Política

Futuro chanceler do governo Lula defendeu embaixador acusado de assédio

Foto: Reprodução

Anunciado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como futuro chanceler, Mauro Vieira fez uma defesa enfática do embaixador aposentado João Carlos de Souza-Gomes no depoimento prestado em 2018 no processo que levou ao afastamento e suspensão do diplomata por assédio sexual e moral.

A relação de proximidade entre Vieira e Souza-Gomes tem sido relembrada em tom crítico por diplomatas desde que o presidente eleito anunciou sua escolha para comandar o Itamaraty a partir de 2023.

Vieira lamentou à época o vazamento das informações à imprensa por prejudicarem o colega, um diplomata que, na avaliação do futuro chanceler, “sempre teve uma conduta profissional impecável em relação aos colegas”.

Além da defesa de Souza-Gomes, o futuro ministro das Relações Exteriores condenou o envio de queixas contra chefes de postos diplomáticos direto ao Itamaraty, em Brasília, sem antes uma tentativa de conciliação entre subordinados e superiores.

“O depoente [Vieira] crê que o adequado em uma relação de trabalho sempre é discutir quaisquer desavença e problemas existentes entre subordinados e superiores antes de encaminhar a questão a outras instâncias”, disse, respondendo a questionamento do acusado e seu advogado.

Vieira, por meio de sua assessoria, disse ao Painel que se referia apenas a discordâncias e que defende, sim, a denúncia de casos de assédio. Declarou ainda que o tema será prioridade em sua futura gestão.

O processo disciplinar contra Souza-Gomes foi aberto para apurar denúncias de agressão, assédio sexual e moral, racismo e homofobia supostamente cometidos quando o diplomata chefiava a delegação do Brasil junto à FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), em Roma.

Funcionárias da delegação relataram comentários de cunho sexual e situações constrangedoras criadas pelo diplomata durante a convivência em Roma. Uma delas afirmou que era obrigada a ajudá-lo a colocar suas camisas, inclusive inserindo ela dentro das calças do embaixador.

Colega de Souza-Gomes da turma de 1974 do Instituto Rio Branco, Vieira foi o primeiro de uma lista de 23 testemunhas arroladas pela defesa do diplomata.

Ele foi ouvido no processo apesar de não ter estado em Roma em nenhuma data em que Souza-Gomes chefiava a delegação do Brasil na FAO. O depoimento foi uma concessão da comissão que conduziu o processo, que havia estabelecido como critério apenas colher depoimentos de testemunhas que tivessem passado pelo posto no período.

“Quanto ao histórico de vida do acusado, a comissão recorda que já examinou seu maço pessoal que é o arquivo por excelência do histórico do funcionário. […] Nestas condições, a comissão considera o suficiente para dispensar quaisquer outros depoimentos que não tenham relação com os fatos acontecidos em Roma”, escreveu a comissão, ao aprovar a oitiva de Vieira.

Na quarta-feira (14), o futuro ministro havia afirmado à Folha que, em seu depoimento, “falou que não tinha conhecimento dos fatos que geraram a acusação, inclusive por residir em cidade diferente da do referido embaixador”.

Contudo, a transcrição do depoimento de Vieira tem seis páginas de elogios ao colega de turma, descrevendo episódios e relatos positivos que ouviu sobre ele durante sua carreira.

Entre as missões de Souza-Gomes elogiadas por Vieira está a do Uruguai, posto em que foi alvo em 2011 de inspeção do então corregedor Gélson Fonseca por denúncias de assédio. O futuro ministro disse que o diplomata promoveu na Embaixada de Montevidéu “clima positivo de convívio e deixou boas lembranças nos servidores e nos contratados locais”.

Vieira também foi questionado pela defesa do diplomata sobre como avaliava o comportamento de servidores que gravam despachos e telefonemas com seus chefes. A pergunta não faz referência, mas parte das provas do caso é composta por gravações feitas por funcionários de Roma.

“[Vieira] Julga tal fato grave e o considera como sendo um desrespeito e uma insubordinação funcional. Segundo a testemunha, atitude dessa natureza só pode ter sido motivada por um conluio ou por uma vingança”, diz a transcrição do depoimento.

Ao final do depoimento, o futuro ministro também afirma, sem ser perguntado, que Souza-Gomes tinha como “inimigo notório” o diplomata Antônio Ricarte, representante-adjunto do posto chefiado pelo investigado.

Ricarte foi quem recebeu as primeiras denúncias de funcionários da delegação sobre o que ocorria. Um dos objetivos da defesa ao longo do processo era desqualificar as informações do diplomata.

A comissão concluiu que Souza-Gomes praticou assédio moral, mas afirmou que o caso de agressão não ficou comprovado. Ele foi suspenso por 85 dias e foi alvo de uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal, ainda não julgada. O diplomata se aposentou no ano seguinte.

Procurado diversas vezes ao longo dos anos para reportagens de diferentes veículos de imprensa, Souza-Gomes preferiu não se manifestar.

Vieira nomeou o colega de turma como assessor especial de Assuntos Parlamentares em 2015, quando assumiu o Ministério das Relações Exteriores na gestão Dilma Rousseff (PT), mesmo depois dos relatos de assédio no Uruguai. O futuro chanceler disse que não tinha conhecimento dos fatos à época da escolha.

A lembrança recente dos casos tem um componente adicional: uma das vítimas de comentários racistas de Souza-Gomes, de acordo com depoimento do processo, foi a embaixadora Maria Laura da Rocha, escolhida agora por Vieira como secretária-geral do Itamaraty, primeira mulher a ocupar o cargo.

A embaixadora antecedeu Souza-Gomes na delegação brasileira junto à FAO. De acordo com depoimento do processo, o embaixador “fez um comentário sobre a pele escura da embaixadora Maria Laura da Rocha”.

Havia expectativa entre diplomatas de que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva escolhesse uma mulher para chefiar o Itamaraty. Rocha era um dos nomes cotados.

Folha de S. Paulo

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Luto

Morre Manoel Bezerra, fundador da Manchete Calçados

Foto: Arquivo – Tribuna do Norte

Faleceu neste domingo (5) o empresário Manoel Bezerra, fundador e dono das lojas de calçados Manchete, bastante tradicional em Natal.

Ele deixa a esposa Eleika e duas filhas, Kassandra e Rochele.

Confira abaixo uma entrevista do empresário Manoel Bezerra à Tribuna do Norte, em 2014, quando a Manchete Calçados estava prestes a completar 50 anos.

De engraxate à ascensão no setor de calçados

No próximo dia 18 de junho, a loja mais tradicional de calçados em Natal completa 50 anos. As cinco décadas da Manchete Calçados representam mais do que o sucesso empresarial do seu fundador, Manoel Bezerra, mas é o marco de sua história de superação. Do menino que vivia em um sítio na zona rural de Acari – e guiava o avô cego, para pedir na vizinhança – ao bem-sucedido empreendedor e empresário, que construiu uma marca consolidada, sem nunca ter frequentado a escola.

Em entrevista à Tribuna do Norte, Manoel Bezerra conta esta trajetória, fala das lições que aprendeu e do que é preciso para crescer no comércio. O empresário, que ainda hoje é o primeiro e o último a chegar na empresa, comenta sobre como anda o setor e o diferencial da companhia.

Como o senhor se tornou um grande empresário do setor de calçados?
Foi o destino. Eu tinha 12 anos, quando vi a cidade pela primeira vez e resolvi fugir. Eu morava no meio do mato, em um sítio, em Acari. Comecei andando, depois peguei uma carona. O caminhoneiro me deixou no  mercado em Currais Novos e eu pensei: aqui é minha casa.  Eu comia o que os donos das bancas me davam, dormia nas bancas e comecei engraxar sapato, com uma caixa que me arrumavam. Até que um dia um senhor, que estava engraxando o sapato, perguntou se eu queria aprender a arte do sapato. Foi quando fui trabalhar numa fabriqueta, fazendo mandados. Eu ia para lá todo dia, ele me dava 50 centavos, e com isso, eu comprava três biscoitos e um quarto de rapadura, que era o que eu comia. Foi quando eu comecei a fazer peças miudinhas com o restinho de couro. Eu aprendi fazer sandália de criancinha e ganhava um dinheirinho.

