Por VEJA
Os candidatos do PSDB e do PT ao governo de São Paulo protagonizaram nesta segunda-feira uma dura troca de farpas. No rádio, o governador e candidato à reeleição, Geraldo Alckmin (PSDB), levou ao ar um programa no qual acusa o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT) de ser “incompetente” e de “mentir” aos eleitores. O spot tucano também taxou o candidato como “Padilha do PT” – para vinculá-lo à rejeição ao partido no Estado – e disse que dos últimos quatro candidatos do partido ao cargo dois estão presos – alusão aos mensaleiros José Genoino (candidato em 2002) e José Dirceu (candidato em 1994). Em São José do Rio Preto (SP), Padilha rebateu o tucano cobrando que ele compareça aos debates na TV. “Seja homem”, disse o petista. Padilha busca uma polarização com Alckmin para tentar salvar a própria campanha do pior desempenho do PT paulista desde a candidatura de Genoino.
A propaganda de Alckmin foi ao ar pela primeira vez no rádio pela manhã. A estratégia dos tucanos é tentar barrar qualquer migração de votos para o petista nas últimas semanas de campanha, a fim de encerrar a disputa ainda no primeiro turno. Segundo o Datafolha, Alckmin lidera com 49% de intenção de voto, contra 22% de Paulo Skaf (PMDB) e apenas 9% de Padilha. Esta é a segunda vez que Alckmin alfineta os adversários no rádio. Ele já havia usado o meio para expor o peemedebista com o funk ostentação do Skaf, acusado de ser “barão”, “mandão” e de ficar distante do povo.
Os locutores do programa tucano afirmaram que a gestão de Padilha na Saúde deixou de investir 12 bilhões de reais, não enviou dinheiro para custeio dos Ambulatórios Médicos de Especialidades (AMEs) do Estado e fechou 8.000 leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o país. Uma paródia da cantiga popular Samba Lelê rimou os versos: “Deixou a Saúde doente / Deixou a Saúde quebrada / Santa incompetência é o Padilha / Santa incompetência é o PT / Padilha e o PT incompetentes / Eles mentem para você”.
“Como ele pode querer ser governador de um Estado tão importante como São Paulo se ele não teve competência nem para administrar o Ministério da Saúde? É, gente, não dá para confiar no Padilha do PT se ele já demonstrou tanta incompetência”, dizem os locutores do programa de Alckmin. “Vocês sabiam que dos últimos quatro candidatos que o PT apresentou para o governo de São Paulo dois estão presos? Pense nisso.”
Homem – A reação do petista veio à tarde. Durante agenda no interior paulista, Padilha classificou os ataques de Alckmin de “absurdos” e disse que o governador está com “medo” e “descontrolado”. Padilha também criticou “mentiras” do tucano e disse ter expandido as redes de distribuição de medicamentos do Farmácia Popular e de Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs), além de ter lançado o Mais Médicos. Segundo Padilha, programas estaduais como o Dose Certa e os AMEs foram reduzidos: “O atual governador puxou o freio de mão. Eu desafio ele a debater comigo os dados da Saúde, o que expandiu na minha gestão de três anos e o que recuou na saúde dele”.
“O programa de rádio dele é o sinal do desespero. Pare de fugir do debate, senhor candidato Alckmin. Pare de contratar ator para fazer isso. Seja homem! Venha debater junto comigo, frente a frente”, disse Padilha. “Pare de fugir de suas responsabilidades. O eleitor não vai votar em ator.”
Na TV, Padilha já havia adotado a “estética da escuridão” contra Alckmin e Skaf. O tucano foi apresentado como o governador das “promessas não cumpridas”, ao lado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do ex-governador paulista e candidato ao Senado, José Serra, ambos do PSDB. Skaf, como o candidato dos patrões. O peemedebista abriu a temporada de ataques no horário eleitoral em seu primeiro programa televisivo: disse que Alckmin governava “sem tesão“.
Efeito teflon.
Nesta eleição, em São Paulo Alckmin parece a bola da vez. Navegando num efeito inercial de campanha semelhante a outros já visto em outras eleições, nada parece conseguir tocá-lo: PM acuada por PCC, falta de água, violência, transporte caótico, nada, mas nada mesmo pega no virtual candidato a reeleição.
Efeito semelhante parece viver Pimentel em MG e Lula a nível Nacional. Quanto mais se bate neles,mais eles crescem.