Polícia

Ministério Público denuncia policial penal que matou duas pessoas e sequestrou outra em Natal

Foto: redes sociais

Dois meses após os crimes, o Ministério Público do Rio Grande do Norte denunciou o policial penal Victor Hugo de Souto Valença por dois latrocínios consumados, que tiveram como vítimas o estudante João Victor Munay, de 21 anos e o motorista por aplicativo Marcelo Cavalcanti, de 27 anos.

Victor Hugo também deverá responder por uma tentativa de latrocínio contra a mãe de João Victor e por roubo majorado, com uso de arma de fogo.

Como parte dos crimes ocorreu em Pernambuco, onde ele foi preso, o Ministério Público pernambucano denunciou o policial penal do Rio Grande do Norte por sequestro qualificado, além de extorsão. Victor Valença continua detido no sistema penitenciário pernambucano. A Inter TV Cabugi não localizou a defesa do policial penal.

A série de crimes aconteceu no dia 9 de julho deste ano, um sábado. Victor Hugo foi preso no mesmo dia, após ser apontado como autor dos assassinatos em sequência.

O primeiro aconteceu no bairro Cidade da Esperança, na Zona Oeste da capital potiguar. Ele chegou perto da rodoviária de Natal em um carro dirigido pelo motorista por aplicativo Marcelo Cavalcanti de Medeiros Silva por volta das 2h do sábado, segundo as investigações. Victor atirou contra Marcelo.

Segundo a Polícia Civil, o suspeito tirou o corpo da vítima de dentro do carro e fugiu no sentido ao conjunto Cidade Satélite, na Zona Sul de Natal, onde cometeu o segundo crime. Câmeras de segurança registraram o momento em que o policial penal aparece correndo na rua onde morava João Victor Munay.

O estudante teve a casa invadida e foi atingido por disparos de arma de fogo junto com a mãe. Cerca de 17 minutos após entrar na residência, o invasor fugiu do local com a moto de João Victor. O veículo foi encontrado horas depois abandonado no bairro Planalto, na Zona Oeste. As investigações apontam que a escolha das vítimas foi aleatória.

João Victor e mãe chegaram a ser transferidos para o Hospital Walfredo Gurgel, porém, o jovem morreu horas depois. A mãe passou por cirurgia e recebeu alta.

O policial penal ainda fez outra pessoa refém e obrigou a vítima a dirigir em direção a Pernambuco. O policial e a vítima foram abordados pela polícia em Olinda, por volta das 18h do sábado. Victor foi detido em flagrante pelo crime de sequestro. De acordo com a polícia, os crime têm em comum o requinte de crueldade do suspeito, que trabalhava no presídio Rogério Coutinho Madruga, no complexo de Alcaçuz, em Nísia Floresta, Grande Natal. Ele é servidor público do RN desde 2018.

g1-RN

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Cidades

Secretaria emite nota depois de vídeo do ‘Bloco dos Tornozelados’

A Polícia Militar está investigando o que está sendo chamado de “Bloco dos Tornozelados” que teria desfilado pelas ruas das Rocas e também de Mãe Luiza, conforme imagens que circulam nas redes sociais. Após a divulgação dos vídeos,  a Secretaria de Administração Penitenciária do RN (Seap) emitiu uma nota.

Confira na íntegra:

“A Secretaria da Administração Penitenciária (SEAP) realizou no período do Carnaval uma operação para aumentar o nível de segurança dentro e fora das unidades prisionais do Rio Grande do Norte. Todos os estabelecimentos passaram por revistas minuciosas e estruturais nas celas e tiveram reforçados o patrulhamento externo. A Polícia Penal também intensificou o monitoramento dos presos do regime semiaberto que utilizam tornozeleiras eletrônicas.

Nenhuma anormalidade foi detectada no sistema prisional.

A ação foi determinada pelo secretário da SEAP, Pedro Florêncio, e comandada diretamente da Central Integrada de Gerenciamento Operacional do Sistema Penitenciário (CIGOSPen), em Natal. Nos estabelecimentos prisionais, os servidores retiraram os internos das celas para uma revista pessoal, seguida de fiscalização de toda estrutura. Grades, cadeados, colchões, paredes, pias, sanitários e objetos de uso pessoal foram submetidos a procedimento de revista. No CIGOSPen, o diretor da Polícia Penal, Zemilton Pinheiro, coordenou a ação em tempo real através das mais de 1.400 câmeras instaladas nos presídios.

A operação ocorreu na Penitenciária Estadual de Alcaçuz e Rogério Coutinho Madruga, em Nísia Floresta; Cadeia Pública de Natal, Penitenciária Central Doutor João Chaves masculino e feminino; Penitenciária Estadual de Parnamirim; Cadeia Pública de Ceará-Mirim; Cadeia Pública de Nova Cruz; Centro de Detenção Provisória Feminino de Parnamirim; Central de Recebimento e Triagem; Cadeia Pública de Apodi; Penitenciária Estadual do Seridó; Cadeia Pública de Caraúbas; além da Penitenciária Doutor Mário Negócio unidade masculina e feminina, Cadeia Pública de Mossoró, Penitenciária Regional de Pau dos Ferros e Unidade Prisional de Custódia e Tratamento. Nada de ilícito foi localizado nas unidades prisionais.

Os presos do regime semiaberto que utilizam tornozeleiras eletrônicas também foram fiscalizados pela Central de Monitoramento Eletrônico (CEME). Entre os dias 25 de fevereiro a 2 de março foram registrados 13 casos de rompimento de equipamento. A CEME monitora 2.916 “tornozelados”. Todos os casos de violações e em desconformidade com as regras de uso do equipamento de monitoramento serão comunicados ao judiciário, podendo resultar em regressão do preso para o regime fechado.

A ação contou com a participação dos policiais das unidades e de plantão, além de reforço do Departamento Tático Operacional (DOT), Grupo de Operações Especiais (GOE), Grupo Penitenciária de Operações com Cães (GPOC) e Grupo de Escolta Penitenciária (GEP). O sistema prisional do RN tem 11.729 internos”

ENTENDA: [VÍDEO] ‘BLOCO DOS TORNOZELADOS’: Polícia investiga bloco de Carnaval com foliões fantasiados de presos em Natal

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  1. Oi, Olá, o meu nome é Douglas Ramos e sou um cristão evangélico verdadeiro e só falta essa o Bloco dos Tornozelos mas mesmo tempo assim etc stop.

  2. Será que foi feito um levantamento das áreas de carnaval (concentrações), e que eles estiveram e os que estiveram não retornaram aos seus lares p dormirem em seus endereços cadastrados, eu vi 04 tornozelados em Barreta.

  3. Pensaram, analisaram, não viram nada e escreveram, não “houve” nada kkk, será que essa brincadeira foi dentro de algum presídio ou foi lá em mãe luiza, local onde o sindicato do crime fincou bandeira e manda?

    1. 🤣😂😂 É incrível como papel aceita, tudo. Nunca se esqueça. Todo ano existem Carnaval, e que próximo pode ser a vez em que todos os menbros saiam de túnica preta e uma fita na lapela do palitor, sem cores de partidos.

  4. Tem que ser muito investigado, pois baseado no rato maior, LULADRAO, que escapou de mais uma acusação, todos os outros Bandidos se sentem a vontade para inclusive, brincar Carnaval. E agora com a nova decisão do supremo, a bandidagem tem é que comemorar mesmo, e “ir pra galera”.
    Que país deplorável esse nosso, sem moral nenhuma junto a comunidade internacional.

  5. Esse Guverno do Estado, só vive de notinhas, lorotinhas, istorinhas, mimizinhos, conversinhas e resolver os problemas da Segurança Pública, saúde e Educação, nada, nadica de nada.
    Hô Guvernadora incompetente da gota serena.

    1. Quando Bolsonaro foi eleito, achei que ele iria resolver todos os problemas do Brasil. Mas pelo que vejo, o governo dele só sabe fazer bravatas. Já que nem ele e nem Fátima resolvem nossos problemas, vamos retirar os dois do poder. Vamos eleger um novo presidente do Brasil e um novo governador do RN.

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Geral

VÍDEO: Secretário do RN admite ter se reunido com líder de facção: “Fui dizer que ele tinha de respeitar regras da cadeia”

O secretário estadual de Administração Penitenciária, Helton Edi Xavier, admitiu nesta segunda-feira (6) ter se reunido com um preso apontado como uma das principais lideranças de uma facção criminosa com atuação no Rio Grande do Norte.

Segundo o secretário, o encontro aconteceu em janeiro do ano passado na sede da Polícia Federal com José Kemps Pereira de Araújo, mais conhecido como Alicate. Helton Edi Xavier relatou o encontro durante entrevista à 94 FM após a presidente do Sindicato dos Policiais Penais, Vilma Batista, revelar o encontro e pedir publicamente explicações do secretário.

Na ocasião, Kemps havia acabado de ser preso após passar mais de seis meses foragido. Ele foi recapturado em Goiana (PE) e trazido para Natal. Ele ficou na sede da PF até aguardar transferência para uma unidade prisional. Depois da conversa com o secretário, o preso foi transferido para a Penitenciária Estadual de Alcaçuz, onde ficou até março, quando eclodiram ataques criminosos no RN e Alicate acabou transferido para um presídio federal.