Foi aí que surgiu o comerciante?
Foi quando chegou um senhor, que era meu cunhado, Jeci de Assis Dantas, marido de uma irmã minha, que eu nem conhecia, porque era filha do primeiro casamento do meu pai. Ele estava vindo  de Caicó e ia trabalhar no Banco do Brasil de Currais Novos. Foi quem me deu a mão. Ele me levou para morar na casa dele. Foi quando eu comecei a ter boa alimentação, a ter uma casa para dormir.   Bancário naquela época só não fazia chover. Ele perguntou o que eu fazia, eu disse que aqui e acolá fazia feira para o irmão do dono da oficina. Ele me ajudou a comprar uma banca de feira por 15 contos. Eu cheguei para o dono da oficina e falei que eu ia fazer feira em Santa Cruz, Campo Redondo e Currais Novos. Na época das festas das cidadezinhas,  eu ia fazer as feiras das festas e vendia bem. O dono da oficina disse que fornecia a mercadoria e no final da última feira, eu pagaria o que vendi e fabricava, com ele, as faltas. Foi quando eu comecei, em 1957, a fazer as feiras e quando eu comecei a ganhar dinheiro. Mas eu gastava tudo. Foi quando meu cunhado me deu a lição: você não tem estudo, então, faça o seguinte: gaste o necessário e o que sobrar guarde no banco. Eu não gastava nada porque ele bancava tudo, até carro para andar eu tinha. Então, eu comecei toda terça-feira, eu tirava X para gastar e o restante colocava no banco.

E como o senhor veio para Natal?
Em 1963, eu achava que estava rico e vim morar em Natal. Quis fazer feira em Natal, mas o sistema aqui era diferente do interior. Eu tinha uma irmã que morava aqui, e vinha toda semana para a casa dela, final de semana ia para o interior fazer feira. Foi quando surgiu o pontinho na Corenel Cascudo e eu comprei o ponto para colocar loja.

Na época, a rua já era comercial?
Era uma rua residencial, de repúblicas de estudantes, mas tinham algumas lojas.

Conseguiu juntar tanto dinheiro assim nas feiras que o senhor comprou o prédio?
Eu tinha comprado só o ponto. Mas em 1968, o dono do prédio colocou a venda. Esse prédio era de um rapaz que era dono de uma farmácia e ele me pediu 20 contos, 10 contos de entrada e 20 prestações de 500. Eu cheguei para meu cunhado, que na época já era chefe de carteiras de cobrança da agência do Banco do Brasil da Cidade Alta e falei para ele.  Eu tinha 16 contos e 800 de mercadoria, então, ele pediu para eu pegar os  10 de entrada no Banco do Brasil. Meu cunhado anotou todos os dados e só entreguei ao gerente, seu Otávio. Ele me deu um promissória. E eu peguei o dinheiro no saco. Peguei o dinheiro, dei os 10 mil ao dono do prédio e quando foi passar a escritura, as promissórias estavam vinculadas a escritura. As promissórias foram pagas a um fornecedor, Bornérgio Trigueiro, que era o maior atacadista de medicação e o dono do prédio devia a ele. Todo dia do apurado, eu tirava um pedacinho e colocava no cantinho. O rapaz que vinha pegar o dinheiro, nunca veio para não levar. Vinte meses depois, chega um senhor, forte, numa Kombi de luxo, com cortina e perguntou “quem é Manoel Bezerra?” e disse “eu vim lhe conhecer porque eu recebi umas promissórias suas de um dinheiro que achava que estava perdido e meu irmão nunca veio aqui para não levar esse dinheiro. Por isso vim aqui para lhe conhecer.”. Era o Bonérfio Trigueiro, que na época era milionário.

E o nome Manchete? Como foi que o senhor escolheu?
Tinha um colega meu que tinha uma loja na rua e perguntou o nome que eu ia colocar. E eu disse “JK” e ele disse que não dava certo nome de político. E falou coloque Manchete, que era um nome mais criativo, bonito. Depois de um tempo, quando a Manchete veio para cá, onde o dono chegava e dizia que era da Manchete, o povo pensava que o cheque tinha voltado, achando que era da Manchete Calçados. Depois ligou um diretor do Rio de Janeiro, agradecendo o nome, dizendo que aqui não precisava de propaganda porque o nome já estava feito.

E como o senhor começou a expansão?
No comércio se você tiver venda, sobra alguma coisa e o concorrente acaba obrigando você a abrir mais lojas. Então fui abrindo loja. A segunda foi em 1970.

Quantas lojas o senhor tem hoje? E quantos funcionários?
Hoje tenho 8 lojas, 3 na Cidade Alta, uma no Alecrim, uma no Norte Shopping, uma no Midway Mall, uma no Natal Shopping  e outra no Hiper Bompreço de Ponta Negra. Hoje são 94 funcionários, mas já cheguei a ter 125, depende do momento do mercado.

O senhor começou vendendo só para mulher e depois passou também atender o público masculino. Qual é o melhor?
No início era só sandália baixa, só para mulher, depois quando eu comprei o prédio vizinho, que abri uma loja maior, coloquei calçados em geral. O mercado era carente, tinha poucas lojas, tinha mais o mercado da cidade, que pegou fogo, e aí minhas vendas aumentaram. Em 1974, comecei a vender para homens também. Se o calçado de mulher fosse igual o de homem, era todo mundo rico, porque o que não existe prejuízo. O sapato de mulher deixa muito saldo. Homem você vende tudo. Se for desatualizado, mulher não compra.

O mercado de calçados é muito concorrido? Qual é o seu diferencial?
Quando cheguei em Natal, a população era de 280 mil habitantes e já era muito concorrido, mas em menor proporção. Hoje é muito mais, porque têm as grandes redes, que têm 200 e tantas lojas. Mas nesses 50 anos, toda a vida, eu tive crédito. E o segredo do comércio é crédito, você comprar e pagar, porque a outra ponta também tem compromisso. Eu graças a Deus sempre paguei em dia.

E o diferencial?
É o poder de compra, porque as fábricas dão melhores condições de compra. Eu procuro os menores prazos para conseguir desconto. Já as redes, querem 120, 180 dias. O que eu pego de desconto repasso para o cliente. E, é muito simples, o industrial seleciona os pedidos e dá preferência a quem paga rigorosamente e eu, graças a Deus, estou no meio.

O senhor pensa em abrir mais lojas? Em ir para outro Estado?
Abrir mais loja, depende se surgir local porque tudo é local e oportunidade. Mas eu nunca pensei em ir para fora, acho que meu lugar é aqui.

E como o senhor avalia o mercado hoje?
O setor hoje está muito fraco,  porque está todo mundo endividado, com esse bichinho chamado cartão de crédito. Por um lado é uma beleza, todo mundo tem tudo. Mas a complicação é atrasar. Não é fácil não. Eu nunca usei. Mas a felicidade da gente também foi o cartão de crédito, foi a salvação da lavoura. Porque todos podem comprar. Mas acho que isso é em todos os setores.

E como será o futuro das lojas? Suas filhas lhe ajudam?
Eu tenho minha esposa, que dá um expediente, e tenho uma moça que faz tudo. Mas minhas filhas têm lojas delas.  Mas elas vão ter que cuidar, se quiserem continuar, porque tudo é delas. Elas já trabalharam comigo, uma me ajuda até hoje indiretamente. Mas eu quem administro tudo, sei de tudo das lojas.

Opinião dos leitores

  1. que beleza de história. O que mais me impressiona é o tino como empreendedor e gestor. Essa turma que toma água de Acari parece muito inteligente. abs

  2. Bruno, obrigada meu amigo pela bela homenagem a meu pai com a republicação da entrevista.

  3. Que Deus conceda o descanso e as alegrias eternas. Meus Pêsames aos familiares e amigos.

    1. Sòmente agora, ao chegar do interior, tomei conhecimento do falecimento do grande amigo Manoel da Manchete, exemplo de trabalho, empreendorismo e honestidade, nosso abraço solidário à Eleika, kassandra e Rochele. 🙏🙏🙏

  4. Grande Homem e ex patrão, foi muito bom trabalhar com o sr manoel de souza bezerra, Descance em paz, meus sentimentos a toda familia

  5. História muito bonita de Seu Manoel. Exemplo para muitos. Que fique ao lado do Senhor confortando a família.

  6. Obrigada por todas as condolências e relatos de histórias incríveis!!!!! Meu pai foi incrível, um ser humano único, lutou contra tantas adversidades na infância e venceu, construiu uma história de vida ética, com muito respeito ao próximo. Obrigada painho pelo grande exemplo que nos deu!!! Vá em paz e até logo. A vida não acabou, apenas estamos em planos diferentes. 😘❤️🙏🏻

  7. Foi um grande homem, simples, humilde esse era Manuel,todos os dias quando ele fechava o loja eu ia deixar ele em casa,estou sem acreditar, descanse em paz 🙏🙏🙏🙏

  8. que historia linda,sempre comprei na Manchete Calçados mas não conhecia a história do dono. Descanse em paz …cumpriu sua missão.

