Minutos depois das 17h, o plenário da Câmara dos Deputados registrou a presença de 342 deputados, o número mínimo para que se inicie o processo de votação de denúncia contra o presidente Michel Temer.
Assim que o número foi atingido, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, encerrou a votação de um requerimento que pedia a retirada da denúncia de pauta e deu início ao processo de votação, com as falas de líderes contra e a favor da denúncia.
Minutos depois de iniciada a votação, parlamentares de oposição, que estavam evitando registrar presença na tentativa de que o quórum não fosse atingido, entraram no plenário, que em poucos minutos já tinha mais de 370 deputados.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou hoje (28) que “com certeza” a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) será votada em plenário até o dia 23 de outubro.
Maia deu a declaração após se reunir, pela segunda vez nesta semana, com a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia. Ele, no entanto, voltou a negar que o tema tenha sido discutido no encontro.
Ontem (27), o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), descartou que a denúncia seja fatiada, com votações separadas para presidente e ministros. Ele acrescentou que está encontrando “dificuldades” para escolher um relator.
Denúncia
Na denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Temer é acusado de tentar obstruir a Justiça e liderar organização criminosa.
Na peça, o ex-procurador-geral Rodrigo Janot, que deixou o cargo no último dia 17, sustenta que o presidente e os ministros Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil e Moreira Franco, da Secretaria-geral da Presidência, ambos do PMDB, foram os responsáveis por liderar esquema de corrupção envolvendo integrantes do partido na Câmara, com o objetivo de obter vantagens indevidas em órgãos da administração pública.
A defesa de Michel Temer contestou as acusações e apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedido para que a denúncia fosse devolvida à PGR. Mas o plenário da Corte decidiu encaminhar a denúncia para a Câmara, à qual cabe autorizar ou não o prosseguimento da investigação na Justiça.
Tasso Jereissati dá entrevista após a reunião da cúpula do PSDB em São Paulo sobre saída dos tucanos do governo Temer – Marcos Alves / Agência O Globo
Após reunir a bancada, o líder do PSDB, deputado Ricardo Tripoli (SP), decidiu que irá orientar o voto pela aceitação da denúncia por corrupção contra Michel Temer, que deve ser votada hoje em plenário. Segundo o líder tucano, a bancada será liberada para votar como quiser, mas a orientação seguirá o desejo da maioria: contra o governo.
— Vamos orientar a favor da denúncia. É o que a bancada quer— disse Tripoli ao GLOBO.
Pelas contas internas, dos 46 deputados tucanos, cerca de 26 devem votar contra o governo e portanto pela aceitação da denúncia. O partido é um dos principais aliados de Temer e conta com quatro ministérios, inclusive o da articulação política, a Secretaria de Governo, nas mãos de Antonio Imbassahy. Ele e o ministro das Cidades, o deputado tucano Bruno Araújo, foram licenciados para votar a favor do governo.
A orientação do líder do partido será contra o relatório de outro tucano. Coube ao deputado Paulo Abi-ackel (PSDB-MG) relatar um parecer contra a denúncia, já que o parecer favorável, do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ), foi derrotado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), no último dia 13 de julho, numa etapa anterior à votação do caso no plenário.
Sem graça, Abi-ackel preferiu não comentar a decisão de Tripoli. Interrompido pela reportagem ao postar vídeo de sua fala no púlpito do plenário para a família no celular, Abi-ackel foi sucinto:
— Prefiro não comentar agora. Vamos aguardar, parece que ele vai orientar contra (seu parecer), mas vai liberar a bancada — comentou ao GLOBO.
A reunião da bancada acontecia enquanto Abi-ackel lia seu relatório favorável ao governo no plenário. A decisão de orientar pela aceitação da denúncia causou reações negativas entre os que permanecem defendendo o governo dentro do partido.
— Fica ruim para o partido. O partido está dividido e me parece que o Tripoli não está cumprindo a função de líder de um partido dividido. Ele não está correspondendo aos que votaram nele para liderar a bancada. Ele deveria simplesmente liberar a bancada, e não manifestar sua posição pessoal — disse um deputado tucano, pedindo reserva.