Helton Edi Xavier afirmou que se reuniu com Alicate após ser avisado pela área de inteligência da Secretaria de Administração Penitenciária de que o preso era “perigoso”. O secretário disse que, diante dessa informação, resolveu encontrar o detento para avisá-lo sobre as regras do sistema prisional potiguar.

“Eu acho que eu fui cumprir meu papel de secretário. Ele é liderança de quê? Ele é liderança lá fora. Dentro da cadeia, ele é preso e tem que obedecer aos critérios de disciplina e os protocolos dentro da cadeia. Tem que parar de chamar esse povo de liderança. Eu fui visitá-lo realmente e fui para dizer isto: que ele é liderança lá fora. Que lá dentro ele tem que cumprir os protocolos de segurança e disciplina, para que ele pudesse se adequar às regras do sistema”, afirmou o secretário.
O secretário afirmou que resolveu fazer a reunião com o preso porque havia um temor de servidores da volta da liderança ao sistema prisional.

“Eu acho que era minha obrigação fazer isso, porque o pessoal do próprio sistema estava preocupado com o retorno desse cidadão para dentro do sistema. Eu não fui me apresentar. Eu fui dizer a ele que ele tinha de respeitar todas as regras de dentro da cadeira. Ele não é um preso especial”, afirmou.

Veja vídeo:

98FM

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  1. Mais uma vez, um caso que não vai acontecer nada! O secretário só foi lá avisa ao detento como funciona um presídio, porque o cara era réu primário, aí ele foi explicar como seria seu tratamento na prisão, o certo era o secretário se encontrar com cada preso , só que dentro das celas e depois posta fotos com eles.

  2. Que disse que o preso prá cumprir ordem e desiplina precisa tê reunião com o secretário dó governo será Sé ele não sabe disso,aque ponto chegou o Rio Grande do Norte

  3. Isso e muito ilariante certamente esse cara iria atender a esse secretário ele aprendeu com lula se reunir com bandido

  4. Não seria caso de abrir uma CPI na AL? Essa não é a função de um secretário de estado. É preciso saber o que está acontecendo dentro dessa SEAP. O sistema penitenciário estava em evidência por ser referência. Pouco a pouco isso está mudando e não se engane: vamos ter a volta de fugas, rebeliões e etc. É preciso investigar, saber de fato o que está acontecendo.

  5. Esse secretário deve ser igual a Lula que vive se encontrando com lideres de Facões. pois um homem de caráter não vve jamais em contato com marginais, e acredito até que essas pessoas vivem andando um busca de dinheiros com os lideres de facções, porque esses bandidos tem muito recursos, sinceramente eu abomino tais atitudes, mas cada um sabe de onde, ou até oonde o sapato aperta.

  6. Não se conversa com bandido, é prisão e deixa a justiça dar a sentença de acordo com o processo penal e Zé fini.

    1. Não, ele não é um preso especial, mas sim especialíssimo. Tem razão, o secretário, amigos para sempre.

  7. Governo das Sombras, A Desgraçada conseguiu destruir o RN , Entregou o Estado as Facções. Triste Para os Potiguares…

  8. Conversa pra boi dormir, onde já se viu um secretário ter de avisar ao preso que ele tem de cumprir as regras , o que parece é que o preso tem um poder nas mãos e isso assusta esse governo de esquerda

  9. AGORA O GOVERNO E PARCA DOS MANOS. ONDE JA SE VIU. NO MINIMO FOI FAZER ACORDOS E ACONSELHAMENTO. SO NESSA LATRINA DE 3 MUNDO VEMOS ESSES ABERRAÇÕES.

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Polícia

Integrantes da máfia Cosa Nostra que atuava no RN são presos em ação das autoridades italianas e MPF

Foto: Divulgação

Com o apoio de informações compartilhadas pelo Ministério Público Federal (MPF) brasileiro, via cooperação internacional, as autoridades italianas realizaram, nesta semana, uma operação que resultou na prisão de quatro pessoas ligadas à Cosa Nostra, um grupo mafioso da Itália que atuava no Brasil. As prisões foram decretadas pela Justiça, a pedido do Ministério Público italiano, pelos crimes de extorsão, lavagem de dinheiro e transferência fraudulenta de valores. Também foi determinado o bloqueio de mais de 350 mil euros – o equivalente a R$ 2,1 milhões – e de bens de nove empresas que operam nos setores imobiliário e de restauração, localizadas na Itália, na Suíça, em Hong Kong e no Brasil.

A ação desta semana é resultado do trabalho realizado por uma Equipe Conjunta de Investigação (ECI), formada por membros do MPF e integrantes da Polícia Federal brasileira, da Procuradoria de Palermo (na Itália) e da Polícia italiana, com o apoio da Agência da União Europeia para a Cooperação Judiciária Penal, Eurojust. O acordo para a criação da Equipe foi firmado pela Secretaria de Cooperação Internacional do MPF (SCI), tendo tramitado pelo Ministério da Justiça, seguindo as regras da Convenção de Palermo, principal instrumento global de combate ao crime organizado transnacional. No Brasil, as investigações são conduzidas pela unidade do Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte.

Operaçaõ Arancia

As quatro prisões são um desdobramento das apurações feitas no âmbito da Operação Arancia, deflagrada no dia 13 de agosto deste ano, em Natal (RN). Naquela ocasião, os trabalhos miraram a ramificação da Cosa Nostra no Brasil, uma das maiores organizações mafiosas da Itália, que também atua em solo brasileiro, especialmente no Rio Grande do Norte e na Paraíba. Como resultado, o empresário Giuseppe Bruno, considerado um dos chefes da organização, foi preso no Brasil.

As evidências coletadas até o momento indicam que a máfia italiana utilizou empresas fantasmas e laranjas para facilitar a movimentação e a ocultação de fundos ilícitos, provenientes de atividades criminosas internacionais. Estima-se que a ramificação do grupo no Brasil tenha realizado a lavagem de aproximadamente R$ 300 milhões em capitais ilícitos, desde 2009. O dinheiro era usado para adquirir propriedades e infiltrar-se no mercado imobiliário e financeiro brasileiro.

Segundo comunicado divulgado pelo Comando Provincial de Palermo, as provas recolhidas até agora apontam para a atuação criminosa conjunta de Giuseppe Calvaruso e de Giuseppe Bruno no esquema. As autoridades italianas estimam que o valor total dos ativos investidos podem superar 500 milhões de euros, em valores atuais, o que equivale a mais de R$ 3 bilhões. “O dinheiro foi transferido da Itália para o Brasil por meio de complexos mecanismos de lavagem de dinheiro, passando, em muitos casos, por contas correntes localizadas no exterior”, afirma o comunicado.

Denúncia

No dia 17 de setembro deste ano, o MPF denunciou três italianos e seis brasileiros por envolvimento nos crimes de organização criminosa internacional e lavagem de dinheiro para a máfia italiana. Além da condenação dos envolvidos, o MPF pediu à Justiça brasileira a manutenção da prisão preventiva dos líderes da máfia.

Dois deles já estão presos por outros crimes: Giuseppe Calvaruso – sob custódia na Itália – e Pietro Lagodana – que cumpre pena no Presídio Estadual de Alcaçuz, no RN. O terceiro italiano apontado como líder é Giuseppe Bruno, que também permanece preso no Brasil. Além desses três chefes, foram denunciados seis brasileiros acusados de integrarem a organização em diferentes períodos, incluindo companheiras dos italianos.

Fonte: Portal 98Fm

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Polícia

Nove pessoas são denunciadas por esquema de R$ 300 mi com a máfia italiana no RN e PB

Foto: Divulgação/PF

Três italianos e seis brasileiros foram denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) por envolvimento nos crimes de organização criminosa internacional e lavagem de dinheiro para a máfia italiana. A denúncia é resultado da Operação Arancia, que investigou uma ramificação da Cosa Nostra, uma das maiores organizações mafiosas da Itália e que comprovadamente atua no Brasil, especialmente no Rio Grande do Norte e na Paraíba. O trabalho é conduzido por uma Equipe Conjunta de Investigação (ECI), formada por autoridades brasileiras e italianas.

Segundo o MPF, as células da organização criminosa internacional instaladas no Brasil se dedicavam a diversas modalidades de lavagem de ativos. O grupo utilizava empresas de fachada e “laranjas” para dissimular o lucro proveniente de crimes como o tráfico de drogas, extorsão e homicídio.

A denúncia destaca que o grupo “edificou no Brasil uma estrutura complexa e extremamente organizada mediante dezenas de empresas de fachada, que movimentou milhões de reais através de pessoas sem lastro financeiro compatível (laranjas), as quais estavam sob o comando dos três líderes italianos mafiosos da Cosa Nostra no território brasileiro”.

Valores

As apurações indicam que o esquema resultou na lavagem de capital ilícito de, pelo menos, R$ 300 milhões (ou cinquenta milhões de euros) desde 2009. Segundo as autoridades italianas, entretanto, o valor total dos ativos investidos podem superar 500 milhões de euros, em valores atuais, mais de R$ 3 bilhões.