  9. Um grande amigo, Ivamar trabalhou com ele muitos anos. Grande incentivador dos seus funcionários.
    Descanse em paz Seu Manoel.
    Deus conforte toda família.

  10. O homem mais humano, amigo, bom profissional que eu conheci ao lado do meu pai.
    Conheci de perto, trabalhei com ele muito tempo em suas lojas.

  11. O homem mais correto, decente, humano e amigo que eu conheci na minha vida. Além de meu pai, um homem fantástico digo isto de coração, tive a oportunidade de trabalhar com ele em suas lojas.

    1. Homem de bem.
      Teve um revés danado, quando a sua loja da Coronel Cascudo pegou fogo, incendiou, não ficou nada, então ele reergueu tudo e dizia, Deus devolve ao seu legítimo dono, tudo aquilo que ele conquistou com honestidade, então ele se sentiu assim, recebendo de volta tudo, através do suor, do trabalho, nunca com formas estranhas, sempre com honestidade e dedicação, sou fã da história de Seu Manoel da Manchete.
      Ele cumpriu o que veio fazer nesse mundo.
      Fica seu exemplo de Homem Bom, reto e Probo.

  12. Sr. Manoel, homem íntegro. Que Descanse em paz e que Deus conforte D. Eleika, Kassandra e Rochelle ✨✨🙏🏻

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Brasil

Ministro da Defesa pede a Lula aumento de salário de militares após crise de desconfiança

Foto: José Múcio – Gabriela Biló

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, se comprometeu com os comandantes das Forças Armadas a fazer um esforço junto ao presidente Lula (PT) e à equipe econômica para conceder um aumento de cerca de 9% para o salário dos militares.

Os chefes militares apresentaram a demanda a Múcio em conversas nos meses de julho e agosto.

A avaliação nas cúpulas militares, especialmente no Exército, é que há uma insatisfação generalizada de praças e suboficiais com os salários recebidos.

A contrariedade tem aumentado desde 2019, quando o que era para ser uma reforma na Previdência dos militares se transformou numa reestruturação da carreira, com a criação de uma série de benefícios atrelados à conclusão de cursos e promoções por tempo de serviço.

Os benefícios, na prática, criaram uma série de distorções nos ganhos dos militares —movimento que aumentou os rendimentos de oficiais superiores e oficiais-generais e reduziu ou estagnou os de praças e militares de baixa patente.

Como a Folha mostrou, generais engordam seus salários com ajudas de custo de até R$ 150 mil pagas nas movimentações militares, que geralmente ocorrem a cada dois anos. O valor sobe para cerca de R$ 300 mil quando eles vão para a reserva.

Segundo relatos, Múcio já teve conversas sobre o aumento salarial dos militares com Lula e a ministra da Gestão, Esther Dweck. Uma nova rodada de conversas será feita em setembro e outubro, quando as discussões sobre o orçamento de 2024 devem ganhar tração.

A tese defendida pela Defesa é a de que o tratamento de civis e militares deve ser o mesmo. Como os servidores públicos receberam aprovação de um aumento de 9% em seus vencimentos, Múcio espera conseguir o mesmo reajuste para os fardados.

No Exército, o comandante Tomás Paiva designou o chefe do Estado-Maior da Força, general Fernando Soares, para criar um grupo de trabalho para apresentar uma proposta de reajuste salarial para os militares da Força.

Generais ouvidos pela Folha argumentam que praças e suboficiais recebem atualmente um salário até 30% menor que o pago até 2001, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) editou uma medida provisória —apelidada na caserna como “MP do Mal”— que reduziu ou extinguiu uma série de benefícios militares.

A reestruturação da carreira de 2019, capitaneada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ampliou a diferença salarial sem fazer mudanças relevantes no soldo —a base do salário do militar.

A lei aumentou o adicional que militares recebem pelos cursos feitos durante a carreira —um valor percentual que é multiplicado ao soldo para a composição do salário bruto do militar.

O curso de especialização subiu de 16% para 27%, por exemplo. O de altos estudos saltou de 30% para 73%.

O problema, segundo relatos de sargentos, é que os cursos só são liberados aos militares após eles alcançarem determinadas patentes ou tempo de serviço. No caso de praças, há menos vagas nas classes do que para oficiais.

Por exemplo, os oficiais formados na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras) têm permissão para fazer o curso de aperfeiçoamento oito anos após a entrada na Força. No caso dos sargentos formados na ESA (Escola de Sargentos das Armas), o prazo é de 12 anos.

Especialistas e pesquisadores das Forças Armadas criticam a estratégia de Múcio e dos comandantes Tomás Paiva (Exército), Marcelo Damasceno (Aeronáutica) e Marcos Olsen (Marinha) de buscar um reajuste salarial para aumentar a valorização dos militares.

“Os praças se sentiram muito traídos [na reestruturação da carreira], sem dúvida a reforma privilegiou as camadas de cima”, avalia a pós-doutoranda em ciência políticas da Unicamp, Ana Penido, pesquisadora sobre os militares.

Para ela, as distorções criadas em 2019 deveriam ser revistas num plano mais amplo, e não em um reajuste para os praças. “Quase todo o dinheiro que entra no Ministério da Defesa vai para o pagamento de pessoal. Para vocês rever isso, precisa ver a política de pessoal, quantificar o número de oficiais e praças. Precisa de recrutamento obrigatório? Aquele tiro de guerra no interior, para que serve?”, afirma.

Penido destaca que, para resolver o problema, será preciso o Ministério da Defesa abrir para a sociedade civil a discussão sobre a Política Nacional de Defesa. “Só o controle civil pode definir, de fato, como deve ser o gasto com as Forças Armadas e pensar uma política de defesa pertinente com a grandeza do Brasil”, conclui.

Lucas Pereira Rezende, professor de ciência política da UFMG, avalia que Múcio está agindo como um “embaixador dos militares junto ao poder político quando seu papel deveria ser o contrário: o ator político para levar as instruções aos militares”.

“Quando o Múcio leva essa demanda como um embaixador do militares, ele não está fazendo o passo que deveria fazer, que é discutir o orçamento da Defesa com a sociedade, com o Parlamento. Mais uma vez, ele demonstra essa pressão, o poder assombroso que os militares têm dentro da máquina estatal brasileira.”

Ele conta que as Forças Armadas de países como os Estados Unidos e a França reduziram seus tamanhos e investiram em tecnologia e equipamentos, enquanto o Brasil permanece com mais de 80% do orçamento comprometido com pessoal.

“Precisamos investir em alta tecnologia, nos programas estratégicos, em ciência e tecnologia da defesa, precisamos ter satélites. Mas isso não vai acontecer enquanto o governo enxergar as Forças Armadas como algo intocável, sem realizar de fato o controle civil”, afirma.

Professora do curso de defesa e gestão estratégica internacional da UFRJ, Adriana Marques afirma que a lógica da Defesa de conceder o mesmo reajuste para servidores civis e militares não tem razão.

“Os militares foram a categoria profissional que mais conseguiu aumento na reforma previdenciária. Reforma é para tirar direito, mas eles não só aumentaram os direitos como aumentaram os salários”, contesta.

“Múcio está ali para atender os interesses das Forças Armadas. Depois de tudo o que a gente passou nos últimos anos e também do compromisso que esse governo fez para ser eleito, fortalecimento da democracia e frente ampla, é lamentável que o ministro da Defesa reforce o corporativismo das Forças.”

Folha de São Paulo 

Opinião dos leitores

  1. Para os atuais comandantes estarem se comportando como estão, a conta tinha que chegar, estou achando pequeno esse aumento. O Brasil suporta tudo, até lula, quanto mais um aumento mereça desses.

