
No depoimento, o alvo detalhou sua relação com os líderes do esquema e descreveu como emprestou seu nome para negócios e movimentações financeiras. Operação Amicis.
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Um dos alvos da investigação que apura um esquema de lavagem de dinheiro em Natal na Operação Amicis, Lucas Ananias Lopes Silveira de Sousa prestou depoimento às autoridades e confrontou a acusação de “laranja” que lhe é atribuída. Segundo afirmou, ele foi enganado por João Eduardo Costa de Souza, conhecido como “Duda”, e Layana Soares da Costa.
No depoimento, Lucas detalhou sua relação com os líderes do esquema e descreveu como emprestou seu nome para negócios e movimentações financeiras controladas por Duda e Layana.
Quiosque de fachada
O ponto de partida da parceria, segundo Lucas, foi o convite de Duda para abrir um quiosque de suplementos, em agosto ou setembro de 2023. Eles se conheceram na academia Pulse. Lucas aparecia como único sócio formal da empresa, mas afirma que a gestão do negócio era inteiramente feita por Duda e Layana.
Ele declarou ter investido R$ 10 mil em mercadorias e atuava na parte técnica, com base em sua experiência no setor e que tinha recursos disponíveis após ter morado três anos nos Estados Unidos. Apesar disso, todas as decisões de compra e administração partiam do casal. A conta bancária da empresa era acessada por ele e também por Duda e Layana.
Empresas e contratos
Lucas contou que o contador do quiosque, José Ildo Pereira Leonardo, era ligado a Duda e que nunca o conheceu pessoalmente. Toda a documentação da empresa foi assinada digitalmente por orientação do suposto líder do esquema.
Além disso, Lucas admitiu ter autorizado o uso do próprio nome para registrar veículos comprados por Duda. Um deles, uma Land Rover Discovery, teve financiamento assinado por Lucas, embora os pagamentos estivessem sob responsabilidade de Duda — que teria começado a atrasá-los. Outra caminhonete, uma Triton L200, está registrada em nome da empresa L.A. Suplementos, ligada a Lucas.
Movimentações financeiras
Chamam atenção as transações feitas por meio da empresa L.A. Serviços de Saúde, também em nome de Lucas. Segundo ele, foram transferidos R$ 151 mil para a empresa LL Construções e Locações de Máquinas Ltda., inicialmente registrada em nome de Luanderson Lima e depois passada para João Pereira Neto, outro investigado. A L.A. Serviços de Saúde teria movimentado cerca de R$ 645 mil em apenas quatro meses.
Lucas disse desconhecer transferências feitas para a empresa NP Locações e Serviços, alegando que a gestão financeira era conduzida por Duda e Layana.
“Eu fui totalmente vítima e acredito que quando vocês puxarem conversas aí, você vai ver eu cobrando a ele [Duda], eu cobrando a irmão dele, eu compartilhando com amigos a minha indignação por ele ter comprado um carro no meu nome e não ter honrado os pagamentos“.
Quando questionado se alguém pode ter transferido a empresa sem o seu consentimento, Lucas responde com firmeza: “Com certeza, com certeza. Não tenho um pensamento disso”. Ele menciona que o contador, José Hildo, com quem ele “nunca nem vi pessoalmente”, tinha a senha do GOV.br e acesso para movimentar documentos digitalmente.
Polícia vê indícios de lavagem
De acordo com a investigação, Lucas Ananias compõe o chamado “Núcleo Fungível” do grupo, sendo usado como interposto para ocultar patrimônio. Os investigadores apontam que ele mantém um estilo de vida de “influencer” e possui um patrimônio incompatível com sua renda.
Além da Discovery e da Triton L200, uma BMW 320i Active Flex 2018 também está registrada em seu nome. O contador José Ildo é citado pela polícia como responsável pela abertura de empresas de fachada e alterações contratuais fraudulentas.
A apuração continua sob sigilo, com os investigadores aprofundando as conexões entre os envolvidos.
Com Blog do Dina
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