Judiciário

Procuradores da Lava-Jato criticam decisão que soltou Dirceu

O procurador Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba – Heuler Andrey/DiaEsportivo / Agência O Globo / Agência O Globo

Procuradores do Ministério Público Federal ligados à Lava-Jato usaram as redes sociais para reagir às decisões da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal nesta terça-feira.

Durante a sessão, além de decidir pela libertação do ex-ministro José Dirceu, condenado em segunda instância pela Lava-Jato, os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski também libertaram o ex-tesoureiro do PP, João Genu, o operador Milton Lyra e também anulou provas recolhidas em buscas no apartamento funcional da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e trancou a ação penal contra o deputado estadual Fernando Capez pelo escândalo que ficou conhecido como “máfia das merendas”.

Coordenador da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol afirmou que a decisão pode reforçar a sensação de impunidade para os poderosos.

— São imenso retrocesso em termos de império da lei. É esse Brasil que queremos? — questionou.

Decisões dos Ministros Gilmar, Toffoli e Lewandowski sobre preventivas e execução provisória tiram o Brasil dos trilhos que poderiam conduzir ao rompimento da impunidade dos poderosos. São imenso retrocesso em termos de império da lei (rule of law). É esse Brasil que queremos?

Para Dallagnol, os ministros desrespeitaram a decisão do plenário do Supremo Tribunal Federal que decidiu, em 2016, pela possibilidade de prisão após a condenação em segunda instância, a chamada execução provisória da pena.

A procuradora Monique Cheker, da força-tarefa da Lava-Jato no Rio de Janeiro, criticou o mandato vitalício de ministros do Supremo.

— Hoje, infelizmente, vitaliciedade para alguns ministros do STF virou base para o cometimento dos maiores arbítrios, sem sombra de responsabilidade — disse.

Hoje, infelizmente, vitaliciedade p/ alguns Ministros do STF virou base p/ o cometimento dos maiores arbítrios, sem sombra de responsabilidade. Como não são eleitos, a pressão popular ou da imprensa pouco importa. E ainda têm direito a área VIP em aeroportos, bem longe do povo.

A procuradora da força-tarefa da Lava-Jato em São Paulo, Thaméa Danelon, citou outro procurador, Roberson Pozzobon, de Curtibia, para também criticar o tribunal.

— STF deve ser o guardião da Constituição e não da injustiça e da impunidade — disse.

Também da força-tarefa paulista da Lava-Jato, a procuradora regional Janice Ascari indicou que as decisões do STF podem impactar o entendimento de juízes em instâncias inferiores.

— Preciso parar de tentar entender as estranhas decisões do STF. E não pensar no quanto elas impactam violentamente os milhares de processos aqui no andar de baixo — disse.

Preciso parar de tentar entender as estranhas decisões do STF. E não pensar no quanto elas impactam violentamente os milhares de processos aqui no andar de baixo.

DECLARAÇÕES FORAM ALVO DE PROCESSOS ADMINISTRATIVOS

O uso das redes sociais por procuradores já foi alvo de processos internos dentro do Ministério Público. O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima respondeu ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) em maio deste ano após ter chamado o presidente Michel Temer de “leviano”.

Em abril, Deltan Dallagnol foi acusado pelos deputados federais Paulo Pimenta (PT-RS) e Wadih Damous (PT-RJ) no Conselho Nacional do Ministério Público por ter anunciado que faria um jejum durante o julgamento do habeas corpus do ex-presiente Lula, que poderia evitar a prisão do petista.

“Uma derrota significará que a maior parte dos corruptos de diferentes partidos, por todo país, jamais serão responsabilizados, na Lava-Jato e além. O cenário não é bom. Estarei em jejum, oração e torcendo pelo país”, escreveu Dallagnol no Twitter à época.

O Globo

 

Opinião dos leitores

  1. A Sehunda Turma está apenas cumprindo o texto Constiticional rasgado pela maioria dos Ministros indivados também por políticos que recorrentemente atropelam a Constituição. Para aplicar a prisão em segunda instância tetia que uma noca Constituição ser promulgada prevendo em seu tecto essa determinação. A atual proibe. Simples assim. Agora até papagaio fala. Mudem a Constituição e podem exigir seu cumprimento. Hoje essas prisões são todas ilegais.