  2. Peguem um véio militar que vc conhece e que morreu há muito tempo, coloque o nome dele no portal da transparência e vc verá que o salário ainda está rolando no sistema, pois alguma viúva, filha ou filhas estão recebendo a grana e quando uma morre as outras ficam com a cota parte. Salário de militar é igual a catinga de c, não acaba nunca.

  3. É só Lula dar um aumento biscaite para aqueles que foram enganados pelo mito. É só criar uma gratificação dos sem curso de 9% para os praças e está resolvido o problema.

  4. Peguem um véio militar que vc conhece e que morreu há muito tempo, coloque o nome dele no portal da transparência e vc verá que o salário ainda está rolando no sistema, pois alguma viúva, filha ou filhas estão recebendo a grana e quando uma morre as outras ficam com a cota parte. Salário de militar é igual a catinga de c, não acaba nunca.

    1. Deixo Claro que essa pensão deixou de existir em 2019, as vezes as pessoas não sabem

  5. O que o ex presidente fez foi beneficiar as alta patente das tres forças com o aumento das gratificaçoes, sou praça da reserva e o que aumentou foi os descontos obrigatorios, foi uma vez mais injustiça com as praças e sao as praças que leva nas costas as forças armadas.

    1. Vai estudar, que história é essa de levar nas costas, vcs são muito bem remunerados.

  6. Que cara de pau desses militantes, digo militontos que quase deram um golpe , foram poupados na reforma da previdência e ainda querem aumento?

    1. Golpe é lula ser presidente. Aí sim é golpe. Como se diz no sertão é um taio, né nem golpe.

  7. Esse ministro deveria ter sido convocado pela CPI, senti falta dele lá. Seria um ótimo lugar pra pedir aumento.

  8. Continuem votando em funcionários públicos, continuem elegendo ex-milíco etc. Todos fazem do sistema. Eu, por exemplo, 2022, foi a última vez que eu votei. Daqui para frente não voto mais. Pois, compreendi que votar, significa ratificar a democratice (o estado de coisas inconstitucionais).

    “Fora Lula” grita o milíco ou o ex-milico.

    Vou deixá-los com Ricardo Chaves: Acabou, acabou…

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Polêmica

Spotify analisará se “recorde” de Anitta foi manipulado

Foto: divulgação

O serviço de streaming Spotify diz ter condições e ferramentas que podem revelar se houve “robotização” ou “fraude” por parte de fãs da cantora Anitta no recorde mundial que ela bateu no mês passado.

No mês passado, a brasileira foi alçada à primeira posição do ranking Daily Top 50 Global —algo até então inédito para qualquer artista nacional.

Só naquele dia, sua nova música, “Envolver”, foi reproduzida mais de 6,4 milhões de vezes. Até esta quarta-feira (13) a música segue rumo aos 146 milhões de reproduções.

Entre assinantes e usuários da versão gratuita, o Spotify tem cerca de 381 milhões de usuários (dados do próprio serviço, divulgados em novembro de 2021).

Suspeita desde o exterior

Como divulgou ontem Tilt, com base em dados do “Rest of World” (publicação sobre tecnologia sem fins lucrativos), há indícios de que fãs da cantora tenham utilizado métodos “heterodoxos” (para dizer o mínimo) para impulsionar o lançamento de “Envolver”.

Entre as ações dos fãs de Anitta sob suspeita estão manipulação do algoritmo de resultados do streaming, com a divulgação de métodos e uso de redes VPN para reproduzir as músicas várias vezes com novos IPs (burla o protocolo-raiz, que permite identificar um equipamento com acesso à internet); e também o possível uso de “robôs” (bots) para reproduzirem a música indefinidamente.

Há várias postagens em redes sociais entre os séquitos de Anitta no Brasil nesse sentido.

O mais grave, no entanto, é que a própria cantora participou ativamente nas redes para estimular o “engajamento”, o aumento do número de audições e até mesmo a manipulação do algoritmo.

Só no Instagram a cantora tem 64 milhões de seguidores. No Twitter e no Facebook, quase 16,5 milhões em cada.

Como informou o “Olhar Digital”, um perfil oficial de Anitta retuitou uma internauta em 14 de março passado, orientando que, para aumentar a popularidade da cantora, era preciso montar “playlists” com sua música e sempre lembrar de “usar contas diferentes no Spotify”, além de “lembrar de trocar de contas”.

Déjà vu

No ano passado, um youtuber norte-americano, professor Scott Lowe, professor de língua inglesa e amante da cultura brasileira, também levantou suspeitas sobre o “tamanho” das reproduções e nº de comentários para o então lançamento “Girl From Rio”.

O youtuber avaliou que o lançamento do “hit” fora feito sob medida para o mercado norte-americano, mas que ele quase não via postagens de seus conterrâneos nos sistemas de comentários do YouTube, ou de outras redes.

O que diz o Spotify

Procurado pela coluna, o serviço de streaming Spotify disse que não anunciaria nenhuma posição oficial sobre o tema desta reportagem, mas enviou o conteúdo de seus termos e condições que precisam ser aprovados por todos os artistas, personalidades e criadores de conteúdo diversos que usam a plataforma.

“Quando identificamos ou somos alertados sobre casos potenciais ou confirmados de manipulação de stream, tomamos medidas que podem incluir a retenção de royalties, a correção de números de streaming e medidas para garantir que a popularidade do artista ou da música seja refletida com precisão em nossos gráficos. O Spotify reserva-se o direito de remover conteúdo manipulado da plataforma.”

E mais:

“Colocamos recursos de engenharia e pesquisas significativos para detectar, mitigar e remover a atividade de streaming artificial no Spotify para que nada atrapalhe nossa missão de dar aos artistas a oportunidade de viver de sua arte e para que os detentores de direitos sejam pagos da maneira mais justa possível. possível para o seu trabalho. A integridade disso é incrivelmente importante para nós, porque um fluxo ilegítimo significa que há artistas honestos e trabalhadores do outro lado que são afetados.”

Ou seja, independentemente de quem seja o produtor de conteúdo (musical, podcasts, vídeos etc), a plataforma sempre analisa as ocorrências.

A coluna teve acesso, inclusive, ao caso de um modesto músico que tem apenas uma média de 300 audições por mês, e que já recebeu uma notificação do streaming informando que, parte de suas “audições”, seriam descartadas do pagamento de “royalties” num determinado mês por suspeita de fraude.

Embora o serviço tenha todas as ferramentas para identificar “fraudes”, jamais divulga publicamente o resultado dessas investigações. Somente informa ao artista ou criador de conteúdo envolvido.

Outro lado – Anitta

A coluna enviou pedido ao “staff” de Anitta para que comentasse o caso descrito neste texto. Não houve nenhuma resposta até esta publicação. Se isso ocorrer, o texto será atualizado.

Ontem, Paulo Pimenta, assessor-chefe de Comunicação do “staff” da artista, publicou “carta aberta” relação ao caso. Leia a íntegra:

“Muito se fala sobre “Envolver e seu sucesso que dura até hoje no top 50 global do Spotify. A primeira cantora latina a chegar a posição #1 de forma solo é brasileira e se chama Anitta.

Foi ela mesma que lá atrás uma vez me disse que uma minoria sempre tende a elevar um artista só para depois ter o prazer de diminui-lo. Infelizmente, ela tem razão.

Vamos aos números de “Envolver” nos últimos 28 dias? Reparem que o país que mais ouviu “Envolver” foi o Brasil: 38.420.876 de plays. Mas se você QUISER realmente estudar os resultados, a perspectiva muda. Somados, os streamings dos 9 países que mais ouviram “Envolver” resultam em um número relevante e global: 42.801,642.

O Brasil é o segundo mercado consumidor de música do mundo em número de ouvintes digitais e sua população e território são continentais.

Logo, existe uma lei de proporcionalidade. Seria óbvio que uma cantora tivesse tal resultado em seu próprio país? Não necessariamente. Mas, se tratando da Anitta, tudo muda de figura. Enxergamos aqui outro fenômeno.

A cantora arrebatou seu país com um ritmo que não é brasileiro e em língua espanhola – não muito falada por aqui. Um posicionamento internacional de dentro para fora. Há quem diga que os fãs brasileiros ouviram muito Envolver. Mutirão.

Mas, isso é ruim? Vale ressaltar que Anitta tem mais ouvintes mensais nos Estados Unidos do que grandes cantoras americanas – é só QUERER pesquisar. Algumas poucas notícias sobre Envolver ainda podem revelar a teoria citada no início do texto.

Mas, ainda bem que a matemática não mente e que a grande maioria dos brasileiros ainda tem orgulho dos artistas nacionais e se envolveu com a Anitta ao ponto de quebrarem juntos barreiras nunca antes ultrapassadas. Paulo Pimenta, assessor de comunicação e imprensa de Anitta.”

Coluna do Ricardo Feltrin – Splash/UOL

Opinião dos leitores

  1. Apurem!!
    A tendência do esquerdistas é da trambiques.
    Se for verdade, bote essa cantora meia boca na cadeia.
    A mim não me faz falta esse tipo de cantora.
    Cantora???
    Pra mim não é.

  2. Não tem jeito. Se está contra Bolsonaro, pode ir procurar que é trambiqueiro. É impressionante isso. Um ótimo exemplo de pessoa, essa anitta. São essas qualidades de pessoas que a esquerda idolatra.

  3. Uma cantor que tem, segundo a reportagem, 64 milhões de seguidores só no Instagram, não pode ter 6,4 milhões de acessos? 10% dos seus seguidores no Instagram.

    1. Boa Muaaaaaaar, prof. da porra, que ando leva uma madeirada no lombo, fica rangendo os dentes, pense que chamar isso de cantor kkkkkk. Vamos ter a oportunidade de ver se essa conta se confirma, por enquanto só denúncia, depois se verifica, se confirmado vamos ter que verificar esses 64, não seria um belo 69? Fica ruim e o tatuagem do barbudo dando risada e falando grosso.

    2. Mumuzinho, posso te chamar assim? Quantas pregas tem o frezado dessa grande cantor, se ela ter pegar na esquina e te pegar, vc vai morrer feliz, justiça se faça a danada é bem feita, mais beleza só para comer, para viver tem que ter mais tutano, uma Janja mal resolvida fica difícil.

    3. Filipe guerra e servente, ao invés de comentar sobre a manipulação da música, falam de madeirada e PT. Ô geraçãozinha de analfabetos funcionais…

  4. Essa é aquela que tem o barbudo rateado nos países baixos, vai dar merda essa história, por sinal, todos que se envolvem com esse meliante fedorento é assim, não escapou ninguém.

    1. Você tem inveja do rebolado dela, né tia!?
      Deve ter vontade de rebolar assim pra o sobrinho e não consegue..
      🤣🤣🤣

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Cultura

Completando 60 anos, Festa do Boi será aberta neste sábado e promete edição histórica com recorde de público e negócios

Foto: Divulgação

Uma sexagenária cheia de energia e com fôlego para seguir sua trajetória de sucesso ainda por muitos anos. Assim é a tradicional Festa do Boi, que este ano chega à emblemática 60ª edição com a expectativa de quebrar recordes de público e negócios.

O evento deve movimentar R$ 65 milhões em negócios e atrair cerca de 500 mil visitantes, que irão circular pelos 300 estandes montados no Parque Aristófanes Fernandes, em Parnamirim, durante os seus oito dias. Com realização da Associação Norteriograndense de Criadores (Anorc) e do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura, da Pecuária e da Pesca (Sape), Sebrae e Prefeitura de Parnamirim, a Festa do Boi 2022 será oficialmente aberta em uma solenidade especial, marcada para às 17h deste sábado, 8, e segue até o próximo dia 15.

Oficialmente denominada de Exposição de Animais, Máquinas e Equipamentos Agrícolas do Rio Grande do Norte, a Festa do Boi 2022 retorna este ano pela primeira vez com força total após a pandemia da Covid 19, que a obrigou a realizar uma edição virtual (2020) e outra com uma série de restrições de público no ano passado.

“Iremos realizar a maior Festa do Boi da história, não tenho dúvidas disso”, afirma o presidente da Anorc, Marcelo Passos. Este ano, mais uma vez, o acesso aos shows musicais será gratuito para quem pagar pela entrada no parque (R$ 10) ou estacionamento (R$ 30), podendo entrar até 5 pessoas por carro. Por terem caráter beneficente eles apenas pedirão ao público a doação de um quilo de alimento não perecível. Os alimentos arrecadados serão entregues à instituição DOE Parnamirim, que atende pessoas carentes do município.

O bom momento vivido pelo setor rural potiguar é um dos combustíveis para o otimismo dos realizadores. O titular da Sape, Guilherme Saldanha, pontua este sentimento positivo. “Temos muitos dados positivos a comemorar no agronegócio potiguar. O ano foi de boas chuvas e o setor rural está animado. A edição de número 60 da Festa do Boi tem, de fato, tudo para ser histórica”, afirma ele.

Marcelo Passos, da Anorc, ressalta que praticamente todos os 300 estandes da exposição foram comercializados, o que gera a expectativa também de um recorde na oferta e comercialização de animais, máquinas, implementos, insumos e produtos agropecuários. Ele pontua que o fato de a Festa englobar na sua programação um feriado (o do dia 12) serve para potencializar a já tradicional programação em homenagem ao Dia da Criança. “Já virou tradição. O dia 12 é o Dia da Família na Festa. É o nosso dia de maior público”, pontua ele.

Também merece destaque na Festa o Espaço Agência Sebrae, que contará com palestras, minicursos e exposição de produtos e das principais iniciativas da instituição de suporte ao agronegócio. O espaço, aliás, terá uma nova roupagem, moderna e interativa.

Como sempre, os leilões e os shows estão entre os pontos altos da Festa do Boi. Este ano, os shows terão uma atenção ainda mais especial da organização. Serão dois dias com atrações gratuitas, sendo pedida apenas a doação de um quilo de alimento não perecível. Todos os alimentos arrecadados serão entregues à DOE Parnamirim, uma entidade que cuida de pessoas carentes no município.

Na abertura, neste sábado, 8 de outubro, a Arena Festa do Boi (montada dentro do próprio Parque Aristófanes Fernandes) irá receber, ninguém menos que as bandas Ferro na Boneca e Cavaleiros do Forró e ainda o cantor Aduílio Mendes, uma das vozes mais icônicas do forró nordestino.

Já no sábado 15, no encerramento da Festa do Boi, os shows ficam por conta das bandas Circuito Musical, Na Pegada do Coyote e Chama as Meninas. A programação da Arena de Shows começa sempre às 20h.

Já nos leilões, destaques para os tradicionais Nuleite, ANQM (cavalos Quarto de Milha) e Leilão da Emparn. Apenas os leilões deverão movimentar cerca de R$ 5 milhões.

Estrutura do Governo do Estado na Festa também será especial

Ratificando o seu compromisso com o setor rural potiguar, o Governo do Estado está investindo forte e terá uma presença maciça na tradicional Festa do Boi, que este ano chega ao seu jubileu de diamante, completando 60 anos de tradição. A maior feira e exposição agropecuária do Rio Grande do Norte terá, mais uma vez, o espaço denominado “O RN que dá certo” no qual estarão expostas as inúmeras ações do Governo da professora Fátima Bezerra em prol deste segmento econômico de enorme relevância social.

A estrutura será montada no espaço chamado “Gabinete do Governo”, próximo à já tradicional Fazendinha da Emparn. A própria fazendinha, aliás, já é um ponto que merece destaque. Este ano ela traz como novidade uma Arena, fruto da parceria firmada com o Sistema Nacional de Aprendizagem Rural-Senar RN.

O espaço do Governo do Estado também irá apresentar cases, números e detalhes de ações desenvolvidas pelo setor de Pesca da Secretaria Estadual da Pecuária e da Pesca (Sape/RN), Empresa de Pesquisas Agropecuárias do Rio Grande do Norte (Emparn) e a Centrais de Abastecimento (Ceasa/RN).
Haverá exposição de itens produzidos no Distrito de Irrigação do Baixo Açu (Diba), concluído no ano passado pelo Governo, com a entrega de 19 km de canal de irrigação e de rede elétrica, além da nova estação de bombeamento. A ação do Governo, após 30 anos de espera, tem feito com que a área total irrigada passe de 2,7 mil hectares para 5,9 mil hectares (equivalente a mais de sete mil campos de futebol).