Vinculado à Polícia Federal (PF), o laudo do Instituto Nacional de Criminalística confirmou o ponto central do diálogo entre o presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista, um dos donos do frigorífico JBS, no qual se debate a realização de pagamentos “todo mês” ao deputado cassado Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara. Além disso, outras descobertas foram feitas durante a perícia, que constatou não ter havido qualquer adulteração e que as 294 interrupções identificadas se devem às características do aparelho. Confira abaixo os novos trechos.
‘O EDUARDO TAMBÉM, NÉ?’
A transcrição do diálogo mostra que Temer questiona Joesley sobre Eduardo Cunha. Ainda revela que o presidente alertou sobre obstrução à Justiça.
No encontro, Joesley disse a Temer que não podia encontrar com o ex-ministro Geddel Vieira Lima, próximo a Temer, porque ele passou a ser investigado. Segundo as frases reveladas pelo relatório, Temer alerta que poderia “parecer obstrução de Justiça” e a situação era “perigosíssima”.
Na sequência, Joesley fala que está “de bem com o Eduardo”, que seria, segundo os investigadores, o ex-deputado Eduardo Cunha. Temer responde, então, “tem que manter isso, viu?”, e ouviu Joesley dizer: “todo mês”. A frase havia sido interpretada pelo perito Ricardo Molina, contratado pela defesa de Temer, como “todo meio”. O relatório da PF mostra que o presidente questionou Joesley em seguida: “O Eduardo também, né?” E o empresário confirmou: “Também”.
Joesley: Como é que tá, como é que o senhor tá nessa situação toda aí, Eduardo, num sei o quê, Lava-Jato…
Temer: O Eduardo resolveu me fustigar, né? Você viu que…
Joesley: Eu não sei. Como é que tá essa relação?
Temer: Não, tá… Ele veio (ininteligível)… Tem nada a ver com a defesa (ininteligível). Moro indeferiu vinte e uma perguntas dele que não tinha nada a ver com a defesa dele.
Joesley: Hum, pois é.
Temer: Era pra me entrudar. Eu não fiz nada. E no Supremo Tribunal Federal (ininteligível)
Joesley: Eu queria falar assim, como tá aqui na (ininteligível). Fiz o máximo que deu ali, zerei tudo. O que tinha de alguma pendencia daqui pra ali zerou, tal…
Temer: (Ininteligível) tudo.
Joesley: (Ininteligível) Liquidou tudo e ele foi firme em cima, ele já tava la, veio, cobrou, tal, tal, tal, eu, (ininteligível) pronto. Acelerei o passo e…
Temer: É…
Joesley: Tirei da frente. O outro menino, companheiro dele que tá aqui, né?
Temer: (lninteligivel).
Joesley: Que… Que tá aí, que o Geddel sempre tava…
Temer: O Lúcio tá aí?
Joesley: (lninteligível) Não, não (ininteligível)
Temer: (Ininteligivel).
Joesley: Isso, isso …
Temer: (Ininteligivel).
Joesley: Geddel é que andava sempre ali.
Temer: (Ininteligivel)
Joesley: Mas com o Geddel tam bém com esse negócio eu perdi o contato porque ele virou investigado. Agora eu não posso também…
Temer: É complicado, é complicado.
Joesley: Eu não posso encontrar ele.
Temer: É porque (inaudível) parecer obstrução de Justiça, viu?
Joesley: Isso, isso, isso, isso.
Temer: Perigosíssima essa situação.
Joesley: Negócio dos vazamento (sic)…
Joesley: O telefone lá do Eduardo, com Geddel, volta e meia citava alguma coisa meio tangenciando a nós, a não sei o quê… Eu tô lá me defendendo. Como é que eu … O que que eu mais ou menos dei conta de fazer até agora. Eu tô… Tô de bem com o Eduardo.
Temer: Muito bem.
Joesley: É…
Temer: Tem que manter isso, viu? (ininteligível)
Joesley: (ininteligível) Todo mês…
Temer: O Eduardo também, né?
Joesley: Também.
Temer: É…
Joesley: Eu tô segurando as pontas, tô indo.
Joesley: É.
LOURES COMO INTERMEDIÁRIO
Na transcrição do áudio periciado, o presidente também confirma a Joesley o papel do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, assessor especial do presidente e preso na carceragem da PF, como intermediário entre governo e grupo J&F.
Na conversa, Joesley questiona Temer sobre qual seria a melhor forma de entrar em contato come ele. O empresário pergunta: “É o Rodrigo”?, e Temer confirma.
