O atentado a tiros sofrido no último sábado (8) por trilheiros em veículos 4×4, e que deixou uma jovem ferida, nas dunas de Jacumã, em Ceará-Mirim, ocorreu em uma área privada. A informação foi concedida pelo comandante da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, coronel Alarico Azevedo, durante entrevista na tarde desta quarta-feira (12).
Ainda de acordo com as informações das forças policiais, o grupo atacado não era composto por jipeiros e buggeiros profissionais.
Segundo Alarico, a PM reuniu militares responsáveis pelo policiamento no litoral potiguar para coordenar as ações na área e dar eficiência ao patrulhamento nas regiões. Ele reforçou que outras reuniões serão realizadas, incluindo também a Secretaria de Turismo do Estado (Setur) e o Idema, para a regulamentação das áreas de dunas, e o esclarecimento de quais são privadas e quais são públicas.
“A gente precisa saber onde agir. E para isso tem que haver uma regulamentação de áreas pré-definidas, onde pode e onde não pode. Vamos realizar outras reuniões para chegar a esse ponto”, disse.
De acordo com o delegado de Ceará-Mirim, Felipe Câmara, as motivações e a autoria do crime ainda estão sendo investigadas. Ele informou que outra ocorrência, envolvendo disparos de arma de fogo, foi registrada na noite de sexta-feira (7) em Jacumã.
Lei
A Lei Ordinária nº 10.953, de 21 de julho de 2021, regulamenta a atividade off-road no Rio Grande do Norte. A lei foi de autoria do deputado Ezequiel Ferreira (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa do estado.
A lei reconhece o off-road como esporte de aventura e radical, e de importante valor cultural e turístico para o estado.
A lei estabelece que o Poder Executivo Estadual deve:
Mapear as áreas de interesse para a prática do off-road
Identificar as condições de acesso às áreas de interesse
Adotar medidas para garantir o acesso livre às áreas de interesse
Caracterizar os problemas ambientais das áreas de interesse
Propor soluções para evitar ou mitigar os problemas ambientais
Apoiar iniciativas de divulgação da prática do off-road
A lei também permite a criação de parcerias com estados ou municípios circunvizinhos para divulgar e manter a atividade na região.
O reitor da Universidade de Notre Dame nos Estados Unidos, G.Marcus Cole, participou de uma conversa com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, sobre os “limites do processo democrático e o respeito aos direitos fundamentais”.
De acordo com publicação no site do STF, o professor americano questionou Barroso sobre a suspensão da rede social X (antigo Twitter) por dois meses no ano passado.
Na resposta a Cole, o ministro afirmou que “extremistas da direita criaram contas para atacar a democracia e o Supremo”.
“(…)para evitar o cumprimento das decisões da Corte de suspender essas contas, o X retirou seus representantes do Brasil, o que é ilegal”, disse.
Durante a conversa, Barroso comparou a Constituição Federal brasileira com a de outros países.
Segundo o ministro, a Carta Magna é “bastante abrangente” e aborda temas que não são tratados “pelas constituições de outros países”, entre os quais os Estados Unidos.
Para o ministro, o texto abre “possibilidade para a judicialização dos mais variados assuntos”.
Vinicius Jr foi novamente alvo de racismo da torcida do Atlético de Madrid, que chamou o atacante brasileiro de ‘chimpanzé’ antes do clássico contra o Real Madrid, pelo jogo de volta das oitavas de final da Champions League, nesta quarta-feira (12), no Estádio Metropolitano.
Segundo o diário AS, torcedores do Atlético cantaram ‘olé, olé, Vinicius chimpanzé’ pouco antes de começar o clássico espanhol pela Champions. O canto foi registrado por Nacho Lozano, setorista do Real (confira mais abaixo).
O racismo da torcida do Atlético contra Vini Jr. é frequente. Há um ano, em março de 2024, praticamente o mesmo canto racista foi ouvido antes da partida do time espanhol contra a Inter de Milão, pelas Champions. Real Madrid e Vini Jr. não estavam nem envolvidos no duelo.
“Racismo no Metropolitano. De novo. E eles são uma minoria, mas ainda assim são imensamente barulhentos. Expandindo seu racismo nauseante sob a bandeira do futebol. (…) Há quem aproveite essas situações para espalhar seu racismo. E foi isso que aconteceu. AS, presente, pôde atestar o lamentável acontecimento”, diz a reportagem do diário espanhol.
Este é o quinto caso de racismo da torcida do atlético de Madrid contra Vinicius Júnior.
O brasileiro, que é alvo de racistas com frequência em solo espanhol, sofre quando vai ao Metropolitano.
Em setembro de 2022, antes de um jogo do Campeonato Espanhol, torcedores cantaram “Vinicius, você é um macaco”. À época, o Ministério Público espanhol não viu a situação como crime.
O segundo episódio foi na temporada 2023/24. “Vinicius, você é um macaco” foi cantado pelos torcedores do Atlético na chegada do time merengue ao estádio do rival, antes de confronto entre os rivais.
Além disso, a torcida do Atlético de Madrid já pendurou pelo pescoço um boneco com a camisa de Vini Jr., em uma ponte em Madri, simulando um enforcamento. O episódio aconteceu em janeiro de 2023, antes de confronto pela Copa do Rei.
Reconhecida como a maior romanceira do Brasil, Dona Militana é uma figura de grande importância para a cultura são-gonçalense e do Rio Grande do Norte. Para celebrar seu legado, a Prefeitura de São Gonçalo do Amarante, por meio da Secretaria de Cultura, preparou uma programação especial em homenagem ao seu centenário.
Se estivesse viva, Dona Militana completaria 100 anos no próximo dia 19 de março.
A data foi escolhida para a realização do festival, que contará com diversas atrações culturais, ressaltando sua contribuição para a tradição dos romances populares e a valorização da cultura nordestina.
O secretário de Cultura, Glyedson Almeida, destaca a importância do evento para o município. “A gestão municipal do prefeito Jaime Calado se preparou para esse grande dia, esse grande evento, e nós, de forma muito amorosa e feliz, estamos organizando essa celebração. ”
A abertura oficial do festival será às 13h30, no Teatro Municipal, com apresentações culturais e a exposição “Vida e História de Dona Militana”, destacando sua trajetória e contribuição para a cultura popular.
A programação segue com a palestra, a mesa-redonda e o lançamento do almanaque “Militana Salustino, romanceira centenária”, escrito pela professora Maria Tereza, da Editora RN. O encerramento será com um concerto apresentado pela Banda de Música Municipal, sob a regência do maestro Aldo Correia.
PROGRAMAÇÃO:
13:30h – Abertura Oficial
Apresentação do “Meu Pequeno Cisne”.
Apresentação Hailton Mangabeira
Exposição: “Vida e História de Dona Militana”
15:00h – Palestra com a escritora Clotilde Tavares
16:00h – Mesa Redonda
Participantes: Maria Tereza, Pe. André Melo, Mestre Gláucio Teixeira, Alexandre Gurgel, Gutemberg Costa (Presidente da Comissão Norte-rio-grandense de Folclore)
18:30h – Lançamento do livro “Militana Salustino, Romanceira Centenária: Almanaque Histórico”
Maria Tereza de Oliveira
19:30h – Concerto em homenagem ao Centenário Dona Militana com a Banda de Música Municipal e regência do Maestro Aldo Correia.
Artistas Locais Convidados: Regional Romanceiros, Nelson Coelho e Mestre Gláucio Teixeira.
A vereadora Samanda Alves (PT) quis lacrar, mais uma vez, na Câmara Municipal de Natal, reclamando que o prefeito Paulinho Freire não podia escolher um homem para ocupar o cargo de secretário-adjunto da Secretaria das Mulheres.
O problema é que ela parece que esqueceu que a teoria do PT é uma e a prática é outra. Leo Souza e Kleber Fernandes citaram logo a indignação seletiva, que impediu Samanda de reclamar da troca do Ministério de Lula, onde mulheres deixaram os cargos, todas substituídas pelos homens.