Entre os investimentos das empresas fictícias no Brasil, foram identificados um restaurante de luxo em Natal, apartamentos em Cabedelo (PB), uma casa de luxo em um resort em Bananeiras (PB) e um grande loteamento residencial no município de Extremoz, na Grande Natal, parcialmente financiados com lucros de tráfico de drogas e de extorsão praticados em Palermo.

Além da condenação dos envolvidos, o MPF pediu à Justiça a manutenção da prisão preventiva dos líderes da máfia. Dois deles já estão presos por outros crimes: Giuseppe Calvaruso – sob custódia na Itália – e Pietro Lagodana – que cumpre pena no Presídio Estadual de Alcaçuz, no RN.

O terceiro italiano apontado como líder, Giuseppe Bruno, foi preso no Brasil durante a Operação Arancia, em agosto deste ano. Nesta terça-feira (17), a segunda turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) negou pedido de Habeas Corpus, e Giuseppe Bruno segue preso aguardando julgamento.

Além dos três chefes, foram denunciados seis brasileiros acusados de integrarem a organização em diferentes períodos, incluindo companheiras dos italianos. A denúncia foi recebida pela 14a Vara da Justiça Federal no Rio Grande do Norte e tramita sob o número 0810121-29.2022.4.05.8400.

Cooperação Internacional

Deflagrada em 13 de agosto deste ano, a Operação Arancia resultou na execução do mandado de prisão preventiva de Giuseppe Bruno e cinco mandados de busca e apreensão, em três estados brasileiros: Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Piauí. Simultaneamente, a Direção Distrital Antimáfia de Palermo coordenou 21 buscas em várias regiões da Itália e na Suíça. Mais de cem agentes financeiros italianos foram mobilizados.

A Equipe Conjunta de Investigação (ECI) responsável pela operação é formada pelo MPF, Polícia Federal, Procuradoria de Palermo e pela polícia italiana, com o apoio da Agência da União Europeia para a Cooperação Judiciária Penal, Eurojust. Nessa frente, o MPF teve papel decisivo.

A Secretaria de Cooperação Internacional do órgão firmou o acordo para a constituição da equipe e o Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte (MPF/RN) assumiu a coordenação do grupo juntamente com a Polícia Federal. A formação da ECI tramitou no Ministério da Justiça e está em conformidade com a Convenção de Palermo, que é o principal instrumento global de combate ao crime organizado transnacional.

Fonte: Tribuna do Norte

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Polícia

Como coordenador de presídios virou presidiário no Rio Grande do Norte

Foto: Reprodução/MP-RN

Dhayme Araújo da Silva, 43, tinha um currículo invejável. Foi coordenador dos presídios estaduais do Rio Grande do Norte entre 2017 e 2020, era considerado um agente linha-dura e gostava de demitir policiais penais acusados por infrações administrativas graves.

Em 2020 aceitou convite para assessorar o secretário da Administração Penitenciária e Ressocialização do Ceará, Luís Mauro Albuquerque Araújo. Em maio de 2021 foi cedido ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público potiguar.

Silva era paraquedista, colaborou com a Força de Segurança Nacional, concluiu cursos sobre intervenções em penitenciárias e dirigiu o GOE (Grupo de Operações Especiais) do sistema prisional no RN na época da sangrenta rebelião de Alcaçuz, que deixou saldo de 26 detentos mortos.

Hoje ele está preso na Cadeia Pública Dinorá Simas Lima Deodato, em Ceará-Mirim (RN). O nome dele, por ironia do destino, consta na placa de inauguração da unidade prisional, entregue pelo governo do estado em agosto de 2018, quando Silva ainda era coordenador dos presídios.

Segundo o Gaeco do RN, em junho deste ano, Silva passou para “o outro lado” e revelou informações sigilosas sobre investigações e operações policiais e forneceu endereços e placas de carros de agentes públicos de segurança para o crime organizado em troca de dinheiro.

A reportagem tentou contato por telefone com a advogada de Silva, Cláudia Tereza Sales, mas não conseguiu localizá-la. O espaço está aberto para manifestação.

A Seap (Secretaria de Estado da Administração Penitenciária) do Rio Grande do Norte também foi procurada e informou que Silva está afastado das funções desde 2021, quando foi cedido para o Gaeco e desde então não apareceu mais nas dependências da instituição.

Ofertas para o crime organizado
As investigações do MP-RN apontaram que em 11 de junho de 2023, ele procurou uma advogada que defende clientes da facção criminosa Sindicato RN, se apresentou como agente secreto e passou detalhes de investigações de um preso da organização e do filho de um prefeito.

No dia 21 de junho trocou mensagens de WhatsApp com uma advogada acusada de integrar a “Sintonia dos Gravatas”, como é chamado o braço jurídico de facções criminosas. A criminalista também era investigada pelo Gaeco e chegou a ser condenada.

Quatro dias depois o agente ofereceu para outra advogada informações sigilosas de clientes dela recolhidos em presídios estaduais e na Penitenciária Federal de Mossoró, onde estão recolhidos líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital).

O Gaeco apurou ainda que Silva forneceu dados sigilosos de investigações sobre um empresário envolvido em grupo de extermínio, fraudes e sonegação de impostos no valor de R$ 180 milhões. Graças às informações, o investigado fugiu no dia da deflagração da operação para prendê-lo.

Em 2022, Silva foi acusado de tentar vender por R$ 500 mil para o CV (Comando Vermelho) o endereço de Luís Marques Albuquerque Araújo, o secretário da Administração Penitenciária cearense, o mesmo que acreditou nele e o convidou para assessorá-lo

Os investigadores apuraram que Silva havia criado perfis falsos para repassar as mensagens ao crime organizado. Os números de telefones usados por ele foram rastreados e as antenas das ERBs (Estações Rádio Base) apontavam para endereços da casa dele e do próprio Gaeco.

A Polícia Civil potiguar representou pela prisão preventiva dele. A Justiça concordou e o mandado foi cumprido em 18 de outubro deste ano. Silva foi denunciado pelo MP-RN sob acusação dos crimes de receptação de equipamentos da Seap, corrupção passiva e violação de sigilo funcional.

UOL

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  1. O caba lida com a bandidagem a muito tempo começa a perceber que o crime compensa aí vai tentar a sorte do outro lado…E tem mais; não deve estar arrependido. Se escolher o partido correto, entrar pra algum sindifake poderá ter o caminho aberto até a presidência da república..
    O exemplo arrasta.

  2. Só mais um “cidadão de bem, conservador, cristão e patriota ” eleitor do bandido das rachadinhas, vulgo joalheiro das arábias!

    1. Manoel F, és um demente falador de idiotices. Não há um comentário digno da mínima consideração. O cara foi nomeado no Governo do PT, tanto no RN como no CE. Falador de abobrinhas

    2. Mane, tu sabe quem é Janones? Que coisa bicho, o doidim amigo de nove dedos, foi pego com a mão na massa, mais fique tranquilo, o STF tá dominado, com marginal amigo do bebim não acontece nada, imagina, eles nunca sabem de nada kkkkkkkkk

    3. Mané, a diarreia ambulante, demora para aparecer, mas quando aparece, pode esperar baboseira, é um falador de merda constante. Ou seja mais um FDP apoiador de LULADRAO.

  3. BG falta o resultado do MP dos polícias penais envolvidos no escândalo do superfaturamento do último curso de formação, teve um querendo ganhar mais de R$ 150 mil reais em poucos dias de aula aos nosso custos, caia em campo que tem uma turminha que adora sombra, poder e mas não gosta de trabalhar em presídios, era bom saber o resultado, pode da outra boa manchete.

  4. Currículo invejável para quem????? Quem não conhecia que comprou. A Justiça de Deus é implacável. E ainda ficaram outros manda chuvas que se metem em política posando de santinho….cada uma …

  5. Não existe polícia penal, que continua sendo Agente carcerário ser “cedido” para o MP. O único órgão da segurança pública estadual que tem o mínimo de competência para integrar, seria a PC. Função de do PP é cuidar de preso.

    1. AI manja, e o GOE é oq? é polícia penal e PC deixou de ser babá de preso.

    2. Qual é a função do “GOE”? Escolta de preso para o hospital, audiências e pronta interversão em PRESÍDIO. Polícia penal é babá de preso e não deveria ser cedido para outros órgãos. A função é cuidar de preso

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Segurança

Ação na Justiça mostra que Governo do RN deixou de aplicar R$ 480 milhões no sistema carcerário nos últimos seis anos

Foto: Anderson Barbosa/G1

O Governo do Rio Grande do Norte deixou de aplicar R$ 480 milhões no sistema carcerário nos últimos seis anos. É o que mostra uma ação civil pública protocolada na 3ª Vara da Fazenda Pública de Natal. Segundo a ação, os recursos deveriam ter sido aplicados em ações de custeio e investimentos pela Secretaria da Administração Penitenciária.

O contingenciamento de recursos, segundo a ação, ameaça a segurança dos presídios do Estado e representa um risco para a sociedade. A Seap reconhece o contingenciamento de recursos, mas considera que o sistema carcerário está seguro.