  2. É no q dá ministros do supremo sererm indicados por políticos, vão ser sempre subservientes,isso quando ñ fazem parte do bando!! Enquanto a população assisti de mãos atadas ,os desmandos, à insanidade, os destemperos dos ministroZECO. E agora José? Q medida tomar contra esses seres abomináveis, q apesar do despreparo,tem cargo vitalício e acha q pode tudo!!

  3. Um Brasil de dois pesos e duas medidas.
    Marco Aurélio dar entrevista falando que houve inconstitucionalidade em determinadas situações sem apontar onde e como, pode!
    Mas Procuradores e Juízes criticarem o STF por votar em um sentido e dar decisões de forma oposta ao que foi decidido em plenário pode e fica por isso mesmo????
    Com certeza esse país desmoralizado que a segunda turma do STF faz questão de criar, não é o país que o povo brasileiro quer!

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Judiciário

Decisão do MP pode afetar procuradores da Lava-Jato

A subprocuradora-geral da República Raquel Dodge elaborou a resolução – Jorge William / Agência O Globo

Uma resolução que será colocada em votação nesta segunda-feira no Conselho Superior do Ministério Público Federal poderá gerar transtornos para os trabalhos da Operação Lava-Jato, na avaliação de pessoas do gabinete do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A proposta estabelece limites para a cessão de procuradores a outras unidades do MP. Na prática, a medida deve gerar mudanças na equipe de Janot e pode afetar até a força-tarefa que atua no caso em Curitiba. Dos dez conselheiros, três já votaram a favor da resolução.

A proposta foi feita pela subprocuradora-geral da República Raquel Dodge. Somente poderão ser cedidos 10% dos procuradores lotados em determinada unidade. No caso da Procuradoria Regional do Distrito Federal, por exemplo, oito dos 29 procuradores atuam na PGR, quase 30%. No total, são 41 os procuradores cedidos à PGR, sendo que dez se dedicam à Lava-Jato.

Na avaliação de integrantes do gabinete de Janot, uma mudança na composição imposta pelo Conselho Superior do MPF poderia gerar descontinuidade em algumas investigações, pois os procuradores que chegassem precisariam de tempo até tomar pé dos processos. A PGR é responsável pela investigação de quem tem foro privilegiado e atua em processos junto aos tribunais superiores. O órgão tem também liderado a celebração de grandes acordos de delação premiada que envolvem dezenas de políticos, como o fechado recentemente com a Odebrecht e o que está em negociação com a OAS.

ANDRADA DEVE VOTAR CONTRA

A resolução fixa ainda um prazo máximo de quatro anos para que o procurador atue fora do seu órgão de origem. Essa medida poderá afetar profissionais que atuam em Curitiba (PR) no próximo ano, visto que a Lava-Jato já dura mais de três anos.

O tema foi levado ao plenário do Conselho pela primeira vez em dezembro e três conselheiros apoiaram a proposta. Número dois na PGR, Bonifácio de Andrada pediu vista, e a expectativa é de que apresente voto contrário na sessão de hoje. O site Buzzfeed revelou na semana passada a preocupação no gabinete de Janot com a medida.

Presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Robalinho Cavalcanti nega que a medida possa enfraquecer a Lava-Jato. Ele afirma que todos os procuradores têm condições de levar adiante os trabalhos da operação.

— Não há ninguém insubstituível. A Lava-Jato é um trabalho da instituição, ela não é um trabalho de apenas alguns colegas, por mais brilhantes que eles sejam — afirmou Robalinho, destacando que o próprio Janot já fez alterações em sua equipe por outros motivos.

Como alternativa, conselheiros discutem a possibilidade de alterar o percentual ou até definir que os limites sejam aplicados somente no próximo mandato de procurador-geral, que começa em setembro. Não há vedação legal para que Janot dispute um terceiro mandato, mas ele ainda não se decidiu. O processo de votação entre os procuradores deve começar no próximo mês e ser encerrado até o fim de junho. A ANPR encaminha uma lista para o presidente Michel Temer com os três mais votados. Ele não precisa seguir o resultado da votação, mas já declarou pouco depois de tomar posse que nomearia o primeiro da lista.

O Globo

 

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