O presidente Lula (PT) afirmou nesta quarta-feira (12) que quer ter uma boa relação com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) e por isso colocou uma “mulher bonita” na articulação política do governo com o Congresso, se referindo a secretária Gleisi Hoffmann.
A fala do presidente gerou revolta entre jornalistas da Globo News que não aceitaram a fala do presidente. Uma das jornalistas se pronunciou e comentou que a fala era “inadmissível”.
A Receita Federal divulgou, nesta quarta-feira (12/3), as regras para o Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) em 2025. O prazo para enviar a declaração começará às 8h de 17 de março e terminará às 23h59 de 30 de maio.
Quem não entregar ou atrasar a entrega dos documentos ao Fisco terá que pagar multa no valor mínimo de R$ 165,74 e, no valor máximo, de correspondente a 20% do Imposto sobre a Renda devido.
A declaração pré-preenchida com ganhos e deduções declarados pelas entidades pagadoras e recebedoras só estará disponível ao contribuinte a partir de 1º de abril. Quem quiser enviar a declaração antes terá de preenchê-la.
O anúncio do novo IR foi realizado no auditório do Ministério da Fazenda, pela equipe econômica do ministro Fernando Haddad.
O IRPF 2025
Início do prazo para entrega das declarações é segunda-feira (17/3) e termina em uma sexta-feira (31/5).
Apenas em 1º/4 haverá a liberação da declaração pré-preenchida.
O cronograma de pagamento dos lotes de restituição começa em 30/5 e vai até 30/9, em cinco lotes.
Isenção até R$ 5 mil
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou, no dia 27 de setembro de 2024, que as pessoas com renda mensal de até R$ 5 mil ficarão isentas do Imposto de Renda. No entanto, o alívio no pagamento dos tributos será válido a partir de 2026. O texto ainda precisa passar pelo Congresso Nacional para que tenha validade.
O governo brasileiro classificou como “injustificável e equivocada” a manutenção da decisão dos Estados Unidos de elevar para 25% as tarifas sobre as importações de aço e alumínio, além de cancelar os arranjos vigentes sobre quotas de importação desses produtos.
A medida, que passou a valer na madrugada desta quarta-feira (12), afeta diretamente as exportações brasileiras, que somaram US$ 3,2 bilhões em 2024. O Brasil é o segundo maior fornecedor de aço aos norte-americanos.
Em nota conjunto dos Ministérios do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e Relações Exteriores, o governo brasileiro lamentou a decisão e afirmou que, diante do impacto da medida, vai acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) e continuar buscando, em coordenação com o setor privado, medidas para defender os interesses nacionais.
“Em reuniões já previstas para as próximas semanas, avaliará todas as possibilidades de ação no campo do comércio exterior, com vistas a contrarrestar os efeitos nocivos das medidas norte-americanas, bem como defender os legítimos interesses nacionais, inclusive junto à Organização Mundial do Comércio”, diz o texto.
O governo ainda ressaltou que a imposição de barreiras unilaterais prejudica o comércio entre os dois países, ignorando o histórico de cooperação econômica.
“Segundo os dados do próprio governo estadunidense, os EUA mantêm um superávit comercial de longa data com o Brasil, que foi, em 2024, da ordem de US$ 7 bilhões, somente em bens.”
De acordo com a nota, o setor siderúrgico brasileiro tem papel relevante na indústria dos EUA, que importa 60% de seu aço semiacabado do Brasil, equivalente a US$ 2,2 bilhões.
Além disso, o Brasil é o terceiro maior importador de carvão siderúrgico norte-americano, com compras de US$ 1,2 bilhão.
O ovo de galinha e o café moído, dois produtos tradicionais da mesa do brasileiro, registraram inflação de dois dígitos em fevereiro, segundo dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) divulgados nesta quarta (12) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A alta dos preços do ovo foi de 15,39% no mês passado. É a maior inflação mensal desde o início do Plano Real. Na série histórica do IPCA, uma elevação mais intensa do que essa havia sido registrada em junho de 1994 (56,41%), antes de o real entrar em circulação.
Já o café moído teve inflação de 10,77% em fevereiro. É a maior em 26 anos, desde fevereiro de 1999 (12,55%).
O café está em trajetória de alta no IPCA desde janeiro de 2024. Segundo Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa do IBGE, problemas de safra têm levado a uma disparada das cotações no mercado internacional.
“O café teve quebra de safra no mundo, e a gente continua com essa influência”, disse.
Gonçalves afirmou que uma combinação de fatores está pressionando os preços dos ovos. O técnico citou três questões: a maior demanda em razão do retorno das aulas no país, as exportações devido a problemas de gripe aviária nos Estados Unidos e os impactos do calor na oferta no Brasil.
“O tempo quente influencia a produção dos ovos, o bem-estar das aves”, disse.
Os dois produtos pressionaram a inflação do grupo alimentação e bebidas no IPCA. A alta dos preços desse segmento foi de 0,70% em fevereiro. A taxa, contudo, foi menor do que a de janeiro (0,96%).
As quedas dos preços de mercadorias como batata-inglesa (-4,10%), arroz (-1,61%) e leite longa vida (-1,04%) ajudaram a conter o resultado de alimentação e bebidas. Banana-d’água (-5,07%), laranja-pera (-3,49%) e óleo de soja (-1,98%) também mostraram baixas.
Em 12 meses, a inflação acumulada por alimentação e bebidas está em 7%. É a maior dos nove grupos do IPCA. Educação (6,35%) aparece na sequência.
A carestia da comida virou dor de cabeça para o governo Lula (PT) em um momento de queda da popularidade do presidente.
Em busca de uma redução dos preços, o governo anunciou que vai zerar a alíquota de importação de produtos como carne, café, milho, óleos e açúcar.
Associações de produtores, por outro lado, afirmaram que a medida é inócua. A ausência de fornecedores competitivos é apontada como uma das explicações para essa análise.
Lula prometeu, em campanha, que o povo iria comer picanha. Não cumpriu a promessa. Para 2026, com a população cada vez mais pobre, vai prometer e ovo e café. E o brasileiro vai se contentar, já que ele não cumpre o que promete, com pão e água. Viva o PT!
Não sei que cálculo é este, pois ovo subiu mais de 110% (11,99 para 26,99) e café já vai em mais de 200% (4,99 para 15,99)
Mas….. Tá caro não compra!!!
“Driblar os preços.” É assim que Ionara de Jesus, de 43 anos, tenta explicar sua única estratégia para alimentar a casa onde vive com três filhos, de 24 (uma moça acamada), 15 e 13 anos, no Parque Santo Antônio, na periferia de São Paulo. Enquanto a DW atravessa os corredores de um supermercado do bairro da Zona Sul com ela, porém, dá para ver que, com a atual inflação, os dribles estão sendo menos possíveis.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação dos alimentos chegou a 7,69% no ano passado – um valor bem acima do 1,11% registrados em 2023. No acumulado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 12 meses até fevereiro, houve uma pequena desaceleração em comparação com janeiro (7,49%), mas seguiu em alta 7,12%.
Realidades como a de Ionara têm preocupado o governo federal desde o fim de 2024, mas, depois que atingiram a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se transformaram num verdadeiro entrave. Na última investida, há alguns dias, o Planalto retirou impostos de importação de alguns produtos básicos, como café, açúcar, azeite de oliva e sardinha.
“Ainda que uma inflação de alimentos caia, inevitavelmente, na conta de qualquer governo, fato é que a atual administração tem pouca responsabilidade no que está acontecendo”, explica o economista André Braz, do FGV-Ibre, no Rio de Janeiro.
Segundo Braz, a alta no preço dos alimentos se deve a fatores que vão de resquícios da pandemia de covid-19 a questões climáticas, que fizeram produtos como o café e o azeite dispararem, por exemplo. “A única coisa que podemos culpar esse governo é pela valorização do dólar causada pela incerteza fiscal”, continua.
Mudança no carrinho
Vinculada há cerca um ano ao POT (Programa Operação Trabalho), da prefeitura de São Paulo, desde que ficou viúva, Ionara de Jesus recebe R$ 1.500 mensalmente – um salário mínimo – fazendo algumas atividades esporádicas do projeto, como fiscalizar barracas de feiras de rua ou tecer tapetes.
Como a renda não é suficiente para alimentar a família o mês inteiro, ela confia em doações de cestas básicas para completar a despensa. No bairro, esse circuito é intermediado pelo Instituto Josefina Bakhita, ligado à ONG Ação da Cidadania, sediada no Rio de Janeiro.
É por isso que ali, diante das gôndolas, os “dribles” de Ionara têm que ser certeiros. Um deles é no feijão que, ao invés do tipo tradicional (R$ 7 por quilo), agora ela substitui pelo fradinho, quase pela metade do preço. “E eu vou adicionando água toda vez que requento a panela. Vai rendendo mais”. Depois, diante das farinhas de trigo, ela corre para pegar um pacote, explicando que, com ele, dá para “inventar” um tipo de “bolinho de chuva” que sempre ajuda a matar a fome.
Outro “drible” é sobre o café que, vendido por R$ 32 em uma embalagem de 500 gramas, é trocado há alguns meses por uma caixinha de chá – dessa vez, de capim-santo, mas podia ser de camomila, diz Ionara. Mudar o sabor é um jeito de burlar o desejo. “Estamos aprendendo a depender menos de cafeína”, sorri, encabulada. Alguns minutos depois, quando ela retorna involuntariamente ao corredor do produto, revela à DW outra estratégia recente. “A gente reveza lá em casa: cada dia um de nós toma café. Daí o pacote dura mais.”
Já alguns itens que faziam parte da compra doméstica – ultraprocessados, como bolachas e salgadinhos, mas também laticínios, como iogurtes e queijos – foram sumariamente tirados da lista. “Se não sobra dinheiro nem para comprar fruta na feira, como vou comprar essas coisas?”, questiona.
Carcaça de frango e suã de porco
A advogada Léa Vidigal, que acabou de lançar o livro Direito Econômico e Soberania Alimentar, lembra como, em meio à alta no preço dos alimentos, o risco de que famílias mais pobres tenham um acesso precário às proteínas se intensifica, “o que é grave, porque a falta delas tem uma série de prejuízos à formação das crianças, por exemplo”, observa. “A desigualdade se mede muito pela qualidade dos alimentos que as pessoas das diferentes classes comem.”
Na casa de Ionara, a presença diária de carne vermelha na mesa cessou há mais ou menos seis meses, quando o preço dos bovinos disparou além do que ela podia pagar. Segundo o IBGE, essa elevação foi de mais de 20% só em 2024. Hoje, entre dois e três dias da semana, ela e os filhos comem apenas arroz e feijão, sem nada mais.
“Eles não gostam de salsicha”, lamenta, contando que, com o ovo mais caro, ela perdeu um dos substitutos comuns das classes mais baixas diante da impossibilidade de comer carne.
Mas Ionara tem outras estratégias: uma é a carcaça de frango, que não se vende no supermercado, mas é facilmente encontrada em granjas do bairro. Custa cerca de R$ 30 e pesa em torno de 4 kg. “E daí a gente inventa, né? Faz uma sopa, refoga, cozinha uma canja, e ela vai durando umas duas semanas. Às vezes até mais.”
Outra é a espinha do porco, que se encontra nos açougues pelo nome de suã. É uma mistura de osso, carne e gordura suína. Ionara o encontra por R$ 10 o quilo. “A gente faz a festa com isso! “, sorri de novo. Com as doações dando conta do suprimento de carboidratos (macarrão, arroz, farinha), uma vez ou outra ela tem conseguido comprar ovos ou até mesmo peças bovinas, como acém (R$ 32 o quilo). “Mas o dinheiro ainda é muito pouco.”
De fato, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), uma cesta básica em São Paulo estava custando cerca de R$ 851 em janeiro deste ano – ou 56% de um salário mínimo. Segundo o Dieese, diante da inflação, o salário mínimo necessário para sustentar uma família de quatro pessoas deveria ser de R$ 7.156,15.
Invadir propriedade privada sem autorização do proprietário é crime.