mega da Virada 2024?

Cinco das oito apostas que ganharam a Mega da Virada 2024 eram de bolões. Com isso, o número de novo milionários chegou a 170, considerando que cada cota premiada em bolões tenha um ganhador diferente.

Brasília (DF) e Curitiba (PR) tiveram duas apostas ganhadoras cada, os demais acertadores da sena foram de Nova Lima (MG), Osasco (SP), Pinhais (PR) e Tupã (SP).​

O prêmio recorde de R$ 635.486.165,38 milhões foi dividido entre estas apostas e cada uma embolsou R$ 79.435.770,67 milhões.

Uma aposta de Curitiba (PR) e as de Tupã (SP) e Nova Lima (MG) foram jogos ‘individuais’. As demais, foram de bolões.

Veja abaixo quanto ganhou cada cota dos bolões recebeu:

  • Brasília (DF): 3 cotas com prêmio de R$ 26.478.590,22 por cota.
  • Brasília (DF): 30 cotas com prêmio de R$ 2.647.859,02 por cota.
  • Curitiba (PR): 28 cotas com prêmio de R$ 2.836.991,81 por cota.
  • Osasco (SP): 56 cotas com prêmio de R$ 1.418.495,90 por cota. (só 1 ainda não sacou)
  • Pinhais (PR): 50 cotas com prêmio de R$ 1.588.715,41 por cota
 Valor Econômico

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Geral

Alexandre de Moraes autoriza Mauro Cid a viajar para São Paulo

Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou o tenente-coronel Mauro Cid a viajar durante sete dias para São Paulo, para acompanhar sua filha menor de idade em eventos esportivos. A determinação atende a um pedido da defesa de Cid.

Cid está em liberdade provisória desde o ano passado, mas precisa cumprir uma série de obrigações, incluindo a proibição de deixar Brasília, onde mora, e o uso de tornozeleiras eletrônica. O militar também precisa comparecer semanalmente à Justiça.

Moraes autorizou o deslocamento, mas ressaltou que a decisão tem caráter provisório e que Cid precisa continuar seguindo as demais obrigações. O tenente-coronel solicitou autorização para acompanhar sua filha em uma competição e uma cerimônia de premiação, ambas de hipismo.

Na semana passada, Cid tornou-se réu no STF, ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras sete pessoas, devido à uma suposta participação em uma tentativa de golpe de Estado. Em 2023, ele fechou um acordo de delação premiada e passou a colaborar com essa e outros investigações.

O Globo

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Geral

Governo Lula nega envolvimento com ataque hacker da Abin no Paraguai e culpa gestão Bolsonaro

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negou envolvimento, nesta 2ª feira (31), com um possível ataque hacker organizado pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência) a autoridades do Paraguai. O fato foi relatado em reportagem do UOL, mas o Planalto afirma que a operação foi autorizada pela gestão anterior e derrubada pelo diretor-geral interino da agência já sob o mandato petista.

“O governo do Presidente Lula desmente categoricamente qualquer envolvimento em ação de inteligência, noticiada hoje, contra o Paraguai, país membro do Mercosul com o qual o Brasil mantém relações históricas e uma estreita parceria. A citada operação foi autorizada pelo governo anterior, em junho de 2022, e tornada sem efeito pelo diretor interino da Abin em 27 de março de 2023, tão logo a atual gestão tomou conhecimento do fato”, escreveu o Planalto em nota.

Leia o que diz a reportagem do UOL:

  • Sob o governo de Lula, a Abin teria realizado um ataque hacker contra a cúpula do governo paraguaio;
  • O objetivo da operação de espionagem seria obter informações relevantes para a negociação de tarifa de energia elétrica produzida pela usina hidrelétrica de Itaipu, cuja gestão é dividida pelos países;
  • Os relatos teriam sido feitos à Polícia Federal durante investigação de mau uso da agência durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL);
  • Os ataques hackers não teriam saído do Brasil, mas os agentes brasileiros teriam atuado no Chile e no Panamá;
  • Dentre os alvos espionados estariam o Senado paraguaio, Câmara e a Presidência da República daquele país;
  • Segundo a reportagem, a operação foi autorizada durante o governo Bolsonaro, mas o atual diretor-geral da agência saberia o fato e teria comemorado a iniciativa.

“O atual diretor-geral da Abin encontrava-se, naquele momento, em processo de aprovação de seu nome no Senado Federal, e somente assumiu o cargo em 29 de maio de 2023”, segue a nota.

Leia a íntegra da nota do governo:

“O governo do Presidente Lula desmente categoricamente qualquer envolvimento em ação de inteligência, noticiada hoje, contra o Paraguai, país membro do Mercosul com o qual o Brasil mantém relações históricas e uma estreita parceria. A citada operação foi autorizada pelo governo anterior, em junho de 2022, e tornada sem efeito pelo diretor interino da Abin em 27 de março de 2023, tão logo a atual gestão tomou conhecimento do fato”.

“O atual diretor-geral da Abin encontrava-se, naquele momento, em processo de aprovação de seu nome no Senado Federal, e somente assumiu o cargo em 29 de maio de 2023”.

“O governo do Presidente Lula reitera seu compromisso com o respeito e o diálogo transparente como elementos fundamentais nas relações diplomáticas com o Paraguai e com todos seus parceiros na região e no mundo”.

Poder 360

Opinião dos leitores

  1. Já estão terceirizando a culpa. Mas a resolução é simples para sabermos quem está com a razão. Em Qualquer governo de esquerda basta raciocinar o contrário do que eles dizem que você acerta. Fica a dica.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *