As eleições para a presidência da OAB Mossoró deveriam ser um espaço de debate qualificado sobre o futuro da advocacia, mas estão sendo marcadas por ataques e baixarias. Lorena Gualberto, única candidata mulher, enfrenta tentativas constantes de desviar o foco de sua candidatura com ataques pessoais e estratégias de deslegitimação, evidenciando um dos principais motivos que afastam as mulheres do meio político: a violência política de gênero.
Nos últimos meses, Lorena foi alvo de narrativas que exemplificam como as mulheres em posições de liderança são frequentemente julgadas por questões irrelevantes, em vez de suas competências. Primeiro, espalhou-se o boato de que, se eleita, quem “governaria” seria o marido – uma suposição que desconsidera sua trajetória e capacidade profissional. Em seguida, surgiram acusações contra o marido dela, usadas como ferramenta para enfraquecer sua imagem pública. Essa estratégia dificilmente seria aplicada a um homem em posição semelhante.
A Importância da Ética Jornalística
É importante destacar que a ética jornalística desempenha um papel crucial na cobertura de temas sensíveis, especialmente quando envolvem processos que tramitam sob segredo de justiça. A divulgação de informações incompletas ou sem comprovação não apenas compromete o princípio da presunção de inocência, mas também pode transformar a imprensa em uma ferramenta de linchamento moral. Mas porque trazer essa notícia à tona? Essa abordagem revela um ponto central: o marido de Lorena não é candidato. Ela é a candidata. No entanto, parece que muitas pessoas esqueceram disso. Nunca a esposa de um candidato homem recebeu o protagonismo que o marido de Lorena está tendo, e isso é mais um exemplo claro da disparidade de tratamento entre homens e mulheres. Lorena possui sua própria trajetória, suas próprias ideias, sendo uma figura independente.
Se eu pudesse dar um conselho a ela, diria para não responder a essas supostas acusações. Lorena, concentre-se em uma campanha voltada para a advocacia, que é o tema central e a principal preocupação dos eleitores da OAB. É lamentável ver uma instituição tão renomada reproduzir práticas que, na verdade, afastam as mulheres dos espaços de poder e decisão.
É fundamental reafirmar que o debate precisa voltar ao campo das ideias e propostas. O uso de uma acusação em segredo de justiça contra o marido como instrumento de ataque não só viola o princípio da presunção de inocência, mas também reflete o machismo que insiste em responsabilizar a mulher pelos atos de terceiros. Ora, se fosse, pois, verdade, não deveria Lorena, seguindo o ordenamento jurídico, ser a primeira a defender o marido, respeitar a presunção de inocência e aguardar que as provas sejam apresentadas à Justiça? E o que fazer com quem acusa, senão demitir? Qualquer pessoa, homem ou mulher, deixaria alguém que a acusa de assédio continuar trabalhando no próprio escritório? É, no mínimo, uma cobrança de posicionamento ilógica.
Lorena enfrenta algo ainda maior: a violência política de gênero, que se manifesta em ataques à sua reputação, pressões psicológicas e tentativas de desqualificação. Essas práticas são uma das principais barreiras que afastam as mulheres de posições de liderança, inclusive em entidades de classe como a OAB.
Apoio Feminino e Símbolo de Inspiração
Lorena conta com o apoio de outras mulheres que têm liderado transformações na advocacia, como Bárbara Paloma Vasconcelos, ex-presidente da OAB Mossoró, que teve uma gestão histórica na subseccional e atualmente é candidata a vice na OAB RN.
No fim das contas, a candidatura de Lorena não é apenas uma disputa pela presidência da OAB Mossoró. É também um símbolo de resistência, força e coragem para todas as mulheres que sonham com um futuro onde liderar não seja motivo de ataque, mas sim de inspiração.
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