Também serão montadas estruturas para divulgação do Mel Potiguar, outro produto que contou com uma ação de apoio do Governo do Estado. Em 2021 foi editado um Decreto do Estado regulamentando a lei que trata da atividade de meliponicultura no Rio Grande do Norte. Com ele, os pequenos produtores de mel de abelha nativa, sem ferrão, estão legalmente amparados no estado. Com a regulamentação, a expectativa do governo estadual é que a atividade seja alavancada, com incremento qualitativo e quantitativo da produção e consequente ampliação do mercado, principalmente nas regiões Central, Oeste e Mato Grande, onde há uma presença mais maciça da cadeia produtiva do mel. A Festa do Cavalo 2023 e a Expofruit 2023, que é promovida pelo Comitê Executivo de Fruticultura do RN (Coex) igualmente com apoio do Governo do Estado também irão merecer destaque.

Emparn terá novidades na Fazendinha e leilão de gado de alto valor genético

Já a partir do sábado (8), a tradicional Fazendinha da Emparn, apresenta para os visitantes uma amostra das pesquisas realizadas nas Estações Experimentais com plantações de diversas culturas adaptadas para o semiárido, como milho, sorgo, banana e palma forrageira consorciada.

De segunda (10) à sexta (14), a equipe de pesquisadores da Emparn irá esclarecer dúvidas e orientar produtores de diversas caranavas de diversos municípios do RN, sobre as tecnologias desenvolvidas. Além dos cultivares, os produtores terão acesso a orientações sobre os serviços prestados pela Emparn por meio de Laboratório de Análise de Águas, solos, plantas e rações, o Laboratório de Biotecnologia e o setor comercial com sementes com alto valor genético que poderão ser adquiridos.

“Preparamos uma programação muito especial para compor a Festa do Boi, um dos maiores eventos do setor do Nordeste, que neste ano comemora 60 anos”, comentou o diretor Presidente da Emparn, Rodrigo Maranhão.

Arena do Conhecimento
“Com o intuito de facilitar o acesso do produtor a produtos de alto valor genético, disponibilizaremos para venda pintos de um dia, mudas de coco e sementes diversas”, comentou Maranhão.

Uma das novidades no local é a Arena montada no espaço da Fazendinha, fruto da parceria firmada com o Sistema Nacional de Aprendizagem Rural-Senar RN. No local, uma equipe técnica irá ministrar para os produtores cadastrados, diversas práticas relacionadas a cadeias produtivas da bovinocultura, avicultura, piscicultura e outras.
Ainda no espaço da fazendinha, a Emparn apresenta uma unidade demonstrativa do Projeto Pró-Ave Caipira, que objetiva incentivar a produção de galinha caipira pelo interior do estado. Estarão em exposição no local também, bovinos das raças pesquisadas pela Emparn, além de exemplares de ovinos e caprinos do seu plantel.

O Leilão Emparn e Convidados, promovido e realizado pela E.M. Leilões, acontecerá no domingo (09), às 18h, no Tatersal José Bezerra de Araújo.

A Empresa vai disponibilizar 29 lotes de alto valor genético das raças Guzerá, Gir, Sindi e Pardo-Suiça, além de muares e asininos. O pagamento será feito em 2(dois) + 28 (vinte e oito) parcelas. Durante os dias do evento serão realizados ainda Leilões da Urna com caprinos e ovinos.

FESTA DO BOI 2022 – PROGRAMAÇÃO OFICIAL (sujeita a alterações)

Sexta-feira (07/10)
– 13h: Pesagem e diagnóstico de gestação

Sábado (08/10)
– 06h: Torneio Leiteiro – 1ª Pesagem
– 10h: Abertura dos Portões
– 17h: Solenidade de Abertura da 60º Festa do Boi
– 18h: Torneio Leiteiro – 2ª Pesagem
– 18h: Desfile de Abertura da 60ª Festa do Boi
– 20h: Arena Show
Ferro na Boneca
Aduílio Mendes
Cavaleiros do Forró

Domingo (09/10)
– 06h: Torneio Leiteiro – 3ª Pesagem
– 09h: Início do julgamento da raça Pardo-Suíça
– 10h: Abertura dos Portões
– 18h: Leilão EMPARN e Convidados
– 18h: Torneio Leiteiro – 4ª Pesagem
– 18h: Missa Campal com Padre Robson
*Pista de julgamento: Pardo-Suíço

Segunda-feira (10/10)
– 06h: Torneio Leiteiro – 5ª Pesagem
– 09h: Sequência do julgamento da raça Pardo-Suíça
– 10h: Abertura dos Portões
– 10h: Geração Agro – Eventos promovidos pelo Nuleite
– 18h: Torneio Leiteiro – 6ª Pesagem
– 18h:Apresentação Galeria de Garanhões
– 19h: Apresentação dos Animais do Leilão ANQM
*Pista de julgamento: Pardo-Suíço

Terça-feira (11/10)
– 06h: Encerramento das pesagens do Torneio Leiteiro
– 09h: Início dos julgamentos das raças Sindi e Gir.
– 12h: Abertura dos Portões
– 13h30: Sequência dos julgamentos das raças Sindi e Gir.
– 19h: Leilão ANQM
*Pista de julgamento: Cindir e Gir Leiteiro

Quarta-feira (12/10)
– 08h: Julgamentos das raças Sindi e Gir
– 12h: Abertura dos portões
– 14h: Encerramento dos julgamentos das raças Sindi e Gir.

– 14h às 20h: Programação especial com diversos personagens em todo o parque com entrega de brindes para as crianças.
– 15h: Show Palhaço Sorriso e Palhaço Carequinha
– 17h: Cia Era Uma Vez – Show Patrulha Canina

– 18h: Entrega das premiações do Torneio e Melhores Expositores
e Criadores.
– 19h: Cia Era Uma Vez – Show Encanto
– *Pista de julgamento: Cindir e Gir Leiteiro

Quinta-feira (13/10)
– 08h: Início do Julgamento das raças Guzerá Leiteiro e Nelore
– 12h: Abertura dos Portões
– 14h: Julgamentos das raças Nelore, Guzerá e Girolando.
– 19h: Leilão Sindi Estrelas
*Pista de julgamento: Nelore, Guzerá Leiteiro e Girando

Sexta-feira (14/10)
– 08h: Início dos julgamentos das raças Guzerá Leiteiro e Nelore
– 10h: Abertura dos Portões
– 14h: Julgamentos das raças Nelore, Guzerá e Girolando.
– 18h: Entrega das premiações de melhores expositores e criadores.
*Pista de Julgamento: Nelore, Guzerá e Girolando

Sábado (15/10)
– 10h: Abertura dos Portões
– 12h: Leilão Nelore Montana
– 20h: Arena Show
Chama as Meninas
Na Pegada do Coyote
Circuito Musical

 

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Política

VÍDEO: Confira o discurso completo de Jair Bolsonaro na avenida Paulista, neste domingo (25)

Foto: reprodução

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou por 22 minutos durante ato em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo), na avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo (25).

Disse a apoiadores que sofre “pancadas” antes mesmo das eleições de 2018. “Passei 4 anos perseguido também enquanto presidente. E essa perseguição aumentou a sua força quando deixei a Presidência da República”, declarou.

Se preferir, leia:

“Meu Deus, esse povo brasileiro não merece estar vivendo por esse momento.

“Hoje, tão poucos, pouquíssimos, causam tantos males a todos nós. Nós sabemos que o mal não é eterno. Mas lá, na caixa de ferramenta, que é a Bíblia cristã, está escrito que nós devemos fazer tudo o que está ao nosso alcance. Quando não for mais possível, entreguemos nas mãos de Deus.

“Nós ainda podemos fazer muito pela nossa pátria. A liberdade é um bem maior. Mas ao longo dos meus 4 anos de presidente da República, nós aprendemos que esse bem não é pétreo. Não é eterno. Como um grande amor, todos os dias você tem de se preocupar com a sua liberdade.

“Lembro lá, nos dias de 2018, no dia meia dúzia de setembro [6.set.2018], em Juiz de Fora [MG], cidade do nosso governador [Romeu] Zema, eu fui covardemente agredido. Um cara, ex-filiado ao Psol me esfaqueou. Eu lembro muito bem, fui muito bem atendido por médicos e enfermeiros de Juiz de Fora. Depois vim para o [Albert] Einstein aqui em São Paulo. Nas mãos do doutor Macedo, outro milagre.

“Logicamente que devo minha vida a Deus. Mas me lembro muito bem, naqueles momentos de rara lucidez, eu pedia apenas uma coisa a Deus: que ele não deixasse órfã a minha filha Laura, com então 7 anos de idade.