A ação civil pública é da 70ª promotoria de Justiça da comarca de Natal, do Ministério Público Estadual. Os R$ 480 milhões que deixaram de ser aplicados no sistema deveriam ter sido aplicados entre 2019 e 2024, mas foram contingenciados, segundo a ação. A ação é assinada pelo promotor Vitor Emanuel de Medeiros Azevedo e aponta que a não execução dos recursos afetou as políticas públicas de manutenção e estruturantes no sistema penal potiguar, como pagamento de dívidas e execução de contratos básicos, como alimentação, tornozeleiras eletrônicas e kits de higiene para os presos, além de abertura de vagas em prisões potiguares, que estão superlotadas.

Os contingenciamentos no custeio atingiram a ordem de R$ 103,7 milhões. O promotor aponta que, por conta disso, a Seap acumula dívidas de aproximadamente R$ 13,6 milhões em restos a pagar. Desse total, R$ 6,1 milhões referem-se a três contratos de alimentação dos presos; R$ 2,6 milhões correspondem a contratos de kits de higiene; e R$ 2,8 milhões estão ligados a contratos de tornozeleiras eletrônicas e monitoramento de presos do semiaberto. Segundo o promotor, a falta de tornozeleiras levou a Seap a deixar 800 presos do semiaberto sem nenhum monitoramento.

Falta de tornozeleiras e cerca de 500 ‘presos’ estão sem monitoramento

Nos últimos meses, a Tribuna do Norte noticiou a falta de tornozeleiras e presos sem monitoramento, fato que se repetiu em quatro situações nos últimos dois anos. Com a falta de tornozeleiras, a justiça concede a progressão do regime do apenado, que fica sem o monitoramento pela falta do dispositivo.

“A tornozeleira é necessária toda semana, porque há sempre pessoas condenadas, como pessoas progredindo de regime. O RN optou pelo semiaberto todo com tornozeleira, já que não temos presídios para semiaberto. É o semiaberto harmonizado, como eles chamam. E se não paga a empresa, ela não fornece. Hoje temos um déficit enorme de tornozeleiras que vai piorar nas próximas semanas porque foi feito contrato emergencial com a segunda empresa e esse contrato vai acabar agora em abril”, explica o juiz Henrique Baltazar Vilar dos Santos, titular da Vara de Execuções Penais de Natal.

O secretário de Administração Penitenciária, Helton Edi Xavier, disse que atualmente cerca de 500 presos estão sem tornozeleiras, mas não por falta de pagamento. Ele diz ainda que a perspectiva é regularizar a situação até o final de maio. Sobre o fim do contrato de uma das empresas, outra prestadora de serviço conseguirá absorver a demanda.

Vagas

Já com relação à análise dos investimentos, os contingenciamentos foram de 88,2% de todo o orçamento no período de 2019 a 2024. Ou seja, de cerca de R$ 428,2 milhões orçados, apenas R$ 50,6 foram executados, uma diferença de R$ 377 milhões. Segundo a ação civil pública, a falta de investimentos resultou em falta de criação de vagas para diminuição do déficit nos estabelecimentos prisionais, que segundo o MP, atinge 2.679 vagas.

Neste período, a Seap abriu vagas no Complexo Agrícola Mário Negócio (424 vagas) e dois pavilhões na Penitenciária Estadual de Alcaçuz (416 vagas) e um pavilhão no Rogério Coutinho Madruga (315 vagas).

A ação civil pública do MP

Na ação civil pública, o MP pede a intimação do Estado e uma tutela antecipada para liberação das verbas de custeio e investimento. A ação pede ainda que o Estado pague “rigorosamente em dia” as despesas decorrentes dos contratos de alimentação, kits de higiene e tornozeleiras eletrônicas num prazo de até 90 dias.

Seap afirma que sistema carcerário segue seguro

O secretário de Administração Penitenciária do Rio Grande do Norte, Helton Edi Xavier, afirmou que o Estado tem uma fatura em aberto nos contratos de alimentação e duas nos de tornozeleiras eletrônicas. No caso dos dispositivos eletrônicos, as faturas são referentes a outubro e novembro. Os valores do MP estão desatualizados, segundo ele. A dívida com empresas de tornozeleiras chega a R$ 1,3 milhão. Helton Edi também considera que o sistema permanece seguro e, apesar das dificuldades financeiras, tem avançado.

Reportagem completa na Tribuna do Norte

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Polícia

Mensageiros do crime: Advogados são presos por envolvimento com facções criminosas no RN

Foto: Divulgação

O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) deflagrou nesta sexta-feira (08) a operação Carteiras. O objetivo foi desbaratar a atuação de três advogados – duas mulheres e um homem – suspeitos de envolvimento com facções criminosas. Pelo que já foi apurado pelo MPRN, eles trocavam mensagens com detentos, estabelecendo a comunicação deles com outros integrantes da organização criminosa que estão nas ruas. Em um dos bilhetes apreendidos, uma advogada presa tratava da execução de um homem em Natal.

A operação Carteiras cumpriu seis mandados de prisão preventiva e outros quatro, de busca e apreensão, nas cidades de Natal, Parnamirim, Extremoz, Nísia Floresta. Os mandados foram cumpridos nas residências dos advogados, em um escritório de advocacia e ainda nas penitenciárias estaduais de Alcaçuz e Rogério Coutinho Madruga.

A ação teve o apoio da Polícia Militar e da Polícia Penal. Ao todo, cinco promotores de Justiça, 11 servidores do MPRN, 20 policiais militares e quatro policiais penais participaram do cumprimento dos mandados.

A investigação sobre o envolvimento dos três advogados com uma organização criminosa que atua dentro e fora de unidades prisionais potiguares começou em julho de 2021. O MPRN já apurou que os três abusaram das prerrogativas inerentes ao ofício advocatício, realizando a comunicação entre líderes faccionados presidiários e os demais integrantes da organização em liberdade, repassando mensagens relativas às atividades criminosas e, assim, garantindo o regular funcionamento do grupo com a prática de diversos crimes.

Os três advogados presos são suspeitos de integrarem a estrutura da organização criminosa, sendo pessoas de confiança dos principais chefes da facção. Os “gravatas”, como são chamados os advogados dentro da estrutura do grupo, exercem a função de “mensageiros do crime”.

Pelo que já foi apurado pelo MPRN, uma dessas advogadas se portava como “coordenadora dos Gravatas”, organizando e cobrando relatórios para os criminosos custodiados e repassando orientações aos membros soltos da organização, bem como transmitindo mensagens e preocupações dos chefes da facção que se encontram custodiados. Em uma conversa em um grupo de WhatsApp, ela chegou a reivindicar a função de “corregedora dos presídios” em nome da facção.

Para o MPRN, os três advogados suspeitos, gozando das prerrogativas legais do exercício da advocacia, atuam levando e trazendo “catataus” (bilhetes com informações e comunicações criminosas de dentro de presídios), sendo o principal elo entre os faccionados “da tranca” e os “da rua”.

Um dos “catataus” já apreendido pelo MPRN continha ordem para o “decreto” de um homem em Natal. Decreto é como os integrantes da organização criminosa se referem a homicídio.

Um outro bilhete apreendido em poder de um dos advogados presos comprova a ligação entre a organização criminosa do RN e uma facção que tem por base o Rio de Janeiro. Nessa mensagem aos criminosos potiguares, os faccionados fluminenses cobravam mais rigor no cometimento de crimes e no controle dos integrantes.

Além de supostamente serem os responsáveis pela comunicação entre os chefes da facção presos e os demais integrantes que ainda estão soltos, há indícios de que um dos advogados cometeu crime de obstrução de justiça, quando em 2021, a Polícia Civil prendeu em flagrante um integrante de facção criminosa que mantinha irregularmente em casa 60 munições intactas e uma cápsula do calibre 7,62, de uso restrito; 12 munições intactas de calibre 5,56, também de uso restrito; uma munição intacta do calibre .380; uma munição intacta do calibre .40; quatro munições intactas do calibre 9mm; e quatro carregadores para munições do calibre 9mm.

Uma das presas na operação Carteiras entrou em contato com um dos chefes da facção para ser constituída como sendo advogada nos autos da investigação policial. Ela foi à delegacia e requereu vista dos autos da investigação. Horas após, a denunciada ordenou que o integrante da organização criminosa destruísse prova relevante para a investigação.

Os três advogados investigados foram denunciados pelo MPRN e já são réus em ações penais. Eles ficarão presos à disposição da Justiça. Os detentos tiveram novas prisões preventivas decretadas pela Justiça e irão responder pelos crimes previstos na lei de organização criminosa.

Portal da Tropical

Opinião dos leitores

  1. Nada novo debaixo do sol. Advogados criminalistas ricos que possuem organizações criminosas como clientes recebem dinheiro do Bolsa Família?

