Foto: Aparecido Gonçalves/G1
A eleição mais concorrida para vereador neste ano será em Nova Iguaçu (RJ), que tem uma relação de 40,7 candidatos por vaga. Já as menos disputadas serão em Curral Novo do Piauí (PI) e em Viçosa (RN), com apenas 1,1 candidato para cada vaga.
Ao todo, serão 501.799 candidatos a vereador disputando 58.208 vagas. É uma relação de 8,6 candidatos por vaga. O levantamento considera apenas os concorrentes considerados aptos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A quantidade não significa democratização, segundo o cientista político Vitor Peixoto. “As eleições proporcionais são como as maratonas de rua. Uma multidão de corredores amadores e uma pequena elite do esporte. Quando olhamos a São Silvestre, parece que todos estão ali com possibilidade de correr, mas somente uma elite muito reduzida chegará ao final.”
Em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, serão 448 candidatos para 11 vagas na Câmara Municipal.
A Região Metropolitana do Rio tem 4 das 10 eleições mais disputadas para vereador. Completam a lista: São Gonçalo, com 39,4 candidatos por vaga; Japeri, com 35; e a capital, com 34,1.
Menos concorridas
Já Piauí, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul dominam a lista das 10 eleições menos concorridas. Cada estado tem três cidades na lista.
Em Curral Novo do Piauí (PI) e em Viçosa (RN), a corrida eleitoral terá a inusitada situação em que apenas um candidato sairá perdedor. Isso porque serão 10 concorrentes para 9 vagas.
Pequenas são maioria
A maior parte das Câmaras municipais tem o número mínimo de vereadores: 9. Isso porque as vagas são limitadas pelo tamanho da população e a maioria dos municípios brasileiros tem entre 10 mil e 20 mil habitantes.
‘Falsa democratização’
O grande número e a variedade de candidatos não significa maior democratização das eleições, afirma o professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense Vitor Peixoto. Isso porque os recursos de campanha e os votos continuam muito concentrados, explica o cientista político.
“A enorme desigualdade econômica da sociedade brasileira é reproduzida na arena eleitoral. Muitos candidatos com poucos votos e uma elite que realmente disputa as vagas”, afirma o especialista.
“Existe uma falsa ideia de democratização na disputa para vereador por ser muito inclusiva e ter muitos participantes de diversas clivagens sociais (classe, gênero, cor, religião, regiões, torcidas de futebol etc.), mas esconde o lado extremamente concentrado das disputas”, explica. “80% a 90% dos candidatos não conseguirão ultrapassar a barreira individual dos 10% do quociente eleitoral pra assumir uma vaga. Ou seja, serão subcompetitivos.”
De acordo com Vitor Peixoto, o grande número de candidatos é até prejudicial para o eleitor, pois aumenta o custo para obter informação sobre cada um. Além disso, como os partidos têm listas de candidatos muito grandes, o voto pode ir para um candidato que não é do interesse do eleitor.
“O número é muito excessivo. A longo prazo, acho que isso (a redução) vai ocorrer, com a diminuição dos partidos, a partir do fim da coligação eleitoral. A tendência é afunilar, para a gente ter capacidade cognitiva para tomar a decisão diante de tantos candidatos. A gente não sabe quais são todos os candidatos que estão na lista dos partidos.”
G1
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