Por Daniel Menezes, Cientista Político, Doutor em Ciências Sociais (UFRN).
Talvez, a principal realização do primeiro ano de gestão de Robinson Faria no âmbito da segurança foi falar e planejar, a partir da verdade. Sem o subterfúgio da maquiagem. A alteração de rota não pode ser pensada como algo menor.
Historicamente, os dados sobre homicídios, assaltos, etc, eram bastante contestados. A própria secretaria de segurança produzia ingerências sobre os números para sair bem na foto. Não era raro a refutação fundamentada vir de todos os cantos – da OAB, de estudos acadêmicos, da união e associações de classe. Os boletins do governo caíram em descrédito. E com razão.
É nesse sentido que a instauração da Câmara Técnica, órgão ligado a secretaria de segurança pública do RN, mas com autonomia para compor e auditar os números, representa uma mudança significativa.
Institucionalizada pela atual administração estadual, a Câmara Técnica é composta por membros da OAB, Secretaria de Segurança, polícias, especialistas da UFRN, UERN, UFERSA, Tribunal de Justiça, representantes da sociedade civil organizada. Hoje, mesmo que um setor isolado deseje, é praticamente impossível publicizar índices sobre homicídio, assaltos ou outras condutas criminosas no RN, sem que o resultado fraudado ganhe a luz do dia. Este giro caracteriza um marco na gestão da segurança no RN.
Ainda assim, a desconfiança do cidadão para com a diminuição da violência divulgada pelo governo existe. Mas o pé atrás do eleitor tem a ver com a sensação de insegurança. Atualmente, as notícias sobre homicídios, por exemplo, ganham rapidamente a internet, os blogs, as redes sociais. Qualquer situação isolada é amplamente compartilhada no facebook, no twitter, o que engrossa o caldo do medo.
(Uma hipótese – dada a maneira como a violência ganhou centralidade na agenda pública, os blogs policiais contraíram mais relevância sobre a composição da aprovação do governo e atuação dos atores políticos)
A oposição também coloca pimenta na panela de pressão. Os perfis ligados ao grupo que perdeu em 2014 no RN passam o dia nas redes sociais, alardeando todo e qualquer acontecimento deletério no âmbito da segurança. A mesma cobertura não é dada quando a polícia funciona e a prisão acontece. A oposição se organiza para vender o fim do mundo como próximo. Mas faz parte.
Em todo esse processo de mudança, a comunicação do governo não soube, ao menos até o presente momento, apresentar a sociedade tal alteração no jeito de racionalizar às ocorrências no RN. Não conseguiu demonstrar que os membros da Câmara Técnica emprestam pujante credibilidade aos números em debate.
Por exemplo, Thadeu Brandão, professor efetivo de sociologia da UFERSA, é doutor na área de Ciências Sociais e especialista em estudos sobre violência. É um pesquisador qualificado sem qualquer ligação política e/ou financeira com o governo. Ele é um dos elaboradores e auditores dos dados. E o referido docente não é exceção, mas a regra.
Em 2015, as estatísticas sobre violência tiveram uma pequena queda. Diante do negativo quadro nacional e a situação herdada de outros governos, foi uma diminuição importante. E é preciso mais. Porém, o aspecto relevante é que agora, sem dúvida, é possível confiar naquilo que é veiculado pela Sesed/RN. Para o bem e para o mal.
Como tem gente insensata, fazer estatística em cima de um Governo com 11 meses, sejam justos, tem gente boa e competente trabalhando para dar o melhor para a população. não atrapalhe ajude, independentemente do lado você está.
A situação ainda é alarmante, mas percebo uma ligeira melhora em relação aos últimos 2 anos por exemplo. 3 ou 4 anos de trabalho sério (o que parece estar ocorrendo atualmente) quiçá traga melhorias mais visíveis. O que anda muito complicado é a situação das penitenciárias. Degradante e desumana e sem controle estatal ao que me parece (vide as destruições contínuas). Paralelo a isso, e tão ou mais importante, é termos um Judiciário mais ágil e eficiente, escolas de tempo integral e esporte para crianças e adolescentes e famílias que efetivamente cuidem da educação e dos valores de seus filhos.
Não duvido da ética e profissionalismo dos doutores em ciências sociais, colegas honrados que tenho respeito e admiração. Porém, os números que chegam as mãos desses profissionais para ser compilados, parece que não condiz com a realidade. Não precisa ser nenhum doutor ou especialista em segurança pública para observar que a violência aumentou, e muito, no ano de 2015. É só perguntar a qualquer jovem estudante, trabalhador ou dona de casas que pega ônibus se eles viajam tranquilos na sua rota diária . Perguntem também a qualquer proprietário de pequenos comércios,ou dono de supermercado na periferia de Natal, se eles se sentem seguros em seus estabelecimentos. Conversem com os polícias, funcionários de bancos e agências dos correios no interior do Estado para ver o que eles vão dizer sobre a segurança nos 167 municípios do Estado. Diga para seus filhos que saiam para se divertir sem medo nas madrugadas de Natal que eu quero ver. Ao invés de se preocupar em apresentar números e comparações, os ilustres membros dessa douta câmara técnica deveriam se preocupar em mostrar planos, ações e projetos para combater a violência e o seu principal vetor: às drogas. Tratar as mortes violentas e os crimes cometidos diariamente em nosso Estado apenas como estatística não vai ajudar em nada na melhoria da imagem do poder público diante da população. Espera-se bem mais que isso de um governo que tem sua principal bandeira a segurança pública.
"Maldito homem que confia no outro". Bem, não defendo nenhum Governo, mas a verdade é que se nos governos anteriores maquiavam os números da escalada da violência, ainda dava pra andar com certa tranquilidade e ficar nas calçadas menos preocupado com assaltos, entretanto, apesar de dizerem que os números tem diminuído, percebemos que isso, hoje em dia não ocorre. O ano de 2015 ainda não terminou muitos crimes ainda irão acontecer, então deixemos para comparar números quando terminar o ano.