  2. Esses advogados têm nomes? É a categoria mais protegida. E origem do dinheiro da defesa de Adélio Bispo?

  3. Não comemorem, logo logo a OAB saem em defesa do criminosos advogados , OAB só se mete aonde não presta , dedo podre 🤢

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Judiciário

Operação Carteiras: advogados são presos por envolvimento com facções criminosas

Foto: Reprodução

Já réus em ações penais, três advogados foram presos na manhã desta sexta-feira (8) por atuarem como “mensageiros do crime”. Detentos que trocaram mensagens com eles também foram presos

O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) deflagrou nesta sexta-feira (8) a operação Carteiras. O objetivo foi desbaratar a atuação de três advogados – duas mulheres e um homem – suspeitos de envolvimento com facções criminosas. Pelo que já foi apurado pelo MPRN, eles trocavam mensagens com detentos, estabelecendo a comunicação deles com outros integrantes da organização criminosa que estão nas ruas. Em um dos bilhetes apreendidos, uma advogada presa tratava da execução de um homem em Natal.

A operação Carteiras cumpriu seis mandados de prisão preventiva e outros quatro, de busca e apreensão, nas cidades de Natal, Parnamirim, Extremoz, Nísia Floresta. Os mandados foram cumpridos nas residências dos advogados, em um escritório de advocacia e ainda nas penitenciárias estaduais de Alcaçuz e Rogério Coutinho Madruga.

A ação teve o apoio da Polícia Militar e da Polícia Penal. Ao todo, cinco promotores de Justiça, 11 servidores do MPRN, 20 policiais militares e quatro policiais penais participaram do cumprimento dos mandados.

A investigação sobre o envolvimento dos três advogados com uma organização criminosa que atua dentro e fora de unidades prisionais potiguares começou em julho de 2021. O MPRN já apurou que os três abusaram das prerrogativas inerentes ao ofício advocatício, realizando a comunicação entre líderes faccionados presidiários e os demais integrantes da organização em liberdade, repassando mensagens relativas às atividades criminosas e, assim, garantindo o regular funcionamento do grupo com a prática de diversos crimes.

Os três advogados presos são suspeitos de integrarem a estrutura da organização criminosa, sendo pessoas de confiança dos principais chefes da facção. Os “gravatas”, como são chamados os advogados dentro da estrutura do grupo, exercem a função de “mensageiros do crime”.

Pelo que já foi apurado pelo MPRN, uma dessas advogadas se portava como “coordenadora dos Gravatas”, organizando e cobrando relatórios para os criminosos custodiados e repassando orientações aos membros soltos da organização, bem como transmitindo mensagens e preocupações dos chefes da facção que se encontram custodiados. Em uma conversa em um grupo de WhatsApp, ela chegou a reivindicar a função de “corregedora dos presídios” em nome da facção.

Para o MPRN, os três advogados suspeitos, gozando das prerrogativas legais do exercício da advocacia, atuam levando e trazendo “catataus” (bilhetes com informações e comunicações criminosas de dentro de presídios), sendo o principal elo entre os faccionados “da tranca” e os “da rua”.

Um dos “catataus” já apreendido pelo MPRN continha ordem para o “decreto” de um homem em Natal. Decreto é como os integrantes da organização criminosa se referem a homicídio.

Um outro bilhete apreendido em poder de um dos advogados presos comprova a ligação entre a organização criminosa do RN e uma facção que tem por base o Rio de Janeiro. Nessa mensagem aos criminosos potiguares, os faccionados fluminenses cobravam mais rigor no cometimento de crimes e no controle dos integrantes.

Além de supostamente serem os responsáveis pela comunicação entre os chefes da facção presos e os demais integrantes que ainda estão soltos, há indícios de que um dos advogados cometeu crime de obstrução de justiça, quando em 2021, a Polícia Civil prendeu em flagrante um integrante de facção criminosa que mantinha irregularmente em casa 60 munições intactas e uma cápsula do calibre 7,62, de uso restrito; 12 munições intactas de calibre 5,56, também de uso restrito; uma munição intacta do calibre .380; uma munição intacta do calibre .40; quatro munições intactas do calibre 9mm; e quatro carregadores para munições do calibre 9mm.

Uma das presas na operação Carteiras entrou em contato com um dos chefes da facção para ser constituída como sendo advogada nos autos da investigação policial. Ela foi à delegacia e requereu vista dos autos da investigação. Horas após, a denunciada ordenou que o integrante da organização criminosa destruísse prova relevante para a investigação.

Os três advogados investigados foram denunciados pelo MPRN e já são réus em ações penais. Eles ficarão presos à disposição da Justiça. Os detentos tiveram novas prisões preventivas decretadas pela Justiça e irão responder pelos crimes previstos na lei de organização criminosa.

Justiça Potiguar

Opinião dos leitores

  1. Exponha aqui o nome dos três. Quando prenderam a advogada anteriormente, vcs expuserem. Coloque o nome dos outros TB. Direitos iguais!!

  2. A OAB, composta por um punhado de semelhantes, logo logo vai entrar com habeas-corpus para libertar seus “cumpanheiros”. Espero que sirva de lição, para elegerem dirigentes que preservem e prestigiem a instituição.

  3. Falta do que fazer, prendero o doutor por conta de 60 munições kkkkkk
    E os estuprado solto pq vcs não vão atrás? Só pq é difícil é

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Geral

Estado “transfere ilegalmente” agentes para flexibilizar sistema prisional, diz Sindppen/RN

Foto: Magnus Nascimento

A presidente do Sindicato dos Policiais Penais do Rio Grande do Norte (Sindppen/RN), Vilma Batista, afirmou, que o sistema prisional do Estado vem atuando para flexibilizar o controle exercido dentro das prisões potiguares e que chega a realizar “transferências ilegais” de agentes penitenciários que se opõem a essa flexibilização.

A declaração foi dada durante protesto realizado na governadoria. A Secretaria de Administração Penitenciária nega que haja “transferências ilegais”.

Para o Sindicato, as transferências realizadas pela Seap são uma forma de punição contra os agentes que tentam manter a “rigidez” do sistema. “Desde que essa gestão entrou, ela vem querendo que os policiais deixem de exercer suas atividades no âmbito operacional, que foram os procedimentos de segurança que nós adotamos para o controle do sistema prisional, simplesmente para poder flexibilizar para a população carcerária. Diante disso, como vários policiais não quiseram obedecer essas ordem absurdas, começaram as transferências ilegais desses agentes. Então, estão punindo os policiais porque eles não concordam com essa forma de gestão de flexibilização. Com isso, várias ações foram contra os policiais”, afirma Vilma Batista.

De acordo com a presidente do Sindppen/RN, Vilma Batista, o Estado conta com apenas 1.444 policiais penais para um sistema carcerário com cerca de 12.365 pessoas. Para atender à demanda do Estado, na visão dela, seriam necessários pelo menos 700 novos policiais, sendo 200 nomeados com urgência após o curso. Aliado a isso, o Sindicato cobra maior valorização e estuda uma possível paralisação caso não tenham retorno do Governo do Estado.

Para divulgar as demandas dos policiais penais do Rio Grande do Norte, uma mobilização em frente à Governadoria foi realizada. O objetio era pressionar a Seap/RN por uma resposta para a categoria. Segundo Vilma Batista, somada à falta de efetivo, os policiais denunciam uma maior flexibilização do sistema prisional que afeta o trabalho operacional dos profissionais com foco na segurança. Uma vez contra as medidas, de acordo com ela, estão sendo tomadas decisões voltadas para ‘punir’ a categoria.

Entre elas, estão as portarias nº 1322/2023 e nº 1323/2023 que estariam suprimindo os direitos dos trabalhadores. “Em uma das portarias, [está estabelecido] que se um dos policiais estiver doente e de atestado, ele tem que obrigatoriamente pedir ao médico que acrescente um número de dias. Caso não, ele vai ter que voltar a trabalhar até chegar no seu plantão. Não existe isso em nenhuma corporação”, ressalta a presidente do Sindppen, para quem o baixo número de policiais penais no Estado também representa a falta de valorização da categoria pelo Governo.

Embora exista um concurso em andamento até março deste ano, Vilma Batista esclarece que é preciso uma medida mais urgente a partir da convocação de um novo curso de formação para capacitar e formar pelo menos 200 novos policiais penais. Isso porque o concurso de formação, de 2017, foi pensado para uma população carcerária com 3.500 pessoas. Atualmente, este número cresceu para 12.365, de acordo com os dados recentes.

Em dezembro de 2023, após mobilização promovida pelos policiais penais, uma reunião foi realizada entre o Sindpeen, Secretaria de Estado da Administração (Sead/RN), Seap e Casa Civil para discutir as condições de trabalho da categoria. Na oportunidade, aponta a presidente do Sindicato, foi reconhecido que as portarias eram determinações isoladas da Seap e foi informado à entidade que as medidas seriam suspensas em até 90 dias. Até o momento, contudo, não ocorreu retorno à pauta.

Conforme aponta Vilma Batista, já foram realizadas várias tentativas de diálogo junto ao Governo do Estado. “Nós vamos pressionar o Governo, mas também deliberar a nossa pauta de 2024. Caso o Estado não atenda a categoria, nós iremos deliberar os rumos de paralisação ou não do Sistema Prisional. Quem decide é a governadora”, aponta. Ela afirma que na quarta-feira (17), todavia, não foi enviado nenhum pedido de discussão oficial, uma vez que ofícios anteriores foram encaminhados e não tiveram respostas.

RESPOSTA DA SEAD

A Secretaria de Administração Penitenciária contesta a alegação e diz que as transferências são realizadas “dentro da necessidade da administração e discricionalidade da gestão, conforme a Lei”.

Outra resposta da Seap foi que a secretaria não determinou nenhuma medida que fragilize a ação dos policiais penais. “Pelo contrário, a pasta vem realizando diversas operações intra e extramuros. Somente na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, no ano de 2023, foram instauradas 294 sindicâncias envolvendo privados de liberdade das quais 64 foram enviadas ao judiciário e homologadas como faltas, o que atrasa a progressão de regime e gera sanções administrativas”, explica.

Em resposta à reportagem da TRIBUNA DO NORTE, a Seap disse que a pasta oficiou o Sindicato para eles enviarem sugestões para melhoria das portarias, mas até o momento não obteve resposta. As portarias foram publicadas no sentido de melhorar o controle e organizar a gestão.

Segundo a Seap, a lei determina que a policia penal precisa ter um efetivo de 1.444 policiais. Para completar esse quadro, só há nove vacâncias e, para isso, foram chamados 25 policiais penais para preencher essas vagas e as próximas.

Para este ano, está previsto um novo concurso público. No entanto, para que esses novos profissionais sejam chamados, é necessário uma previsão por lei que garante um maior número de vagas. De acordo com a pasta, está sendo encaminhado um projeto de lei à Assembleia Legislativa do Estado para abrir mais de 500 novas oportunidades.

Tribuna do Norte

Opinião dos leitores

  1. Bom que agora já sabemos que se houver algum problema no sistema penitenciário já sabemos que tudo foi orquestrado pela SEAP e pela Governadora. Esse ano tem eleição, e eu ia votar em Natalia, mas eu tô começando a acreditar que realmente há um pacto com o crime organizado. Tô fora!

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Jornalismo

COSA NOSTRA: Entenda a história da máfia italiana no RN

Foto: Reprodução

Como a máfia siciliana enraizou suas operações em nosso estado? Investimentos que ultrapassam 800 milhões de reais no mercado imobiliário foram realizados por meio de uma engenhosa máquina de transferir e lavar dinheiro. A Cosa Nostra deixou no Rio Grande do Norte um rastro de golpes milionários, fraudes cartorárias, corrupção, grilagem de terras e dois assassinatos. Bem que poderia ser o roteiro de um filme policial, mas é um artigo que você começa a ler agora.

Era quase noite em Palermo, capital da Sicília, quando dois jovens, um deles com uma faca, entraram em uma pequena loja de produtos de limpeza na Via Altofonte. Depois de renderem os funcionários, os assaltantes levaram 4,5 mil euros que estavam na caixa registradora. Era 29 de agosto de 2019. Cinco dias depois, no mesmo horário, novo roubo na mesma loja: dois rapazes, fingindo estarem armados, levaram mais 2,8 mil euros.

O caminho natural do dono da loja seria procurar a polícia. Mas não foi o que aconteceu. Francesco Paolo Bagnasco preferiu telefonar para Giovanni Caruso, um membro da Cosa Nostra, organização mafiosa que desde o século XIX controla boa parte das relações socioeconômicas na Sicília. Ao analisarem imagens captadas por uma câmera de vídeo, os mafiosos identificaram três assaltantes (um deles havia participado dos dois roubos).

Na tarde de 7 de setembro, quatro dias após o segundo assalto, os três ladrões foram sequestrados e levados para um galpão. Caruso notificou o seu chefe, Giuseppe Calvaruso, bem como o dono da loja, e os três foram até o cativeiro, onde assistiram ao brutal espancamento dos assaltantes. Horas depois, Caruso descreveu, para outro membro da máfia, a face de um dos assaltantes, dizendo que parecia uma “peneira”. O dinheiro roubado foi devolvido a Francesco Bagnasco.

Sete meses depois, em abril de 2020, Bagnasco e outros cinco empresários recorreram a Calvaruso para adquirir nove partes de um grande armazém. Coube à máfia afastar outros pretensos concorrentes na compra do imóvel. Em troca, a Cosa Nostra exigiu uma taxa total de 90 mil euros – 40 mil a serem pagos apenas por Bagnasco por ele ter adquirido quatro partes do armazém. Foi a vez do empresário e seus sócios sentirem na pele a ira da máfia palermitana.

Em telefonema captado pela polícia italiana, Calvaruso ordenou que Caruso exigisse o dinheiro dos empresários antes que o negócio fosse formalizado em cartório. “Não tenha piedade”, disse o chefe. Bagnasco pagou, mas apenas uma parte – 15 mil euros. Em dezembro de 2020, Calvaruso reforçou as ameaças. “Se eles não me derem o dinheiro, tudo pode acontecer”, disse a Caruso. Em fevereiro de 2021, duas semanas antes da formalização do negócio no cartório, o chefe mafioso aumentou o tom das ameaças. “Se alguém ousar fazer a escritura sem ter pagado, não deixe ir ao cartório e meta um revólver na boca dele”, ordenou. Calvaruso falava de um lugar muito distante de Palermo, do outro lado do Oceano Atlântico – mais precisamente, de Natal, no Rio Grande do Norte.

Parte do dinheiro extorquido dos empresários custeou as despesas de familiares dos membros da Cosa Nostra que estão presos. Outra parte foi enviada ao Rio Grande do Norte, onde, ao longo de dezessete anos, sob o comando de Calvaruso, a máfia siciliana investiu 800 milhões de reais no mercado imobiliário por meio de uma engenhosa máquina de transferir e lavar dinheiro. Durante esse tempo, a Cosa Nostra deixou no estado nordestino um rastro de golpes milionários, fraudes cartorárias, corrupção, grilagem de terras e dois assassinatos.

Giuseppe Calvaruso tem cabelos castanho-claros, repartidos ao meio, e baixa estatura, o que lhe rendeu o apelido, entre os mafiosos sicilianos, de u curtu (o curto, literalmente, ou o baixote). Em 47 anos de vida, a maior parte atuando como empresário da construção civil, adquiriu o respeito da cúpula da Cosa Nostra, sobretudo depois de ter ajudado na fuga de Giovanni Motisi, no fim dos anos 1990. Motisi foi um dos mais sanguinários assassinos de aluguel de Salvatore “Totò” Riina, mafioso que aterrorizou a Sicília e foi o mandante dos assassinatos, em 1992, dos juízes Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, responsáveis pelo Maxiprocesso de Palermo. Em 1993, Riina foi preso. Morreu em 2017, aos 87 anos.

Cada município da Sicília (ou, no caso das maiores cidades, cada bairro ou distrito) possui um líder mafioso, chamado capomandamento (mandamento é uma região controlada por determinado clã criminoso). Antonino Rotolo, o capomandamento de Pagliarelli, está preso desde 2006. Quem o substitui desde 2015 é Calvaruso, mas na condição de “regente”, como se chama o líder temporário. Em conversa interceptada pela polícia italiana, o regente disse ter à disposição cerca de 1 bilhão de dólares para investir.

Em fevereiro de 2009, Pietro Ladogana, um homem alto de queixo anguloso que, para a PF, era testa de ferro da Cosa Nostra, desembarcou em Natal. Na capital potiguar, ele fundou três empresas do ramo imobiliário, com um capital social total de 3,8 milhões de reais, e casou-se com Tamara Maria de Barros. A brasileira seria usada como laranja pelo italiano, que colocou no nome dela boa parte dos imóveis que adquiriu. 

Mas Ladogana também começou a grilar terras com o uso da violência. Chegou a criar uma milícia formada por policiais militares para expulsar moradores em Extremoz, município na Região Metropolitana de Natal, onde contava com a ajuda do então tabelião do cartório local e ex-prefeito João Soares de Souza, e de servidores da prefeitura para falsificar documentos que garantissem a posse dos imóveis. Quando o então secretário de Tributação de Extremoz Giovanni Gomes contrariou os interesses do esquema, Ladogana ordenou que um dos PMs de sua milícia, Alexandre Douglas Ferreira, “desse um susto nele” – como a mulher do mafioso contou à Polícia Civil. Gomes levou um tiro de raspão na perna quando saía da festa de formatura do filho, em uma noite de agosto de 2013.

No caso de outro desafeto, o desfecho foi trágico. O empresário italiano Enzo Albanese, que dirigia um time de rugby em Natal e não tinha relações com a Cosa Nostra, descobriu as fraudes fundiárias de Ladogana, bem como desvios de parte do dinheiro da máfia para o próprio bolso, e ameaçou denunciar tudo à polícia. Em março de 2014, Albanese foi ameaçado de morte, caso ousasse delatar seus esquemas. Mas ele não recuou. Em 2 de maio do mesmo ano, ele fechava o portão de entrada de sua casa quando o policial Ferreira se aproximou em uma moto e atirou. O italiano morreu no local. Um mês depois, a Justiça de Natal decretou a prisão preventiva de Ladogana, que foi detido no aeroporto de Roma, onde tentava embarcar para o Brasil com 120 mil euros escondidos na roupa. Acabou liberado meses depois, na Itália, e ficou no país natal. Tempos depois, recebeu uma pena de catorze anos de reclusão, que ele cumpre na penitenciária de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte. Ferreira não chegou a ser julgado – a Justiça o considerou inimputável, depois que foi diagnosticado com esquizofrenia.)

Em 2016, Calvaruso iniciou o processo de troca do operador da lavanderia de dinheiro da máfia no Brasil. Recorreu então ao empresário Giuseppe Bruno (foto no início do artigo), cuja família lavava dinheiro para a máfia desde os anos 1990 na construção civil da Sicília, de acordo com a polícia italiana.

Em Natal, Bruno e Calvaruso investiram 830 mil euros na compra de novas áreas nos arredores de Natal, inclusive uma fazenda que seria transformada em loteamento com perspectivas de ganhos milionários. “Gostaria de salientar que estamos falando de 180 hectares, onde há a possibilidade de construir cerca de 7.500 casas, que por 100 mil reais são 750 milhões de reais de faturamento, com um lucro residual de mais de 50%…”, escreveu Bruno, por e-mail, a um integrante da máfia na Sicília. No total, segundo o Ministério Público Federal, a máfia adquiriu 76 imóveis no Brasil.

Certo dia, em um shopping de Ponta Negra, local abastado da cidade, Bruno conheceu Sara da Silva Barros, de 37 anos de idade. Logo, ela se tornaria não só a mulher de Bruno, como sua testa de ferro preferida, já que não tinha antecedentes criminais. “Sara é cem por cento limpa”, escreveu ele para Calvaruso, por WhatsApp. Foi em nome dela que Bruno e Calvaruso montaram a pizzaria e cafeteria Italy’s, na orla de Natal. 

O policial e advogado Carlos Menezes conheceu Bruno em 2016, quando o italiano e Nino Spadaro foram até a Delegacia de Apoio e Assistência ao Turista (Deatur), em Natal, onde o então agente trabalhava, para fazerem um boletim de ocorrência contra João Soares de Souza, tabelião do cartório de imóveis de Extremoz, e seu filho, Gustavo Eugênio Costa de Souza. Segundo Bruno, o tabelião e o filho haviam falsificado a escritura de uma área de 29 hectares adquirida pela empresa Tecnobloco Construções Ltda., da qual o italiano se dizia sócio e procurador, para revendê-la a terceiros por 16 milhões de reais.

Por causa do alegado prejuízo pela perda do terreno, Bruno e Spadaro passaram a pressionar o tabelião, que se comprometeu a pagar 1,2 milhão de reais e a entregar outra área a eles. Mas Souza só pagou 150 mil reais, e os italianos descobriram que os documentos da área oferecida eram falsos.

Na discussão com os italianos, o tabelião ameaçou Bruno e seu advogado com um revólver, dentro do cartório de Extremoz, o que motivou um segundo boletim de ocorrência contra Souza, agora por ameaça, registrado pelo então policial Menezes no fim de 2017, na mesma Deatur. A aproximação com o policial fez com que este fosse convidado a trabalhar como segurança para a viagem que a mãe de Bruno fez da Itália ao Brasil.

Em março do ano seguinte, Souza e o filho foram denunciados à Justiça por estelionato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, acusados de uma série de fraudes documentais. Souza morreu um mês depois, de causas naturais. Gustavo, seu filho, foi absolvido. Sem saída, Bruno ingressou com ação na Justiça contra o tabelião e o filho, e a 1ª Vara de Extremoz condenou o espólio de Souza e também Gustavo a indenizarem Bruno em 22 milhões de reais.

Retornando ao Brasil em 2019, Calvaruso, regente da Cosa Nostra, acelerou os investimentos da máfia. Concluiu a construção de uma casa dentro de um resort em Bananeiras, interior da Paraíba; comprou dois apartamentos em Cabedelo, município vizinho a João Pessoa; adquiriu duas empresas em Natal (uma delas dona de imóveis avaliados em quase 4 milhões de reais, no total) e fundou a pizzaria Italy’s. 

Em 2021, os primeiros policiais italianos desembarcaram em Natal para rastrear o patrimônio amealhado pela máfia e seguir de perto os passos de Giuseppe Bruno.

No ano seguinte, em maio, o governo italiano decidiu solicitar formalmente um acordo de cooperação com o Ministério Público Federal (MPF) brasileiro para “a obtenção de dados confiáveis sobre rastreabilidade dos grandes fluxos financeiros movidos da Itália para o Brasil e informações sobre bens atribuídos a Giuseppe Calvaruso e outros”. A investigação do MPF, da PF e da Receita Federal, iniciada em outubro de 2022, não só confirmou os dados já investigados desde a Itália como encontrou novas suspeitas sobre o patrimônio do trio Calvaruso-Ladogana-Bruno no Rio Grande do Norte. 

Em novembro de 2023, a PF encaminhou à Justiça os pedidos de prisões preventivas e de buscas. Em poucas semanas as requisições foram acatadas pela 14ª Vara Federal de Natal, mas a operação tinha de ser deflagrada ao mesmo tempo no Brasil e na Itália, onde havia outros participantes do esquema mafioso. A Justiça italiana demorou a conceder os pedidos de prisão (só o fez em agosto de 2024).

Bruno foi preso na manhã de 13 de agosto de 2024. No mesmo dia, a Direção Distrital Antimáfia de Palermo prendeu na Itália a mãe dele, Rosa Simoncini. No Brasil, nove pessoas, incluindo Calvaruso, Bruno e sua ex-mulher, Ladogana, sua ex-mulher, Tamara Barros, e a atual, Regina Souza, são réus em ação penal, ainda não julgada, na 14ª Vara Federal de Natal, acusados de associação criminosa e lavagem de dinheiro. Em dezembro passado, o inquérito da polícia italiana seguia em andamento.

O advogado de Calvaruso na Itália, Michele Giovinco, disse à revista piauí que a Justiça ainda não provou a responsabilidade do réu na suposta extorsão aos compradores do armazém na via Altofonte, em Palermo, nem na lavagem de dinheiro na compra e venda de imóveis no Brasil. “Não há provas processuais nas investigações italianas de transferência de dinheiro de Hong Kong ou Cingapura, nem para a Itália e nem para o Brasil”, afirmou.

Em nota, a defesa de Ladogana informou apenas que o patrimônio dele no Brasil “foi adquirido com muito trabalho” e que o empresário nunca teve envolvimento com a Cosa Nostra. Nino Spadaro não quis se manifestar. A defesa de Bruno não foi localizada.

A última ponta solta dos esquemas da máfia siciliana no Rio Grande do Norte é o assassinato de Carlos Antonio Lopes da Silva, o taxista que se tornou laranja de Pietro Ladogana e era dono formal de duas empresas e de dezenas de imóveis no estado. Mesmo depois da prisão do italiano, em 2019, Silva continuou próximo dele – era uma das pessoas autorizadas por Ladogana a visitá-lo na prisão em Alcaçuz.

Na noite de 1º de março de 2023, Silva dormia em sua casa no bairro Pitangui, em Extremoz, com a mulher e as duas filhas do casal, quando ouviu a porta da entrada sendo arrombada. Pegou um bastão e conseguiu atingir um dos invasores, mas acabou levando sete tiros de pistola de outro criminoso. Morreu ao lado da sua cama.

A principal suspeita da polícia é que Silva tenha sido morto a mando de um empresário potiguar que teria grilado parte dos terrenos da Cosa Nostra no estado. Responsável pelo inquérito, o delegado André Kay, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Ceará-Mirim, não revela a identidade do suspeito para não atrapalhar as investigações. Passados quase dois anos do crime, o inquérito ainda não foi concluído.

 Revista Piauí

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Polícia

Polícia Civil divulga lista dos 10 criminosos mais procurados do RN

Imagem: reprodução/PCRN

Os criminosos mais procurados do Rio Grande do Norte, atualmente, são lideranças de facções criminosas que atuam no Estado, atuam em roubos à bancos e instituições financeiras, no movimento chamado “Novo Cangaço” e são procurados por diversos homicídios. Esses suspeitos são procurados pela Polícia Civil do RN e são considerados “perigosos” pela ficha extensa criminal que possuem.

De acordo com informações da Delegacia Especializada em Capturas e Polinter do RN (Decap), a lista dos mais procurados do RN é feita com base na quantidade de mandados abertos pela Justiça aliada aos crimes cometidos.

“Para Decap, procuramos os mais perigosos pelo número de crimes e condenações, principalmente, ou quando o sujeito está bem na ativa, incomodando muito”, explica o delegado Odilon Teodósio, titular da Decap desde 2020.

Ainda de acordo com o delegado Odilon, como muito desses criminosos acabam indo parar em outros estados, com contatos e ligações com facções criminosas, é necessário uma parceria com a Polinter de outras unidades federativas para a prisão desses suspeitos.

“São foragidos que geralmente têm um poder financeiro e de mando em facção diferenciados. Então eles ficam entre o RN e outros estados conexos, porque um há uma ligação com esses outros estados. Tanto que o Deicor foi buscar um de Mãe Luiza no Rio de Janeiro. Esse pessoal vai para outros estados, mas com ligação aqui no RN”, acrescenta.