Num momento da conversa, o presidente diz “pode passar por meio dele, viu?” e acrescenta que Rocha Loures é de sua “estrita confiança”. Após a conversa, o então deputado federal foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil.
Joesley: Pra mim falar contigo qual é a melhor maneira … porque eu vinha falando através do Geddel, através …
Michel Temer: (lninteligível, fala sobreposta).
Joesley: Eu não vou lhe incomodar, evidente, se não for algo assim…
Michel Temer: (lninteligível) as pessoas ficam…
(Descontinuidade 116 em 00: 16: I 0.240).
Michel Temer: Sabe como é que é…
Joesley: Eu sei disso, por isso é que …
Michel Temer: (lninteligível) um pouco.
(Descontinuidade 117 em 00:16:13.939).
Joesley: É o Rodrigo?
Michel Temer: O Rodrigo.
(Ruído tipico de atrito do dispositivo de captação de áudio decorrentes de movimentação).
Joesley: Ah, então ótimo.
(Descontinuidade 118 em 00:16:17.256).
Michel Temer: (lninteligível)
(Descontinuidade 119 em 00:16:18.404).
Michel Temer: (lninteligivel) pode passar por meio dele, viu?
Joesley: (lninteligível).
(Descontinuidade 120 em 00:16:20.634).
Michel Temer: Da minha mais estrita confiança.
Joesley: Tá.
‘BEM DE CORPO!’
Depois de confessar que não conseguiu ficar morando no Palácio da Alvorada, Temer elogiou a forma física do dono da JBS.
— (…) Mas você tá bem de corpo, não é Joesley?
— Tô bem. Deixa eu pegar (ininteligível).
Joesley explica ao curioso presidente que está fazendo reeducação alimentar.
— Emagreci, to bem.
— Você emagreceu — confirma Temer.
— Emagreci.
— Preciso fazer isso — completa o presidente.
— É. Eu … eu to me alimentando bem. Comendo mais saudável. Mas não é comendo pouco não. Tô comendo bastante. Mas, coisa mais saudável.
— Entendi — comenta Temer.
— Menos, menos doce. Menos industrializado — explica Joesley
O presidente pergunta se ele está sendo orientado por nutricionista e Joesley confirma.
Pouco antes de falarem sobre dieta saudável, Temer e Joesley falam sobre a fracassada tentativa do presidente de morar no Alvorada. Temer confessa que lá teve dificuldade de dormir. O mesmo ocorreu com sua esposa Marcela. Para a PF, Temer chega a comentar que teria fantasma lá.
— Eu fiquei uma semana lá, aquilo é um horror — admite Temer.
A transcrição da gravação incluída no relatório final da Polícia Federal no inquérito que investigou o presidente Temer mostra ainda que a entrada de Joesley no Jaburu foi feita sem registro. O empresário relata isso ao presidente que concorda com o método extra-oficial de entrada na residência oficial.
— Eu passei a placa do carro — conta Joesley, referindo-se a ter informado por telefone a identificação de seu veículo para o ex-deputado Rocha Loures.
— Eu sei, sei — diz Temer
— … fui chegando, eles abriram, nem dei meu nome. (…) eles viram a placa do carro, abriram, eu entrei, entrei aqui na garagem.
NADA DE IMPARCIALIDADE! O QUE SE ENTENDE POR INAUDÍVEL E ININTELIGÍVEL?????? POVO TODO ANAFABETO???? SIM SEI!!!! ERA PRA PEDIR PRA SAIR, POIS A CARREIRA, AINDA QUE VELHO JÁ ACABOU!!! XAU !!!!
Quem era Joesley e a JBS antes do governo de Lula? Quanto Lula e Dilma autorizaram ser emprestado ao grupo J&F dos irmãos Batistas? Algum ser vivo com 1% de raciocínio lógico sabe que o compromisso dos Batistas é com a volta de Lula e do PT ao poder, nem que isso custe a desgraça do BRASIL.
Se uniram a JANOT (inimigo de Temer) e a FACHIN ministro que teve a JBS como seu braço eleitoral no senado para vaga no STF. Alguém tem dúvida quanto a tudo que vem sendo armado para tirar Temer?
Aberta a sessão palhaçada. O circo está armado.
Agora chegaram num acordo… $$$$$$$$$