“Por que eu falei isso? Porque quando falamos em Estado Democrático de Direito, quando ele não é respeitado, nós fabricamos, ou melhor, aquela minoria fabrica órfãos de pais vivos. É lamentável o que vem acontecendo. O abuso por parte de alguns, que trazem a insegurança para todos nós.

“Quem sou eu? Eu sou igual a vocês. Só que do lado em direção a Curitiba, da pequena cidade de Eldorado paulista. Talvez 4.000 habitantes. Mas ali eu me criei. Ali, conheci a luta armada em 1970. Onde foi executado pela esquerda, a pauladas, o tenente da Força Pública de São Paulo Alberto Mendes Júnior.

“Quis o destino que eu entrasse na carreira das armas. Cursasse a Escola Preparatória de Cadetes em Campinas, a Academia Militar em Resende [RJ] e saísse mundo afora. Minha última unidade de combate foi na longínqua Nioaque, [no] Mato Grosso do Sul. Dali voltei para o Rio e entrei em uma campanha de vereador. Sem nada, consegui me eleger. Depois, me elegi deputado federal. Fiquei por 28 anos dentro da Câmara, muitas vezes, discursando para as paredes. Mas sentia que algo estava por acontecer.

“Em 2014, disse que seria presidente da República lá no sagrado pátio das Agulhas Negras em Resende. E aconteceu. E eu tinha que fazer algo diferente do que sempre fizeram pelo Brasil. Escolhi, após a posse, ministros técnicos e combatentes. Muitos consagrados na política, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. O homem que pegou um orçamento minúsculo e fez grandes obras pelo país. E não foram só obras de infraestrutura, não. Obras em portos e aeroportos, que são de infraestrutura, mas obviamente fora da área de PRS.

“Escolhi também, acabou de sair daqui, o [senador] Marcos Pontes, o ministro de Ciência e Tecnologia, que orgulha o Brasil, inclusive, fora da nossa pátria. Tivemos a [senadora] Tereza Cristina na Agricultura. Nosso agronegócio é um exemplo e é algo que orgulha todos no Brasil. Inclusive, durante meus 4 anos, o MST não apareceu, não deu as caras. Porque nós titulamos, para mais de 400 mil pessoas, o seu pedaço de terra. Deixo claro, 80% dos títulos foram para as mãos das mulheres.

“Assumimos 2018 e 2019. Aprovamos com o Parlamento brasileiro a Lei de Liberdade Econômica. Entramos em 2020. Lamentavelmente a pandemia apareceu. Um sinal de interrogação para todo mundo como, em parte, ainda é no dia de hoje. Fizemos o possível para atender a todos do Brasil. Demos auxílio emergencial para 68 milhões de pessoas. E as mulheres, mães, recebiam o dobro desse valor.

“Muita coisa foi aprovada, como programas do Pronampe [linha de crédito do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte], cuja iniciativa foi do então senador Jorginho Mello, atual governador do Estado de Santa Catarina. Também, mais para o final do ano, aprovamos o Bolsa Família. O governo anterior paga, em média, R$ 190. Nós pagamos R$ 600 com responsabilidade fiscal, com ajuda do Parlamento. Tendo em vista a inflação no mundo todo, aprovamos, não a redução, mas a total isenção total de combustíveis no Brasil.

“Em São Paulo, no final de 2022, a gasolina ficou abaixo de R$ 5 e o etanol ficou na casa dos R$ 2,50. Com esses ministros, como o João Roma, que está aqui, que cuidou dessa parte do social, nós fizemos o Brasil crescer. O Paulo Guedes foi um gigante na economia. Nós chegamos a crescer mais do que a China. Chegamos a ter em 2022 3 meses de deflação em nossa pátria. Chegamos no final do ano, depois daquela coisa que aconteceu em outubro de 2022. E vamos considerar isso uma página virada na nossa história, porque nós sabemos o que precisa ser feito para o futuro. Para que todos não tenham dúvidas da transparência daquilo que nós devemos ter. E em especial quando se elege um representante nosso.

“Terminamos 2022. Deixamos lá um saldo de R$ 54 bilhões. No ano passado, tivemos um deficit na casa dos R$ 180 bilhões. Mas a minha vinda aqui, como eu convidei vocês, e eu estou muito orgulhoso e grato de vocês terem aceito meu convite, que era para nós termos uma fotografia para o mundo. Uma imagem para o Brasil e para o mundo do que é a garra e a determinação do povo brasileiro. Essa fotografia está sendo inédita para todo o mundo. É uma amostra das cores da nossa bandeira. Do quanto nós nos emocionamos quando cantamos o Hino Nacional ou quando vemos hastear a nossa querida bandeira verde e amarela, azul e branca.

“Com isso, mostramos, com essa fotografia, que nós podemos até ver um time de futebol sem torcida ser campeão, mas, não conseguimos entender como existe um presidente sem o povo ao seu lado. Vocês nos trazem esperança, nos trazem a garra, nos trazem a certeza que temos como vencer. Nós não queremos o socialismo para o nosso Brasil. Nós não podemos admitir o comunismo em nosso meio. Nós não queremos ideologia de gênero para os nossos filhos. Nós queremos respeito à propriedade privada. Nós queremos o direito à defesa à própria vida. Nós queremos o respeito à vida desde a sua concepção. Nós não queremos a liberação das drogas em nosso país. Mas para isso nós devemos trabalhar todo dia dentro de casa, no trabalho, com os vizinhos e com os amigos.

“Nós sabemos, então, o que foi o período de 2019 a 2022. E estamos conhecendo agora como está difícil vencer nesse país, com o que nós temos a nos governar no momento. Em último assunto, que é de extrema importância. Levo pancada desde antes das eleições de 2018. Passei 4 anos perseguido também enquanto presidente da República. E essa perseguição aumentou a sua força quando deixei a Presidência da República. E deixo claro: na transição fizemos a mesma [coisa] sem qualquer reclamação por parte da esquerda.

“Saí do Brasil e essa perseguição não acabou. É joia. É a questão de importunação de baleia. É dinheiro que seria mandado para fora do Brasil. É tanta coisa que eles mesmos acabam trabalhando contra si. A penúltima agora: ‘Bolsonaro queria dar um golpe’. Isso, desde que assumi em 2019, já ouvia. E parte da imprensa sempre reverberava isso. O que é golpe? Golpe é tanque na rua. É arma. É conspiração. É trazer classes políticas para o seu lado, empresariais. Isso que é golpe. Nada disso foi feito no Brasil. E fora isso, por que ainda continuam me acusando de um golpe?

“Agora, o golpe é porque tem uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenham santa paciência. Golpe usando a Constituição. Deixo claro que estado de sítio começa com o presidente da República convocando os conselhos da República e da Defesa. Isso foi feito? Não. Apesar de não ser golpe o estado de sítio, não foi convocado ninguém dos conselhos da República e da Defesa para se tramar ou para se botar no papel a proposta do decreto do estado de sítio.

“O 2º passo do decreto do estado de sítio, após o presidente ouvir os conselhos, ele manda uma proposta para o Parlamento. E essa proposta é analisada pelo Parlamento. E é o Parlamento quem decide se o presidente pode ou não editar um decreto de estado de sítio. O estado de defesa é semelhante. Ou seja, agora quem entubar a todos nós que um golpe usando dispositivos da Constituição, cuja palavra final quem dá é o Parlamento brasileiro, estava em gestação. Creio que está explicada essa questão.

“Teria muito a falar. Tem gente que sabe o que eu falaria. Mas eu busco, [governador Ronaldo] Caiado, é a pacificação. É passar uma borracha no passado. É buscar maneiras de nós vivermos em paz. É não continuarmos sobressaltados. É por parte do Parlamento brasileiro, Nikolas [Ferreira], [Gustavo] Gayer, [Luciano] Zucco, [Marco] Feliciano, meus colegas aqui do lado. É [por] uma anistia para que eles pobres coitados que estão presos em Brasília. Nós não queremos mais que seus filhos sejam órfãos de pais vivos. Há conciliação. Nós já anistiamos no passado quem fez barbaridade no Brasil.