Na Decap, por exemplo, há pelo menos 1.000 mandados em aberto para serem cumpridos, segundo Teodósio. Dificuldades que são reflexo do baixo efetivo da Polícia Civil do Estado. Por se tratar de uma delegacia que busca por pessoas foragidas, há uma ordem de “prioridade” definida entre os agentes.

População pode ajudar com disque-denúncia

A Delegacia Especializada de Capturas e Polinter do Rio Grande do Norte lançou em outubro de 2020 um serviço de denúncia. Segundo o delegado titular da Decap, Odilon Teodósio, é comum receber denúncias e ligações indicando onde criminosos podem estar. Segundo a Polícia Civil, por meio do aplicativo WhatsApp, qualquer pessoa pode ajudar a DECAP a encontrar e capturar foragidos da Justiça – (84) 98135-6174.

Conheça os 10 mais procurados do RN

Ruan Tales Silva de Oliveira – Natural de Natal, 33 anos, tem como principal atividade o tráfico de drogas no Rio Grande do Norte e Estados vizinhos, é foragido pelo crime de homicídio e já possui uma condenação por este crime.

Kleber Lucas Paz de Oliveira – é membro do “Novo Cangaço” e atua em quadrilhas responsáveis por ataques a instituições financeiras e carros-fortes. Segundo a Polícia, também atua no tráfico de entorpecentes no Nordeste. Foi citado na Operação Senhor das Armas, que tem como objetivo desarticular uma organização criminosa especializada em comércio ilegal de armas de fogo de grosso calibre. Possui dois mandados em aberto.

Antônio Alcivan Fernandes Júnior – Natural de Caraúbas, 24 anos, também conhecido como Júnior Mangueira ou Macaíba, possui oito mandados de prisão em aberto pelos crimes de homicídio, assalto e porte ilegal de arma de fogo. É suspeito de participar do homicídio do pré-candidato à Prefeitura de Janduís, Netinho de Nilton (PSOL), em abril de 2020, e do cabo da PM Ildônio José da Silva, em 2018, em Caraúbas.

Sandro Afonso de Souza Tavares – Natural de Belém-PA, 35 anos, também conhecido como Magrão, é foragido do presídio de Alcaçuz, desde 2016, e segundo a Polícia Civil, integrante de quadrilha que ataca instituições financeiras, comparsa de Ranielly Brito de Azevedo. Tem um mandado em aberto.

Wedson Ribeiro da Silva – Natalense, 36 anos, é procurado na Região do Mato Grande, onde é conhecido pelas práticas de assaltos e tráfico de drogas. Wedson possui condenação de 14 anos de prisão pelo crime de roubo, porte e posse de armas e tráfico de drogas.

João Vitor Lopes da Silva – Segundo a Polícia Civil, é integrante de uma facção criminosa que atua no RN. Ele é suspeito de ter participado de um atentado que vitimou a filha do PM reformado, Wendel Cortez (Wendel Lagartixa), em agosto de 2021. Na ocasião, João Vitor e Jackson Assis (falecido em agosto) abordaram o ex-PM e tentaram matá-lo, atirando diversas vezes no veículo da família e atingindo a criança. Não possui mandados em aberto junto ao Banco Nacional de Monitoramento de Prisões (BNMP).

Asseandro de Azevedo Ferreira – Natural de Parelhas e conhecido como “Ocean”, é considerado uma das maiores lideranças de uma facção criminosa que atua no RN, tem forte atuação no tráfico de drogas em todo Rio Grande do Norte. Segundo investigações, fugiu do presídio PB1, em setembro de 2018, na fuga em massa de 92 presos. Possui dois mandados de prisão, sendo um deles condenatório com mais de 50 anos de prisão.

Higo Felipe da Silva – Natural de João Dias, 25 anos, é foragido desde 2019, segundo a Polícia Civil, e comete assaltos e tem forte atuação no tráfico de drogas em Parnamirim/RN, onde é tido como liderança de uma facção criminosa que atua em todo o Estado do Rio Grande do Norte. Possui um mandado de prisão em aberto.

Thiago Gomes Menezes – Natural de Natal, 36 anos, é conhecido pela alcunha de Thiago Padeiro, e é procurado por assaltos e suspeito de comandar uma quadrilha especializada em assaltos a veículos de luxo. Preso em 2013, pela Polícia Militar de Parnamirim/RN, numa barreira montada na Avenida Maria Lacerda Montenegro, no bairro de Nova Parnamirim, Thiago Padeiro estava em uma BMW roubada. Segundo a Polícia Civil, Thiago também esteve envolvido num roubo de joias avaliadas em R$ 700 mil no Midway Mall. Atualmente Thiago possui 3 mandados de prisão pendentes de cumprimento.

Élson Alves de Oliveira – Natural de João Pessoa, 39 anos, tem como principal atividade o tráfico de drogas, onde possui conexões em todo Norte-Nordeste. Possui três mandados de prisão.

Tribuna do Norte

Opinião dos leitores

  1. Divulgar lista é fácil. Até uma escola primária faz, pois é só pesquisar nos jornais e gerar a lista. A polícia tem é que , com a lista nas mãos, prender e depois divulgar a lista com os bandidos presos. Se fizer isso cumpriu a missão.

  2. Vixe, parece até aqueles santinhos de propaganda política dos vermelhos kkkk, Qualquer semelhança terá sido mera coincidência kkkkk.

    1. Exatamente, e todos devem ser eleitores de LULADRAO o rato 🐀.

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Cultura

Câmara de Natal celebra cultura potiguar com entrega da Comenda Deífilo Gurgel

Foto: Verônica Macêdo

Na noite desta quinta-feira (08), a Câmara Municipal de Natal foi palco de celebração e homenagens a grandes artistas que fazem a cultura potiguar. “É uma imensa satisfação homenagear artistas e fazedores de cultura da capital potiguar e mostrar que este parlamento sabe da importância da classe cultural para o desenvolvimento da nossa sociedade”. Foi com essas palavras que o vereador Herberth Sena (PSDB) deu início à sessão solene para entrega da Comenda Deífilo Gurgel a personalidades que contribuem para a cultura de Natal e do Rio Grande do Norte.

O maior homenageado da solenidade é o próprio Deífilo Gurgel, que dedicou anos de sua vida à pesquisa e promoção da cultura popular do RN. Foi diretor de Promoções Culturais da Fundação José Augusto e presidente da Comissão Norte-rio-grandense de Folclore, além de ter lecionado a cadeira folclore brasileiro na UFRN, por 12 anos. Publicou vários livros sobre folclore, como Danças Folclóricas do RN, João Redondo – Teatro de Bonecos do Nordeste, Romanceiro de Alcaçus e Espaço e tempo do folclore potiguar.

De acordo com o vereador Herberth Sena, a honraria concedida aos fomentadores de atividades culturais pelo Legislativo natalense é concorrida e representa o reconhecimento do povo de Natal. “A cultura não pode ser tratada como um elemento secundário. Juntamente com a educação e a ciência, é necessário que a gente reafirme a sua importância como elemento formador do ser humano. Parabéns a todos que, apesar das dificuldades, fazem a cultura potiguar ser o que é: diversificada e vibrante”, declarou.

Ao fazer uso da palavra, Dácio Galvão, presidente da Fundação Capitania das Artes (Funcarte), disse que a iniciativa da Câmara de Natal promove valorização para a cultura na capital do Rio Grande do Norte. “A cultura é transformadora. Aliás, um povo que não cultiva sua cultura é um povo sem identidade. Considero essa comenda bastante simbólica porque Deífilo Gurgel representa a reafirmação da arte popular do estado. Assim, essa representação vai além dos limites de Natal e se expande para todo país, fortalecendo a identificação do povo com sua cultura”.

O presidente da Fundação José Augusto, Crispiniano Neto, lembrou que fazer cultura no Brasil não é fácil e que o Poder Público precisa desenvolver políticas de incentivo para a atividade que gera emprego e renda para milhões de pessoas. “Nos bastidores de um grande espetáculo existe um pequeno percentual de inspiração e um grande percentual de transpiração. Tem um trabalho árduo envolvido, de profissionais que não aparecem para o grande público. Então, uma homenagem como essa serve para que as pessoas se sintam valorizadas e motivadas naquilo que fazem”, pontuou.

Entre os homenageados estava o ator José Neto Barbosa. Segundo ele, faz-se necessário refletir sobre a necessidade dos governos investirem de forma mais efetiva na produção cultural. “O apoio ao nosso setor é concretizado quando se pensa em políticas públicas que cheguem em todas as regiões da cidade e do estado. Aproveito para agradecer o carinho de todos e dizer que estou feliz pela deferência”.

Outro agraciado com a comenda, o artista visual João Natal, gestor da Pinacoteca do Estado, falou que a solenidade constitui um momento de celebração da arte potiguar. “É gratificante estar aqui e ser reconhecido por um trabalho realizado não só como artista visual, mas também como pintor, educador e gestor de um dos mais importantes espaços culturais do Rio Grande do Norte”.

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