“Agora, nós pedimos a todos os 513 deputados e 81 senadores, um projeto de anistia para que seja feita justiça em nosso Brasil. E quem, porventura depredou o patrimônio, que nós não concordamos com isso, que pague. Mas essas penas fogem ao mínimo da razoabilidade. Nós não podemos entender o que levou poucas pessoas a apelarem tão drasticamente. Esses pobres coitados que estavam lá no 8 de Janeiro de 2023.

“A defesa que eu queria já fiz para vocês. Essa fotografia vai rodar o mundo, tenho certeza disso. E após esse pronunciamento, nós pedimos a Deus que ilumine a todos, até aqueles poucos ou raros que não gostamos. Para que voltem a pensar com o coração, com a razão. Para que possamos fazer com que nosso Brasil prossiga na sua marcha. Agora temos eleições municipais, vamos caprichar no voto, em especial, para vereadores e prefeitos também. E nos preparemos para 2026. O futuro a Deus pertence.

“Nós sabemos o que deve ser feito no futuro para que o Brasil tenha um presidente que tenha Deus no coração, que ame a sua bandeira, que se emocione quando canta o hino nacional. Que respeite a família brasileira e que ame, de verdade, o seu povo. Vocês são os responsáveis por mim e pelo Tarcísio estarmos aqui. Nós somos privilegiados. Se bem que, no momento, ele, porque eu não tenho mandato. Porque nós podemos decidir o futuro de todos vocês.

“Também quero dizer que nós não podemos concordar que um poder tire do palco político quem quer que seja. A não ser que seja por um motivo extremamente justo. Não podemos pensar em ganhar as eleições afastando os opositores do cenário político. Então, a todos vocês, meus irmãos e minhas irmãs, meus amigos, eu quero agradecer a vocês. Agradecer a nossa Polícia Militar que está fazendo o trabalho de segurança. Uma salva de palmas para a Polícia Militar. Nossos irmãos, que oferecem a sua vida pela nossa vida, merecem todo nosso respeito e consideração. Também a Polícia Civil que está por aqui e a Guarda Metropolitana do [prefeito] Ricardo Nunes que está se fazendo presente aqui.

“Quero dizer para vocês que nós homens não vamos a lugar nenhum se você não tiver uma família estruturada. Se não tiver alguém do seu lado, que reconheça os momentos difíceis e lute por você. As perseguições que falamos há pouco continuam. Inclusive, contra a nossa filha que tem apenas 13 anos de idade. Então, todo homem tem que ter do seu lado alguém que some. Assim como toda mulher deve ter ao seu lado alguém que some, para que esses momentos difíceis possam ser superados. E hoje, não é por mim. Por coincidência, meu pai faleceu exatamente com minha idade, 68 anos. Tenho, hoje, 68 anos. Estou ultrapassando o tempo que meu pai viveu. E eu tenho uma boa memória, com toda a sua truculência, com toda a sua maneira de educar seus filhos, mas ele está no meu coração. E o que eu quero e que mais peço a Deus é que continue no coração de vocês o meu trabalho. A minha dedicação nada mais é do que servir a minha pátria e a todos vocês.

“Muito obrigado, povo do Brasil. Muito obrigado, homens e mulheres desse Brasil fantástico e maravilhoso. Nós pedimos a Deus que nos dê forças para trabalhar, para persistir e vencer. Não há vencedores ou vencidos. Todos nós seremos vencedores se a paz de Deus reinar sobre o coração de cada um de nós. Muito obrigada, [avenida] Paulista, muito obrigado, São Paulo, muito obrigado, Brasil.

“Brasil acima de tudo e Deus acima de todos. Um até breve. Um beijo nas mulheres e um abraço nos homens”.

Poder 360

Opinião dos leitores

  1. Já reservamos seu quarto e banheiro coletivo. O Presídio é quase uma colônia de férias. Deixa de moído aí fora e vem pras quatro paredes de nosso presídio.

  2. Não vi e nem ouvi o posicionamento dele sobre o impeachment de Lula que já possui 140 assinaturas da oposição. E aí?

  3. passou 4 anos no poder e só o que fazia era passear de jetsky, motociata paga com nossos impostos…. detonou a saúde e a educação. Não fez a reforma penal. Os filhos sequer tocam no assunto. Quer ser eleito de novo pra quê??

  4. Ontem foi uma das maiores demonstrações de popularidade popular dada por Bolsonaro, na Av, Paulista em São Paulo, Bolsonaro demonstrou mais uma vez, a sua pujança , segurança e amor ao povo brasileiro, falou do começo da sua vida, quando enfrentou pela primeira vez a eleição para vereador, e depois para deputado Federal, que mesmo sem dinheiro, enfrentou os poderosos, e permaneceu 28 anos na Câmara Federal. Depois falou a sua esposa, demonstrando muita segurança e inteligência, será se a analfabeta ,mulher de Lula, a Janja, teria essa inteligência e segurança de falar para mais de 2000,00 de pessoas? acho que ela não tem essa segurança.

  5. Como é patético e risível, pessoas que votam e defendem o maior ladrão da história do Brasil, isso provado de acordo com a justiça, aí ficam adjetivando quem vota numa pessoa que defende a pauta da maioria das pessoas que acreditam que é o básico para um país que goze de democracia, liberdade para todos, direitos fundamentais de acordo com a constituição, e ainda se acham acima dos outros que discordam de suas ideologias, haja paciência.

  6. Os Janjoloides surtaram ontem ao vê tanta gente na paulista, eles querem dividir na marra o título de ex-presidiário e não conseguem kkk….

  7. Contando os dias para chamá-lo de presidiário.
    Quer tremer de medo? Então escuta: xandaaaAaaoooo

    15 a 20 anos viu…

    1. Pois não é !! O cara que mais roubou, petrobras, mensalão , o dinheirão que os senadores e deputados . Um mar de corrupção , apartamentos e fazendas, sítios ,Jbs deu tanto de dinheiro para ele, e o povo ainda lota os lugares , e ainda mandou matar um tal de Celso Daniel, por isso o Grande Xandão taí.

  8. Cadê o ex ministro de Bolsonaro, Fábio Faria?? Não veio a Natal em dezembro recepciona-lo e muito menos pra avenida Paulista. É o homem não é mais presidente…

  9. Kkkkkkkkk
    Cabra mentiroso !!
    E ainda tem idiota que vai nessa conversa!
    Isso não passa de um canalha, covarde, pilantra!
    Não falou coisa com coisa, pior que matéria paga porque nem um dscurso ele sabe elaborar!
    Só falou besteira, pois é só o que ele sabe evacuar pela boca.
    Quanto aos golpistas do 08 de janeiro, aquela ruma de VAGABUNDOS, DESORDEIROS, CADEIA NELES !!
    Era pra perguntar ao “capitão” onde ele estava quando os vândalos estavam cumprindo o plano!!
    Kkkkkkkk

    1. Ser tem PROJETO DE JORNALISTA que POSTA EM BLOG, tem quem ACREDITE NO QUE E ESCRITO. até parece que o CHEFE DA SEITA BOLSONARISTA não fez nada de errado, só GOVERNOU e muito bem o PAIS. Quantas ESCOLA CRIADA, HOSPITAIS, ESTRADAS RECUPERADAS, INVESTIMENTOS NO PAÍS, PRESÍDIOS FEDERAIS E ETC. POSTE AI PROJETO DE JORNALISTA O QUE SEU MITO O MESSIAS fez nos 4 anos.

  10. Não é brincadeira!!
    Uma multidão desse tamanho
    presente e nada de baderna, nada de quebra quebra, nada de tumulto, o que prova que as verdadeiras pessoas de verde e amarelo, não estão aí pra bagunçar.
    Acho que Isso desmonta todas as narrativas do que ouve em Brasília, uma tentativa de golpe militar.
    Moral da história, tem gente preso e condenado a 17 anos de cadeia.
    Prenderam muitas pessoas erradas, de uma lapada só mais de 1.200 pessoas.
    Que justiça complicada de entender essa nossa.

    1. É só assistir aos vídeos do dia 08/01, né? R$ 30 milhoes de prejuízo provocado pelos canarinhos.

  11. Falou muito, mas falou mer…
    Vai pagar centavo por centavo das rachadinhas, vida por vida perdida pelos crimes cometidos dura te a pandemia, pelos itens roubafos, pela tentativa de golpe de Estado e por aí vai… competirá com Gilberto Cabral nos anos somados de pena.

    1. O Lula? Sim, fala e faz muita merda mesmo, assim como os eleitores dele!

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